Com a chegada do frio, varejo está preocupado com queima de estoque

Marcos Maluf
Marcos Maluf

Em pesquisa da CDL-CG, 80% dos varejistas afirmam estarem cautelosos em adquirir mais itens

Na 3ª semana de abril, o frio chegou a Campo Grande e, com ele, trouxe também movimentação para o setor varejista. No centro da Capital, comerciantes tiraram os agasalhos e itens de inverno do estoque para venda. No entanto, com uma cidade conhecida por ter um inverno breve, uma pesquisa da CDL-CG (Câmara dos Dirigentes Lojistas) revelou que dentre 193 varejistas do ramo de vestuário, 80% pontuaram estarem com estoque alto, a considerar que não tivemos um inverno rigoroso em Mato Grosso do Sul em 2023.

Segundo o presidente da CDL-CG (Câmara de Dirigentes Lojistas), Adelaido Vila, a consequência da falta de baixas temperaturas afetaram as vendas, que para este ano, contam com uma expectativa mais positiva sobre o inverno. “Alguns já compraram novas coleções e tudo mais. Mas, a ideia, é queimar o estoque do ano passado, que está bem alto. Houve pouco investimento por parte desses varejistas na compra de novo estoque, porque a pretensão é realmente queimar o estoque do ano passado, que não teve um inverno rigoroso na nossa região”, pontuou o presidente.

Ainda de acordo com Vila, existe uma expectativa para que esse ano seja um pouco mais frio e por isso a visão para 2024 é positiva para os comerciantes locais. “A consequência é que eles possam vender mais e principalmente queimar esse estoque para o consumidor. isso é muito positivo, né, porque ele vai encontrar preços mais interessantes, né, para poder consumir. Existe uma preocupação hoje bem significativa quanto ao poder de compra do nosso consumidor.

Outro ponto essencial da questão, é o poder de compra do consumidor reduzido em razão da alta inflação. Dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram que o poder de compra do brasileiro reduziu 5% em dez anos. Para Vila, isso impacta diretamente na questão dos investimentos em compra de roupas e sapatos. “O nosso consumidor está sem crédito. O crédito está caro e por conta disso, a economia fica estagnada. Estamos vivendo um ano onde as pessoas estão consumindo apenas alimentos e não estão conseguindo fazer grandes investimentos ou até investimentos médios na compra de roupas, sapatos e outros objetos e isso paralisa muito a nossa economia”, argumentou o presidente da CDL-CG.

Na contramão

A proprietária da loja Mila, Rosana Martins Ferreira, 58, argumenta que nesta semana as vendas de itens de frio já sentiram uma melhora. Há 30 anos no ramo de venda de roupas, ela explica que sempre começa a se preparar para as baixas temperaturas em março. “Já investi esse ano sim, pois acredito que temos que estar com bastante estoque logo no início do frio, pois é quando as pessoas mais compram. Eu invisto bastante nos primeiros meses, pois sempre vende. Depois de maio, eu já sou mais cautelosa nas compras, para não ficar com estoque, mas nesse primeiro momento eu sempre invisto”, argumenta a proprietária da loja Mila.

Neste ano, Ferreira conta com um incremento de 15% em razão do frio. Com o passar dos anos, a comerciante pontua a mudança de público. Hoje, seu público é voltado para senhoras, uma faixa etária que é bastante visual, que gosta de sentir, tocar e provar o produto. “As vendas dependem do que você coloca para vender e o preço. Eu estou apostando em blusas básicas e com preço muito bom, o que me leva acreditar em um aumento nas minhas vendas em pelo menos 15 % a mais que no ano passado. Minha loja é muito visual, do cliente que gosta de chegar na loja e provar a roupa, e não comprar pela internet, pois eu tenho muitos clientes antigos, e muitos clientes do interior”, esclarece a comerciante.

Por Julisandy Ferreira

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