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Desde julho, Mato Grosso do Sul enfrenta níveis de chuva abaixo da média

Pesquisa nacional reforça que 2023 foi o ano mais quente para os rios do planeta em três décadas

Desde o início do segundo semestre, registram-se chuvas abaixo da média histórica em Mato Grosso do Sul. Dos 45 municípios analisados, 31 cidades apresentaram precipitação abaixo do esperado, de acordo com dados do Cemtec (Centro de Monitoramento de Tempo). Agravante para a área urbana, bem como para a região pantaneira, a OMM (Organização Meteorológica Mundial) revela que 2023 foi confirmado como o ano mais seco para os rios do planeta nas últimas três décadas.

Em Iguatemi, observaram-se 86 mm de chuva acumulada em julho, o que representa 58% abaixo da média histórica. Já em Porto Murtinho, registraram-se 17,6 mm, e a baixa foi de 49% em agosto. Com o registro de 12 mm, Corumbá chegou a 71% abaixo do esperado para setembro. Nos últimos meses, o Jornal O Estado informou sobre os rios sul-mato-grossenses que sofrem com a intensa estiagem. No início de setembro, o nível do rio Paraguai recuou 25 cm negativos, conforme a medida da régua na Marinha do Brasil. De acordo com um levantamento baseado nos dados do Imasul, foi possível observar que a média que o rio Paraguai perde por dia é de 2 cm (dados podem ser encontrados na publicação de 1º de outubro).

Conforme o documento divulgado por uma agência vinculada à ONU (Organização das Nações Unidas) nesta segunda-feira (7), revelou-se que o aquecimento global, em associação a fenômenos climáticos naturais, como a transição de La Niña para El Niño em meados do ano, colaborou para a ocorrência de eventos hidrológicos extremos. O ano passado foi também o segundo consecutivo em que todas as regiões glaciais do mundo perderam gelo. O relatório evidencia que as mudanças climáticas vêm tornando os ciclos hidrológicos mais erráticos, contribuindo para muitos prejuízos às populações e ecossistemas.

Segundo a pesquisa, mais de 3,6 bilhões de pessoas têm acesso inadequado à água por pelo menos um mês durante o ano. A projeção é de que esse número suba para 5 bilhões até 2050. Enquanto em muitas áreas do planeta houve secas intensas e reduções de chuvas, outras áreas sofreram com inundações e precipitações acima da média. “Água é o ‘canário na mina de carvão’ das mudanças climáticas. Recebemos sinais de alerta na forma de chuvas cada vez mais extremas, inundações e secas que causam um pesado impacto em vidas, ecossistemas e economias. O derretimento de geleiras ameaça a segurança hídrica de longo prazo para milhões de pessoas. E, ainda assim, não estamos tomando as ações urgentes necessárias”, alertou, em reportagem, a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo.

Combate a incêndios e luta para driblar vento e calor 

O Boletim emitido pelo Governo do Estado ontem (7) indica que os brigadistas de Mato Grosso do Sul estão tendo dificuldade em apagar, de vez, o fogo em algumas regiões do Estado. Na parte norte e no Pantanal, os termômetros marcaram em média 40°C, aliadas com as rajadas de vento em torno dos 35km/h e a umidade relativa do ar em 20%. Tudo isso tem fomentado o retorno dos focos de calor.

Na Região dos Paiaguás, um foco próximo à Fazenda Poleiro Grande continua ativo e a equipe segue realizando o combate. Na região de Anastácio, um novo foco de calor foi identificado. Na região entre Maracaju e Nioaque, um foco de calor sofreu reignição, um grande foco de incêndio foi identificado na fronteira com a Bolívia. Devido às condições adversas, como a intensidade e a direção do vento, parte das chamas se deslocou para o Brasil, afetando a região da Serra do Amolar.

Tempestade pode chegar ao Estado 

A previsão desta semana indica mudanças no tempo devido à influência de uma área de baixa pressão atmosférica, aliada ao intenso transporte de calor e umidade, e também um vórtice em médios níveis da atmosfera que deverão favorecer aumento de nebulosidade e condições para chuvas. Podem ocorrer tempestades acompanhadas de raios, rajadas de vento e, pontualmente, queda de granizo. De acordo com o meteorologista Natálio Abrahão, a virada do tempo acontece a partir de amanhã (9).

Nesta terça-feira (8), será de predomínio de sol, variação de nebulosidade aliada ao tempo quente e seco. São previstas altas temperaturas com valores entre 38-44°C, aliadas a baixos índices de umidade relativa do ar, entre 7-30%. Na quarta-feira (9) e quinta-feira (10), a previsão indica tempo mais instável, com aumento de nebulosidade e probabilidade para chuvas mais significativas, com acumulados acima de 30 mm em 24 horas.

“A partir de amanhã (9), uma nova frente fria avança pelo sul do Estado e enfraquece o bloqueio atmosférico que está há 14 dias impedindo chuvas no Mato Grosso do Sul. Pela noite, as condições de tempo mudam com aumento de nuvens, ventos fortes acima de 80km/h, com trovoadas e raios, entre as cidades de Dourados, Ponta Porã e Amambai. Pode chover também com ventos fortes em Rio brilhante, Campo Grande, Naviraí e Bonito e muitos outros municípios do sul do estado”, destaca Natálio Abrahão.

Em relação às temperaturas, são previstas mínimas entre 19-23°C e máximas entre 24-31°C para as regiões sul, leste e sudeste do estado. Nas regiões pantaneira e sudoeste, esperam-se mínimas entre 22-27°C e máximas entre 27-36°C. Já nas regiões do bolsão e norte são esperadas mínimas entre 22-25°C e máximas entre 34-36°C. Em Campo Grande, mínimas entre 23-25°C e máximas entre 28-33°C. Os ventos atuam entre o quadrante norte e oeste com valores entre 40-60 km/h e, pontualmente, podem ocorrer rajadas de vento acima de 60 km/h.

Por Ana Cavalcante e Inez Nazira

 

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