“É satisfatório trabalhar ao lado do meu pai, aprendo com ele todo dia”, diz filha de comerciante
Além das dificuldades no setor, os comerciantes Cezar Nogueira e Paulo Sérgio têm outro ponto em comum: ambos criaram os filhos “debaixo do balcão”, conciliando o atendimento com a clientela e a missão de dar uma boa educação a eles. Foi observando seu pai trabalhar desde pequena que Gabriela Paula, filha do Paulo, aprendeu sua primeira profissão e conheceu o amor pelo comércio. Em mais um domingo celebrando o Dia dos Pais, o empreendedor e açougueiro recorda sobre a profissão que é repassada de geração em geração.
“Aprendi a trabalhar no açougue ainda na infância com meu pai, assim também, desde que a Gabriela nasceu e passou a me acompanhar no trabalho acabou apreendendo a profissão, a como lidar o cliente. Ela é formada em Educação Física, já trabalhou como professora, mas o amor pelo comércio trouxe ela de volta. E eu tenho o prazer de trabalhar com a minha filha, costumo dizer que o cordão umbilical dela está amarrado com o pai”, brinca o açougueiro Paulo Sérgio de 59 anos.
Juntos pai e filha tocam há 18 anos o açougue no interior do Mercadão Municipal de Campo Grande, especializado em cortes de carne suína. Hoje aos 32 anos, Gabriela compartilha os momentos bons e ruins que passou ao lado do pai trabalhando no comércio da capital, e superando os desafios de empreenderem em parceria. “É satisfatório trabalhar ao lado do meu pai, aprendo com ele todo dia. Lembro que quando criança só desgrudava do meu pai na hora de ir para escola, fui criada ali debaixo do balcão do açougue. Lugar de onde via ele atendendo os clientes e com o tempo passei a ajudar e fui tomando gosto. Agora tem mais uma geração que é minha filha que me acompanha quando não está estudando”,.
Apesar das dificuldades que todo empresário passa, com os altos encargos cobrados, Paulo Sérgio relata que já pensou em desistir do ramo, mas que o apoio da filha sempre foi essencial para que não deixasse o legado acabar. “Tem horas que cansa, as cobranças e taxações o pequeno empresário é bastante penalizado. E isso às vezes desanima o comerciante, sem contar que às vezes a gente nem tira férias direito. Mas eu não posso parar, senão vou viver do que? É nesses momentos difíceis, de desânimo ela sempre me ajuda”, reforça o comerciante sobre a relação com a filha.
Admirando toda trajetória que a empreendedora já trilhou ao lado do seu maior professor, como diz ela, Gabriela descreve o legado que o pai representa para ela. “Ele é meu exemplo de honestidade, força, amor e união. Ele é um grande homem de caráter exemplar. Tenho muito orgulho de tê-lo como meu pai é meu exemplo de ser humano. Trabalho com ele não por falta de opção, mas por amor, através dele despertei meu amor pelas vendas e pelo ramo da carne. Atender as pessoas com carinho e até acabamos nos tornando amigos dos clientes. Me sinto privilegiada de poder trabalhar com meu pai e poder estar ao lado dele, pois além de meu pai ele é meu grande amigo”, frisa emocionada a filha única do senhor Paulo.
Filho de comerciante
Só quem criou os filhos no mesmo ambiente de trabalho sabe o quão atribulado se torna a rotina, entretanto ao mesmo tempo ganha o privilégio de poder acompanhar os primeiros passos dos pequenos. Há 38 anos, o comerciante Cezar Nogueira fundava sua óptica e relojoaria Seiko, localizada em uma das ruas que é o coração da Cidade Morena – a rua 14 de julho. Nesse ambiente ao lado de sua esposa, Rosângela Padilha Nogueira, eles criaram seus filhos, William Cezar, atualmente com 27 anos, e Victor Nogueira de 22 anos.
“Os dois nasceram aqui dentro da loja, aqui é de onde saia e sai nosso sustento e foi o lugar onde eles cresceram e aprenderam a profissão. Costumo dizer que filho de comerciante não tem choro, quando não estavam na escola estavam aqui comigo na loja. E hoje ainda trabalham comigo, com uma menor frequência porque agora eles já são criados e tem suas próprias escolhas e profissões, mas vira e mexe estão aqui na loja ajudando. Quando eu e minha esposa precisamos viajar, são eles que cuidam da loja e todo atendimento”, destaca o comerciante.
Ainda conforme compartilhou Nogueira, além da tarefa difícil de empreender outro desafio que o comerciante que trabalha com seus filhos é separar o profissional da figura paterna. “Tem seus desafios porque separar o papel de patrão do papel de pai é uma tarefa difícil, tem que ter muita conversa. Mas graças a Deus os meus sempre foram muitos obedientes. E nós nunca impedimos nossos filhos de escolherem outra profissão e levantar seus próprios voos, mas obrigatoriamente eles aprenderam a profissão do pai. Quando eu preciso me ausentar eles sabem administrar tudo aqui parece até que nunca saíram da loja”, ressalta o comerciante.
Quem contribui e observa de perto essa relação de pai e filhos, é a dona Rosângela mãe e empresária no ramo do comércio, que hoje olhando para trás reforça a fala do marido sobre as dificuldades de criar os filhos e conciliar o trabalho. “Independente da profissão dos pais, criar os filhos não é fácil, mas criar eles trabalhando no comércio tem sim muitas dificuldades. Eu lembro de quando eu estava grávida do caçula e tendo que cuidar do Willian (primeiro filho), e ainda assim vinha trabalhar na loja todos os dias. Quando eles eram crianças aqui mesmo na loja a gente dava banho, trocava fraldas, eles comiam aqui, era tudo aqui. E tudo isso ao mesmo tempo atendendo o público”, continua.
“E hoje tenho orgulho de ver que eles aprenderam uma profissão, e que nós como pais conseguimos passar essa tarefa para eles mesmo com toda dificuldade. E hoje cada um tem sua faculdade, mas também sabem exercer o ofício dos pais”, finaliza a comerciante.
Por Suzi Jarde
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