Viva Helena Meirelles!

(Fotos: Reprodução)
(Fotos: Reprodução)

Violeira é um dos maiores tesouros para a cultura e música de MS

Nascida Campo Grande, em 13 de agosto de 1924, mas ‘enraizada’ em Bataguassu, quando o local ainda nem era município, Helena Pereira Meirelles cresceu no meio de peões, comitivas e violeiros. A nossa dama da viola era fascinada pelas violas caipiras e aprendeu ainda criança, as escondidas da família, que não permitia o instrumento. Se estivesse viva, completaria 100 anos este ano.

Como era de praxe da sociedade da época, aos 17 anos casou-se por imposição dos pais, mas abandonou o marido e juntou-se a um paraguaio que tocava violão e violino. Entretanto, o novo amor também não durou no coração de Helena, que até então era tomado pela paixão pela música (e nem os filhos foram poupados, já que a musicista os deixou com pais adotivos).

Mistério

Uma das histórias que envolve Helena Meirelles é de seu desaparecimento, por 30 anos. Ela foi encontrada por uma irmã, que a levou para São Paulo, onde foi ‘descoberta’ pela mídia, por meio de uma matéria da revista norte-americana ‘Guitar Player’, que rasgou elogios ao talento da sul-mato-grossense.

Após isso, ela se apresentou pela primeira vez em um teatro, aos 67 anos, e gravou discos. Em 1993, foi escolhida pela Guitar Player como uma das “100 mais” por sua atuação nas violas de 6, 8, 10 e 12 cordas. Sua música é reconhecida em Mato Grosso do Sul como uma expressão das raízes e da cultura regional. Helena faleceu aos 81 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória decorrente de pneumonia crônica.

Homenagem

Para celebrar os 100 anos do legado único de Helena Meirelles, o governo do Estado promove uma série de eventos, com programação diversa e gratuita. A programação inclui sessão solene na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), exposição historiográfica no MIS (Museu da Imagem e do Som), apresentações musicais e de um projeto de artes visuais contemplado pelo FIC (Fundo de Investimentos Culturais), além do 3º Festival da Canção das Escolas Estaduais – Prêmio Helena Meirelles 100 anos.

A Coordenadora da Concha Acústica Helena Meirelles, Wanda Brito, ressalta a importância de divulgar a história de Helena, principalmente para as novas gerações. “As pessoas precisam conhecer mais sobre Helena Meirelles, especialmente os jovens. Muitos não sabem quem ela foi, descobrindo apenas após seu prêmio na revista norte-americana ‘Guitar Player’. Queremos mostrar um pouco dessa história e valorizar seu legado”.

Uma das atrações é a Exposição historiográfica – 100 anos da Grande Dama da Viola, realizada na próxima quarta-feira (14), no Museu da Imagem e do Som, em Campo Grande. Segundo Brito, a exposição será um compilado de alguns fatos mais importantes da vida da artista, com recuperação de fotos e matérias jornalisticas. “Há poucos registros da vida da Dona Helena, muito por conta da dificuldade da vida que ela tinha e também por não ter a facilidade que hoje temos de fotografar e gravar. Sendo assim, fizemos algumas pesquisas de matérias e também com pessoas que conviveram com ela. Reunimos algumas matérias de jornais, de maior influência e alcance, com relatos da importância artística dela”, explicou a coordenadora ao jornal O Estado. “As fotos, também foram pesquisadas e selecionadas através da disponibilidade de arquivos. Algumas foram gentilmente cedidas por fotógrafos, como o Daniel De Granville, por exemplo”, complementa.

Ainda conforme a coordenadora, as homenagens ainda contaram com o auxilio do fotografo Bolívar Porto, Carlos Luz para os arquivos fonográficos, o artista visual Kelton Medeiros e a produtora Aniela Paes, e o próprio sobrinho de Dona Helena, Mário Araujo, com depoimentos e ricas histórias sobre.

Um destaque da grade de programação é a exposição do artista visual Kelton Medeiros. Responsável por diversos lambe-lambes (tipo de pôster e cartaz colado nas paredes) de Dona Helena em Campo Grande, o artista já levou uma exposição especial sobre ela para São Paulo, sobre seu centenário, onde também é possível encontrar seus característicos cartazes com o rosto da violeira.

“Como nossa intenção não é a do ineditismo de material, nós focamos em selecionar o que há de melhor disponível na mídia e celebrar a grandeza dessa artista, que ainda é pouco conhecida principalmente pelos mais jovens e em nosso Estado”, finaliza.

O secretário de Estado de Turismo, Esporte e Cultura, Marcelo Miranda, também comentou sobre a celebração. “Comemorar o centenário de Helena Meirelles é uma maneira de honrar nossa cultura e história. A violeira é um símbolo da riqueza cultural de Mato Grosso do Sul e, ao celebrarmos sua vida e obra, reforçamos a identidade do nosso estado”.

Eduardo Mendes, diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, destaca o impacto cultural do evento. “O centenário de Helena Meirelles é uma oportunidade única para celebrar a rica herança musical de Mato Grosso do Sul. Ao homenagearmos sua trajetória, inspiramos novos talentos e mantemos viva a tradição da viola caipira”.

Também em homenagem a Dona Helena, os músicos Jerry Espíndola, Marcelo Ribeiro e Raphael Viral se unem para lançar, no dia 13 também, uma música especial, com muita emoção, para lembrar do legado inestimável da artista.

Confira a programação completa:

Terça-feira (13) – 19h

Assembleia Legislativa de MS – Plenário “Deputado Júlio Maia” – Sessão Solene em homenagem ao Centenário de Helena Meirelles e entrega das Comendas de Honra (Traje: passeio).

Quarta-feira (14) – 19h

Museu da Imagem e do Som (MIS) – Exposição historiográfica – 100 Anos da Grande Dama da Viola.

Quinta-feira (15) – Concha Acústica Helena Meirelles

18h:

Apresentação do Quarteto Instrumental Prelúdio. Maestro Eduardo Martinelli com participação especial da violeira Elizeth Gonçalves(Corumbá, MS).

19h:

Projeto contemplado pelo FIC “Centenário Helena Meirelles – A Lenda da Viola”, do artista visual Kelton Medeiros.

Sexta-feira (16) – 16h

Concha Acústica Helena Meirelles – III Festival da Canção das Escolas Estaduais (SED – MS) – Prêmio Helena Meirelles 100 Anos.

 

Por Carolina Rampi 

 

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