Governo de MS cita transparência e leva a urgência de medidas para conter conflitos indígenas ao STF

Área de conflito Antonio João

Secretário de Segurança cita envolvimento de facções criminosas paraguaias interessadas na exploração de maconha

O secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, expôs que a morte do indígena Guarani Kaiowá, durante ação policial na Fazenda Barra, em Antônio João, é um conflito instaurado por facções criminosas paraguaias. Na presença de outras autoridades da segurança e do governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), durante reunião nesta quarta-feira (18), foi informado que a intenção dos criminosos é escoar a produção de maconha pelas fazendas e terras indígenas da região.

Segundo divulgado pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), o corpo do jovem, identificado como Neri Guarani Kaiowá, teria sido levado para uma região de mata. A ação teria começado ainda durante a madrugada e seguido pela manhã. Além do jovem morto, uma mulher também foi atingida em uma perna.

Foto: João Garrigó

O governador convocou a imprensa para explicar o que aconteceu na propriedade. “No compromisso de transparência absoluta com a sociedade como um todo, a gente pediu que vocês viessem aqui, porque eu vim para poder me informar a respeito da situação”, garantiu Riedel.

De acordo com as autoridades de Segurança Pública do Estado, a situação já se arrasta há mais de um ano, com a ordem judicial para que a Polícia Militar faça o policiamento ostensivo dentro da área. Porém, a situação está se acirrando nos últimos dias, onde até a ponte, que passava sobre um pequeno rio na divisa, foi queimada.

“Nós estamos ali na região de Fronteira, com um rio pequeno, facilmente transponível.Do lado, no Paraguai, tem diversas plantações de maconha. Então, há um interesse de facções criminosas que exploram o tráfico de drogas nesta região. A disputa não é apenas por terra, mas porque essa propriedade está estrategicamente posicionada para escoar a grande produção [de maconha] para toda essa região. Tem como destino grandes centros através de aldeias. De aldeia em aldeia até chegar próximo de Campo Grande, Dourados, e aí ter acesso aos maiores centros consumidores”, explica Videira.

Com isso, os proprietários da Fazenda Barra estão isolados na sede e o governo sul-mato-grossense trabalha na tentativa de identificar o jovem morto, para saber se é brasileiro ou paraguaio.

“Isso tudo está em um relatório robusto, que será apresentado para as autoridades em Brasília, nesta quinta-feira (19). A gente lamenta o episódio profundamente. Tudo que a gente não queria era que isso acontecesse. Ontem, conversei muito com a procuradora da Funai daqui, para que a gente conseguisse evitar confrontos, mas infelizmente fugiu do controle e nós queremos, de agora para frente, que se gerencie a crise para que não tenhamos mais nenhuma morte”, garantiu o secretário de Segurança.

A decisão judicial foi ampliada para aumento do policiamento, que garanta a segurança dos proprietários e eles consigam transitar dentro da propriedade. “Nós temos hoje aproximadamente 100 militares lá, policiais militares do Batalhão Tático da região, também duas equipes do DOF [Departamento de Operações de Fronteira] e Batalhão de Choque. E vamos manter porque estamos cumprindo a ordem judicial”, termina Videira.

Reunião no STF
Como adiantou o secretário, a reunião para tratar sobre esse conflito deve acontecer com o ministro do STF Gilmar Mendes, na tarde desta quinta-feira (19), com possibilidade de participação do  ministro da Casa Civil, Rui Costa, e do ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Ricardo Lewandowski.

É importante destacar que a propriedade está localizada na região da Terra Indígena Nhanderu Marangatu. Segundo o Cimi, desde agosto do ano passado, o STF reconheceu uma ADPF ( Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) sobre a escalada de violência por lá. Entre as propostas levadas ao STF pela ADPF, a Apib pede que “seja concedida uma medida cautelar e que a secretaria de segurança pública elabore um plano de enfrentamento à violência”.

Por Kamila Alcântara e Inez Nazira

 

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