Universidade é a primeira no país entre as federais a ter um mercado voltado a agricultura familiar no campus
Foi realizada na manhã desta segunda-feira, 30, a inauguração do Mercado Escola da UFMS. Trata-se de um centro de estudos e comercialização da produção orgânica e agroecológica da agricultura familiar de Mato Grosso do Sul, localizado próximo ao Ginásio Moreninho, na Cidade Universitária. A estrutura é composta por laboratórios e salas para formação e orientação para as boas práticas e um pátio externo coberto.
O reitor Marcelo Turine enfatizou a importância do espaço para toda a comunidade e o ineditismo da iniciativa. “A proposta é trazer ciência, tecnologia e inovação junto com os produtores, ajudar na orientação, formação e no processo de comercialização. É um grande parque tecnológico que vai orientar e, ao mesmo tempo, ajudar a sociedade a consumir produtos de mais qualidade. Estou muito feliz de ver nossos pesquisadores, estudantes e professores, se envolverem neste projeto que é inovador. No Brasil, não existe nenhuma universidade federal que tenha dentro de sua estrutura um mercado da agricultura familiar, um Mercado Escola de produção. Então, é uma inovação e acredito que tendo sucesso, como vai ter, poderemos fazer essa boa prática em todas as universidades federais”, apontou.
Para a vice-reitora Camila Ítavo, o Mercado Escola irá iluminar muitas pessoas, projetos e sonhos. “Poderemos qualificar os produtos e processos, mas acima de tudo qualificar as pessoas, para que sejam protagonistas de sua própria história e também trazer isso aos nossos estudantes. Todos os cursos terão atuação no Mercado Escola, temos os técnicos e professores que atuam nas mais diversas áreas da agricultura familiar, em diferentes áreas de conhecimento, que irão auxiliar desde a produção, até a certificação e comercialização, e teremos então uma sociedade mais capaz, mais empoderada, com excelentes produtos aqui. Acima de tudo, quem ganha é a sociedade e também nossa comunidade acadêmica”, destacou.
O pró-reitor de Extensão, Cultura e Esporte, Marcelo Fernandes, agradeceu a todos os produtores que estiveram junto à Feira Agroecológica; à técnica aposentada, Mirian Aveiro, que esteve à frente da iniciativa por muitos anos; e à gestão. “A gente como gestor, enxerga muitas demandas, mas as que vêm organizadas conseguem se plasmar em um projeto e depois em uma realização. E isso temos aqui, essa organização dos produtores que apresentaram a demanda junto com a Miriam, e temos a sensibilidade dos gestores. Parabenizo a todos que olharam o projeto e viram o futuro. Tivemos percalços, mas a insistência e tenacidade do reitor para entregar esse espaço é inacreditável, então queria agradecer muito por esta entrega”.
A professora da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia e coordenadora do Mercado Escola, Aline Gomes da Silva, contou que quando recebeu a missão de coordenar o projeto, buscou entender sua história. “Quando fui entendendo percebi três palavras já citadas aqui: sonho, alegria e inovação. Meu trabalho aqui é tentar realizar o sonho daqueles que sonharam o Mercado Escola, para isso vamos tentar trazer os movimentos sociais, diversos órgãos dos governos municipal e estadual, para que seja a casa de todo mundo. Queremos aqui construir um modelo de gestão inovador e que, por ser tão inovador e resolver problemas reais, possa depois ser multiplicado no país todo”, desejou.
Sobre a participação dos estudantes, a professora explicou que poderão atuar em ações como o auxílio no desenvolvimento dos produtos, nos laboratórios inaugurados no espaço; no auxílio contábil e jurídico, entre outros. “Eles poderão atuar na extensão que iremos oferecer aos produtores e, ainda, criaremos um edital que permitirá que os estudantes que produzem alguma coisa possam também participar aqui do Mercado Escola”, revelou.
