Esses e outros fatores foram temas que levaram o setor a se reunir com Eduardo Riedel nesta segunda-feira
A pecuária representa cerca de 759,82 bilhões de reais no PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio brasileiro, conforme apontam dados da Cepea/Esalq/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Valores que apesar de terem impacto positivo na economia, no campo, outra realidade tem preocupado os pecuaristas sul-mato-grossenses. Um deles é a redução de área de pastagem e queda no peso do rebanho bovino. Essa combinação de fatores foram temas que levaram o setor a se reunir com o governador do Estado, Eduardo Riedel.
Representantes do setor pecuário de Mato Grosso do Sul e, o pecuarista e presidente da ASSOCON (Associação Nacional dos Confinadores), Maurício Velloso estiveram presentes, no encontro nesta última segunda-feira (25). Segundo Velloso, o quilo do bezerro desmamado caiu de 260 quilos, registrados em 2022, para 178 quilos em novembro deste ano, refletindo em um resultado de 46,07% na perda de peso.
“A pecuária do Mato Grosso do Sul tem uma história muito interessante, durante muitos anos ela foi modelo em qualidade. Tanto no acabamento das carcaças produzidas aqui, quanto na evolução dos quilos dos bezerros desmamados que chegou em 2022, até próximo de 260 quilos a média da desmama. O último índice obtido de novembro de 2024, são de assustadores 178 quilos”, explicou Velloso, durante entrevista ao jornal O Estado.
Essa redução de peso demonstra claramente o afastamento dos criadores em relação às tecnologias de produção de um bezerro de melhor qualidade, segundo esclareceu o presidente da Assocon. Alinhados com o uso da tecnologia, como o confinamento, garantiria para o rebanho um cuidado que envolve uma suplementação, boa dieta de pasto para esses animais, e para suas mães, que são as responsáveis por essa desmama.
Junto com isso, outro dado tem assustado os pecuaristas e representantes da pecuária: a redução acentuada das áreas de pastagens em Mato Grosso do Sul. “Com uma redução por volta de 21% do total, mais de um quinto da área de pastagem do Estado e notadamente pastagens dedicadas à área de cria. Tudo indica que a fase de cria foi a mais atingida”, frisa Velloso.
Solução: Unidades de confinamento
O presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Guilherme Bumlai, afirmou que o setor foi solicitar apoio estadual, para que possa ter mais incentivos de novas unidades de confinamento em Mato Grosso do Sul. “O animal oriundo de confinamento tem sido um produto importante através da padronização dos animais que são encaminhados ao frigorífico, e é uma tendência a nível mundial a terminação de animais confinados. E entendemos que aqui no Mato Grosso do Sul tem um grande espaço para que possamos aumentar o número de confinamentos e consequentemente de animais terminados nesse sistema”, concluiu.
Ainda de acordo com os apontamentos de Velloso, o setor obrserva na outra ponta – a indústria frigorífica – vem trabalhando com uma ociosidade em torno de 40%, e além de também da capacidade de confinamentos instalados em MS. ” E ao mesmo tempo a gente vê um ingresso bastante significativo de gado de fora do estado, até agora, em 2024, por volta de 360 mil cabeças. Percebemos também que quando vai para a outra ponta, ela está trabalhando com uma ociosidade muito grande, ao redor de 40%. E a capacidade instalada de confinamentos no estado com uma ociosidade por volta de 60%”, calcula.
Por isso, o grupo defende a integração dos esforços privados e governamentais no sentido de fomentar uma pecuária mais intensiva e que faça frente a essa nova realidade de demanda mundial e de demanda de mercado interno. Velloso classificou ainda que o estado de MS, está à frente de uma oportunidade única com o canal de exportação pelo Oceano Pacífico. “E isso oferece ao Mato Grosso do Sul uma característica muito competitiva de exportação não apenas de todos os produtos aqui gerados, mas fundamentalmente a carne para exportação e justamente para os melhores mercados do mundo, com um custo de transporte muito inferior”, ressalta.
Esse aumento nas exportações, são impulsionados principalmente através da prática de cria, recria, engorda, e terminação em confinamento. “Então, fomos conversar, mostrar para o governador como que esses desafios, como esses gargalos que estão se apresentando no estado, demonstrando um descompasso entre a cria, a recria e a engorda e a necessidade premente de procurar um maior estímulo à atividade de confinamento”, destacou.
Segundo Velloso, toda essa associação das tecnologias disponíveis customizadas para a realidade de cada produtor são fundamentais, e poderiam se tornar um programa estadual.
“Quando falo em programa estadual, não falo em obrigatoriedade de ações, mas, um programa que dá visibilidade às tecnologias que tendem a garantir uma melhor margem, e lucratividade, seja num ciclo de alto, ou ciclo de baixo. E todas elas visando, fundamentalmente, que o Estado consiga cumprir seu histórico de melhor produtor de carcaças terminadas do Brasil. Isso não pode ser perdido, foi uma conquista fabulosa que o Estado alcançou e que vem se perdendo frente a competição com algumas outras atividades agrícolas”, finalizou.
Por Suzi Jarde