Trabalhadores protestam contra a jornada 6×1 e pedem apoio à PEC que reduz carga horária

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Na manhã desta sexta-feira (15), feriado nacional, trabalhadores se reuniram em uma manifestação na praça Ary Coelho, no centro de Campo Grande, para protestar contra a jornada de trabalho 6×1 e exigir o apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília. O ato, que contou com a presença de trabalhadores de diversas categorias, busca sensibilizar a população e os parlamentares sobre os impactos da atual jornada de trabalho sobre a vida pessoal e a saúde dos trabalhadores.

A PEC em questão propõe uma mudança significativa na legislação trabalhista, visando reduzir a carga horária semanal de 44 para 40 horas, com a substituição da jornada 6×1 (seis dias de trabalho e um de descanso) pela jornada 4×3 (quatro dias de trabalho e três de descanso). A proposta já conta com o apoio de 194 deputados, superando as 171 assinaturas necessárias para sua continuidade no Congresso.

Foto: Nilson Figueiredo

Entre os manifestantes, estava Murilo Henrique, de 20 anos, que trabalha como atendente de uma rede de lanchonetes. Ele destacou como a jornada 6×1 impacta sua vida pessoal, limitando seu tempo para estudar e se divertir com amigos e familiares. “Tira meu tempo de poder fazer outras coisas, como estudar ou poder me divertir com a minha família e amigos. Se for aprovada, eu vou ter muito mais tempo, porque é muito cansativo, principalmente na madrugada”, afirmou Murilo.

O presidente do diretório do PT em Mato Grosso do Sul, Agamenon do Prado, também participou da manifestação e destacou que a mudança na jornada de trabalho poderia contribuir para a criação de novas vagas de emprego. “Nós sabemos que o mundo tem dificuldade de geração de emprego, e acho que com a redução de jornada, vai abrir a possibilidade de abrir novas vagas de emprego. Esse discurso de que a empresa vai falir é algo bem antigo”, defendeu Agamenon.

A jornada 6×1 tem um impacto ainda maior sobre as mulheres, que, além do trabalho remunerado, precisam conciliar as responsabilidades domésticas e o cuidado com os filhos. A professora universitária Bartolina Ramalho, de 62 anos, destacou como as mulheres do comércio, que trabalham seis dias por semana, sofrem com a falta de tempo para lazer e para cuidar da própria saúde. “Mulheres do comércio, por exemplo, trabalham seis dias na semana e ainda precisam cuidar da casa, dos filhos, e quase não têm tempo para lazer. A falta do lazer tem adoecido essas famílias. Uma mulher cansada, estressada, sem tempo para si, adoecida, adoece toda a família”, afirmou Bartolina.

A assessora parlamentar Alice Leal também se manifestou durante o protesto, afirmando que a luta contra a jornada 6×1 é essencial para garantir mais qualidade de vida aos trabalhadores. “Qualquer jornada que não maltrate o trabalhador é importante para melhorar o desempenho dos trabalhadores”, disse Alice.

A PEC, que busca reduzir a jornada de trabalho para 40 horas semanais e adotar a jornada 4×3, tem apoio de diversos trabalhadores e organizações. O projeto é resultado de um esforço coletivo, com quase 800 mil brasileiros e brasileiras que assinaram petições em apoio à proposta, evidenciando o apoio da sociedade à mudança. O texto da PEC de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) já conta com ampla adesão no Congresso e, se aprovada, poderá modificar substancialmente a legislação trabalhista no país.

A proposta ainda precisa passar pelo Senado e ser sancionada pelo presidente para ser incorporada à Constituição Brasileira. O movimento continua ganhando força, e os trabalhadores esperam que sua luta resulte em uma legislação mais justa, que permita mais tempo para a vida pessoal e para o bem-estar de todos.

 

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