A técnica-administrativa aposentada Mirian Aveiro, que esteve à frente da iniciativa, lembrou a história da realização, desde a demanda da agricultura familiar por um espaço até a criação da Feira Agroecológica na Cidade Universitária, o surgimento de novas demandas a partir do excedente da produção e das necessidades da comunidade por alimentos mais saudáveis. “O projeto do Mercado Escola iniciou em 2016 com apoio da bancada federal e a cessão, pela UFMS, de meio hectare para a realização desse sonho. O objetivo é ser não somente espaço de comercialização, mas ser diferencial, trazer qualificação, conhecimento, crescimento e inovação para a agricultura familiar, é aqui onde surgirão demandas para que a academia possa trabalhar, favorecendo a todos os que estão carentes desse apoio, para que tenhamos a segurança alimentar garantida”, afirmou.
“Quando trazemos a história dessa construção, passa pela nossa mente e coração a participação dos movimentos sociais em tudo isso. Sou egressa da UFMS, da primeira turma da Licenciatura em Educação do Campo, sou dos movimentos sociais e estar aqui hoje é uma honra. Inauguramos o espaço da agricultura familiar, sabendo que nossas famílias do campo, das aldeias, assentamentos, territórios quilombolas, famílias que estão em torno de Campo Grande, poderão trazer para cá produtos saudáveis. Ter a referência dentro da Universidade é muito importante, parabéns a todas e todos os envolvidos”, falou a superintendente federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Marina Ricardo Amorim Viana.
O deputado federal Vander Loubet, que destinou emendas parlamentares ao projeto, agradeceu a todos que apoiaram a iniciativa e reforçou a importância dos investimentos nas instituições de ensino superior. “Tudo passa pelas universidades, quero terminar meu mandato daqui a dois anos, fazendo com que, se não todos, a maioria dos nossos parlamentares possam investir nas nossas universidades com emendas de bancada. […] Isso aqui é um sonho. Estou muito feliz, esse parque tecnológico aberto permitirá levar ao pequeno produtor tecnologia e inovação e com os laboratórios permitirá também ao estudante aperfeiçoar seus conhecimentos. É a UFMS indo à sociedade. Isso aqui não existe em lugar nenhum no Brasil, tenho certeza que será referência para as outras universidades de todos os estados”, afirmou.
O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, lembrou que a agricultura familiar está dentro do plano estratégico do desenvolvimento de Mato Grosso do Sul. “Esse espaço é um espaço dinâmico, quando falamos em Mercado Escola falamos em ação dinâmica, afirmamos que todos os professores e estudantes a partir daqui vão desenvolver, pensar novos modelos, estabelecer estruturas de comercialização mais sofisticadas, estabelecer mecanismos para a rentabilidade. […] É a grande estrutura que precisamos para nosso Estado”, declarou.
“O que nós precisamos para avançar são três coisas: organização da nossa cadeia produtiva, disciplina e tecnologia. O dia que nós conseguirmos fazer isso no Brasil, nós alimentamos o mundo”, enfatizou o diretor-presidente da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural, Washington Willeman de Souza. Em seu discurso, ele ainda destacou o Mercado Escola como espaço estratégico para o desenvolvimento econômico do Estado. “Tudo isso converte para que a gente tenha uma agricultura familiar pujante, alimentos de qualidade, um uso racional das nossas águas, solo, floresta, e que traga renda e dignidade para os nossos produtores”, complementou.
O diretor-presidente da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado, Márcio de Araújo Pereira, citou o edital voltado à extensão para a agricultura familiar e destacou a alegria da inauguração. “Esse espaço é um sonho e olhar esse sonho que se realiza nos traz emoção, os produtores precisam desse espaço, do acompanhamento da Universidade, do olhar para quem produz. Esse agro nosso é diverso e vocês são parte fundamental dele. Feliz de estar aqui hoje e poder falar que a ciência, tecnologia e inovação estão a favor de todos, para o crescimento conjunto”, disse.
Representando os produtores, a comerciante Maria Eronita do Nascimento expressou a importância dos conhecimentos e da convivência no local. “Participo do projeto já há dez anos, me sinto feliz e completa aqui, encontro meus amigos, as professoras queridas e os estudantes, conviver com os jovens é muito bom. Aqui aprendi o financeiro, não sabia mexer com nada. […] Estava esperando ansiosamente por esse espaço, nós todos estávamos precisando, estou me sentindo realizada”, finalizou.
Com informações da UFMS.
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