O evento contará com 24 horas de oficinas, abertas a participantes a partir dos 13 anos, sem custo
O cinema, desde seus primórdios com os Irmãos Lumière, sempre teve um caráter democrático, com exibições realizadas em praças e ruas das cidades. Buscando perpetuar essa tradição e ampliar o acesso ao cinema em suas diversas formas artísticas, o Cineclube Macaco da Noite está promovendo uma série de eventos cinematográficos em Corumbá.
No dia 12 de setembro, o cineclube iniciará com a exibição de quatro curtas-metragens, que servirão como introdução para uma série de oficinas de cinema programadas para os dias 13, 14 e 15 do mesmo mês. Esses eventos visam não apenas proporcionar entretenimento, mas também oferecer oportunidades de aprendizado e prática no universo cinematográfico.
O projeto oferece a oportunidade para os moradores da cidade se aprofundarem na produção audiovisual. As oficinas proporcionarão aos participantes uma experiência prática completa, cobrindo desde a criação de roteiros até a edição de vídeos com celulares. As atividades ocorrerão na Beneficência Portuguesa, no centro da cidade, e visam revitalizar a paixão local pelo cinema, que já teve um papel de destaque na história da região.
A oficina de três dias, com uma carga horária total de 24 horas, é destinada a jovens e adultos a partir de 13 anos. Ministrada por Cátia Santos, proprietária da Caleidoscópio Soluções Multimídia, uma renomada professora, produtora cultural e facilitadora de cinema, a oficina permitirá que 30 participantes aprendam a criar roteiros, filmar e editar vídeos utilizando exclusivamente celulares.
Corumbá, berço do cinema brasileiro
Idealizado por Bianca Machado, o Cineclube Macaco da Noite, iniciativa da Companhia de Teatro Maria Mole e membro do Conselho Nacional de Cineclubes (CNC), tem se destacado por sua constante promoção do cinema na comunidade local. O projeto surge da experiência acumulada com atividades culturais como a Boemia Cultural e aulas para ribeirinhos, onde o cinema sempre esteve presente. Utilizando um data show em 14 de abril de 2022, a companhia exibiu filmes para crianças e adultos, fomentando o interesse pela sétima arte. Desde sua estreia, o cineclube realizou nove exibições, atraindo uma média de 100 espectadores por evento.
Juntando-se a Flora Mourão e Virginia Ly e a ideia de formalizar um cineclube ganhou força a partir das exibições realizadas no Saraguapé, espaço do Aguapé Permacultura, onde a equipe começou a compartilhar filmes com amigos e discutir sobre cinema. Esse processo culminou na decisão de transformar essas atividades informais em um cineclube aberto ao público, com o objetivo de proporcionar um espaço democrático e acessível para todos os interessados na arte cinematográfica.
“Acreditamos que Corumbá tem uma vocação natural para a arte, especialmente para o cinema. Temos um público muito engajado, composto por amigos e conhecidos, e isso tem funcionado muito bem. Nosso objetivo agora é expandir essa experiência para toda a cidade”, afirmou para a reportagem a idealizadora do projeto Bianca.
A história cinematográfica de Corumbá é rica e notável, com a cidade tendo sido o local da primeira exibição de cinematógrafo do Brasil em 1903. Além disso, Corumbá e Ladário, cidade vizinha, foram centros de cinema com mais de 15 salas ao longo dos anos. Atualmente, essas cidades enfrentam a ausência de salas de exibição, o que faz das oficinas e do cineclube uma iniciativa ainda mais relevante.
“Queremos estabelecer uma tradição: realizar exibições de cinema uma vez por mês. A ideia é criar um evento regular onde as pessoas possam ir ao cinema, encontrar outras pessoas, comer pipoca, e, acima de tudo, falar e ver cinema. É uma forma de proporcionar à comunidade um momento especial dedicado à sétima arte”, destacou Bianca.
O Cineclube Macaco da Noite tem recebido uma excelente cobertura da imprensa, mas está ampliando seus esforços para alcançar um público ainda maior. A equipe do cineclube está agora visitando escolas, com o objetivo de integrar o cinema ao ambiente educacional. Recentemente, realizaram uma atividade no Moinho Cultural, que foi muito bem-sucedida.
