Nesta semana um animal com o vírus foi encontrado em um condomínio no Bairro Tiradentes
O aparecimento de morcegos tem causado preocupação entre os campo-grandenses. Em 2024, 541 morcegos com suspeita de raiva foram recolhidos em Campo Grande, contudo, apenas seis deles foram diagnosticados com a doença. Mesmo com animais testando positivo, não foi registrado nenhum caso de humano que contraiu a doença.
Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), os agentes do CCZ ( Centro de Controle de Zoonoses) estão fazendo visitas para vacinação contra a raiva desde maio, com objetivo de imunizar 80% dos cães e gatos da Capital. Contudo, até agora menos de 50% foram vacinados. Conforme a nota, 48% dos imóveis visitados estavam fechados.
A raiva é uma doença viral transmitida para os seres humanos através de mordidas, arranhaduras ou lambeduras de animais mamíferos contaminados. Atualmente, em Campo Grande, o principal transmissor da doença é o morcego, o que preocupa os especialistas, pois é um mamífero que voa e que pode, quando está doente, cair ou ficar desorientado dentro de um imóvel e é um risco para a população.
“Os hospedeiros são todos os mamíferos que são acometidos por ele. E ele tem uma distribuição mundial e varia muito de uma região para outra em quantidade de casos. Hoje, dentro do ciclo de transmissão da doença, o morcego é o principal transmissor, principalmente na nossa região de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, que não tem casos da variante que a gente chama variante 1, que é aquela raiva agressiva clássica que a gente via até meados do século XX. Hoje é o principal dia de transmissão através da mordedura”, revela Cláudia Macedo, coordenadora do CCZ.
O último caso registrado na Capital foi no dia 15 de dezembro, quando um morcego infectado com raiva foi encontrado em um condomínio no Bairro Tiradentes. O resultado positivo para a doença saiu na quarta-feira (18). De acordo com a Sesau, a orientação caso um morcego apareça no imóvel é mantê-lo isolado e acionar o CCZ para recolher o animal.
“Coloca algum objeto em cima, se ele tiver caído, uma caixa, um balde, um pano, se ele estiver desorientado, tenta fechar o cômodo que ele tiver e liga para o CCZ imediatamente. Com a ligação, nós iremos o mais rápido possível para recolher esse animal, que ele é uma prioridade para nós na vigilância da raiva. E sempre vacinar os animais domésticos”, recomenda Claúdia Macedo.
Campo Grande conta com o CRS (Centro Regional de Saúde) Nova Bahia que é a unidade referência para os acidentes graves dentro do município, tanto para a rede pública quanto para a privada. Além disso, o Hospital Universitário é referência no tratamento.
“Nós que vivemos nas portas do Pantanal, temos muito contato com animais silvestres, sejam os macacos, sejam os morcegos e demais animais que podem ter o vírus e esse vírus muitas vezes pode não causar nada no cão, mas nos animais silvestres isso pode não acontecer. E qualquer tipo de acidente, um animal entrou na sua casa, um morcego entrou na sua casa, vamos tomar as medidas, nós temos o nosso CCZ e temos todas as orientações pertinentes. E se você teve qualquer tipo de acidente com um animal desconhecido, gato ou cachorro, procure as nossas unidades de pronto atendimento”, pontua a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite.
Fim da raiva humana
A SES (Secretaria Estadual de Saúde) tem como meta para 2026 erradicar casos de raiva humana pela variante canina no Estado. Dentro do estudo, a Capital vem trazendo resultados positivos, como o número baixo de animais testados positivos. Além de Mato Grosso do Sul, a ideia de acabar com a raiva tem uma comoção mundial, coordenada pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que prevê até 2030 o fim dos casos de raiva humana.
Nos últimos 14 anos, foram registrados no mundo 48 casos de raiva humana entre 2010 e 2024. Em Campo Grande, não há histórico da doença desde 1968, ou seja, há quase 60 anos. Ressaltando que a doença é extremamente perigosa, que provoca encefalite aguda grave e tem letalidade próxima a 100% se não for realizada a profilaxia pós-exposição no tempo oportuno.
Por Inez Nazirae Thays Schneider
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