Empoderamento indígena passa pelo esporte

Ao lado, disputa nos Jogos Indígenas, da Capital; abaixo, no Jopoin, em Aquidauana - Foto: Prefeitura/Divulgação
Ao lado, disputa nos Jogos Indígenas, da Capital; abaixo, no Jopoin, em Aquidauana - Foto: Prefeitura/Divulgação

Diversas etnias indígenas se reúnem anualmente para celebrar suas tradições através de festas e eventos esportivos. Entre as atividades praticadas, destacam-se modalidades como cabo-de-guerra, corrida de toras, bola de borracha com cabeça, arco-e-flecha, canoagem e zarabatana.

Esses eventos não apenas promovem a integração entre as comunidades, mas também mantêm vivas as tradições ancestrais. Apesar disso, a exposição sobre a cultura indígena, especialmente no que diz respeito aos seus esportes tradicionais, ainda é escassa.

Na aldeia urbana Marçal de Souza, em Campo Grande, a prática esportiva é uma realidade, com destaque para o futebol. “Além de proporcionar benefícios físicos e mentais, é uma ferramenta poderosa para preservar e fortalecer as tradições culturais das comunidades indígenas”, ressalta Josias Jordão Ramirez, cacique da aldeia.

“Essa resistência cultural e esportiva é fundamental para a preservação da identidade indígena e para o reconhecimento de seus direitos como cidadãos brasileiros. Enquanto a luta por mais visibilidade e respeito continua, os esportes indígenas permanecem como uma expressão viva da rica diversidade cultural do Brasil.”, reforça Josias.

Na Capital, o 17º Jogos Urbanos Indígenas está com inscrições abertas. O evento já é uma tradição e conta com a participação e torcida das comunidades indígenas.

No Brasil, segundo o Censo 2022, a população indígena do país chegou a 1.693.535 pessoas. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), somados, Amazonas e Bahia concentram 42,51% da população indígenas do país. Eles são os estados com maior quantitativo dessa população: 490,9 mil e 229,1 mil, respectivamente.

Cenário em MS Em seguida, vem Mato Grosso do Sul (116,3 mil). Segundo Fernando Souza, subsecretário de Estado de Políticas Públicas para a População Indígena, os programas estaduais alcançam metade desse número, com 72,8 mil indígenas distribuídos em 91 aldeias em 23 municípios.

“Com a divulgação de atividades de lazer, rituais e ritos de sobrevivência, os povos originários têm conseguido não apenas mostrar a importância de sua cultura para os não-índios e outras etnias, como também reforçá-la internamente”, explica o gestor.

Fernando Souza enfatiza o papel do esporte como ferramenta de empoderamento para essas comunidades: “A tendência é de se ter uma reivindicação cada vez maior nas políticas públicas, desenvolvida pelos entes federados. Nós, populações indígenas, temos agora uma gama de jovens que estão procurando informações, estão procurando seus direitos”, argumenta.

Por que é errado chamar de “Dia do Índio”?

Foto: Divulgação

De acordo com o IBGE, a origem do termo “índio” remonta a uma confusão perpetuada por Cristóvão Colombo, que erroneamente acreditava ter chegado às Índias ao descobrir as Américas. Consequentemente, os povos nativos foram geralmente designados como “índios”. No entanto, ativistas e grupos indígenas apontam que a celebração do dia 19 de abril, tal como é atualmente, perpetua estereótipos impostos aos povos indígenas ao longo da história.

Por isso, sugere-se renomear essa celebração para “Dia do Indígena”, “Dia dos Povos Indígenas” ou até mesmo “Dia da Diversidade Indígena”. Essas denominações refletem uma valorização da diversidade cultural presente entre os povos originários das Américas, ao contrário do termo “índio”, que tende a perpetuar estereótipos e uma visão anacrônica ou selvagem dos povos indígenas. Tratar como “Indígena” reconhece e celebra a multiplicidade de culturas que compõem essas comunidades.

 

Por Carlos Eduardo Ribeiro

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