A intenção é fazer com que mais pessoas conheçam e se envolvam com o universo cinematográfico. Para isso, o cineclube está planejando uma campanha de divulgação nas escolas e está solicitando aos diretores que ofereçam presença aos alunos que participarem das atividades na sexta-feira. O objetivo é atingir o maior número possível de pessoas e tornar o cinema acessível a todos.
Flora Mourão, uma das proponentes do projeto, acredita que as oficinas terão um impacto profundo na comunidade. “As oficinas serão uma experiência transformadora. Será um momento em que os participantes poderão definir temas, escrever roteiros, filmar e editar em grupo. É uma oportunidade para todos aprenderem e crescerem juntos, além de reviver a paixão pelo cinema na nossa cidade”, destaca Flora.
No final deste ano, o projeto está em andamento as negociações para o festival de curtas-metragens “Curtas MS”. O evento, que terá exibições em escolas da região, ainda está em fase de negociação, mas as perspectivas são positivas. A expectativa é que o festival seja realizado com sucesso, com a formalização dos acordos pendentes para as instituições de ensino.
Além disso, está prevista a expansão do festival Curta Campo Grande para o Cine Clube Macaco da Noite, ainda em 2024, durante o festival de novembro. A proposta visa ampliar a oferta cultural e alcançar um público mais amplo.
Programação
O evento é cuidadosamente planejado para oferecer a melhor experiência possível aos participantes. Futuramente, as exibições do cineclube serão realizadas todas as quintas-feiras durante a fase da lua nova. Essa escolha estratégica visa evitar a competição com o brilho da lua cheia, que anteriormente ofuscava as projeções ao ar livre. A fase da lua nova, com seu brilho reduzido, proporciona uma condição ideal para a apreciação do cinema sob o céu noturno.
No dia 12 de setembro, a exibição dos curtas-metragens incluirá produções como “Ninguém Lhe Estenderá a Mão”, de Deivison Pedrê; “Cordilheira de Amora II”, de Jamille Fortunato; “The Beginning”, de Alexandre Basso; e “A Casa das Sete Portas”, de Bianca Machado. A mostra começará às 19h no Hotel Virgínia e servirá como uma prévia do que está por vir nas oficinas.
As oficinas serão divididas em três dias de atividades práticas e teóricas que aconteceram sempre na Casa de Memória Beneficência Portuguesa, na Rua Antônio João, 320, Centro de Corumbá (MS).
Dia 1 – 13/9: Introdução e Criação
* Conceitos básicos de linguagem audiovisual, incluindo imagem, som, movimento e montagem.
* Análise de filmes e vídeos para entender suas técnicas e estilos.
* Exercícios práticos de criação de imagens e sons, estimulando a expressão emocional através do audiovisual.
Dia 2 – 14/9: Técnicas de Captação e Montagem
* Aprendizagem sobre técnicas de captação de imagem, incluindo câmera, iluminação e enquadramento.
* Técnicas de captação de som, com foco em microfones, gravação e edição.
* Gravação de imagens e sons, seguida de montagem de vídeos curtos utilizando os materiais capturados pelos participantes.
Dia 3 – 15/9: Produção e Apresentação
* Princípios e técnicas de montagem audiovisual.
* Processo completo de produção de um vídeo, desde a criação do roteiro até a pós-produção.
* Produção de um vídeo completo com base no roteiro desenvolvido pelos participantes.
* Apresentação dos vídeos produzidos e premiação dos melhores trabalhos.
Inscrições e Participação
A oficina é voltada para jovens e adultos a partir de 13 anos e concede um certificado de participação aos que concluírem o curso. Durante as atividades, os participantes receberão lanches oferecidos pelos organizadores. Com apenas 30 vagas disponíveis, os interessados devem se inscrever rapidamente para garantir sua participação.
As inscrições foram abertas ontem (9), e podem ser realizadas por meio do formulário disponível na bio do Instagram do Cineclube Macaco da Noite (@macacodanoite_cineclube). É necessário que os participantes possuam um celular para acompanhar as atividades.
O projeto do cineclube foi contemplado no Edital da Lei Paulo Gustavo, com recursos do Ministério da Cultura e apoio da Fundação da Cultura e do Patrimônio Histórico de Corumbá.
Por Amanda Ferreira
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