Mesmo com alerta de preços elevados a partir de abril, movimentação em farmácias se mantém estável
Esperado anualmente, o reajuste de preços no setor farmacêutico no último dia do mês de março não é novidade para os profissionais do segmento e nem mesmo para os consumidores. Neste ano, o Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos) junto a Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias), prevê uma porcentagem de aumento de 4,5% com base nas regras de reajuste.
Devido à Sexta-feira Santa, considerado feriado nacional no Brasil, o jornal O Estado foi às ruas para entender como está a movimentação no setor da capital sul-mato-grossense, já que o último dia útil teoricamente será nesta quinta-feira (28). Ao que tudo indica, o consumidor não parece correr contra os preços.
A gerente farmac~eutica da Drogaria Levi, Franciely de Oliveira Fernandes, 30, argumenta que por parte do estabelecimento, já há uma movimentação sendo feita por meio das redes sociais. No entanto, muitos consumidores não se preparam para a alteração e são pegos de surpresa no mês de abril. “A maioria não compra antes e acaba sendo pegos de surpresa, chegam aqui no mês de abril e falam que não sabiam que teve aumento, mas todo ano tem e ele vem no mês quatro. As pessoas reclamam, mas o movimento não diminui, porque é farmácia e as pessoas nunca deixam de comprar remédio, nunca deixam de vir, não nos afeta”, avalia a profissional.
Um dos pontos que a farmacêutica levanta, é que devido ao feriado, as pessoas estão com outras prioridades, como, por exemplo, viajar ou estar com a família. Por isso, em decorrência do feriado, a movimentação nas farmácias cai. “A gente orienta para que venham comprar. Mas, devido ao feriado, realmente cai o movimento. Acaba que o pessoal vai curtir a família, viajar e não vem à farmácia. Só acabam vindo mesmo no mês quatro e reclamam que não sabiam do aumento. Nós tentamos fazer um descontinho para que eles consigam levar, mas eles acabam reclamando”, afirma Fernandes.
Pela legislação em vigor, o reajuste acontece todos os anos no começo de abril. O percentual é definido pela Cmed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), órgão da Anvisa, considerando a inflação acumulada, além de outros indicadores do setor. Em 2023, o reajuste anual foi de 5,6%. A atualização, porém, não costuma ser automática nem imediato. O setor argumenta que a concorrência entre as empresas ajuda a regular os preços, já que o mesmo princípio ativo é vendido por vários fabricantes e lojistas.
O proprietário da Farmácia Mais Saúde, localizada na avenida Júlio de Castilho, Pedro Costa, 27, argumenta que no avaliativo do panorama do setor, o número não se demonstra elevado. Como relembra, no período pandêmico não houve reajuste nos preços. No entanto, de 2021 para 2022, quando houve uma estabilização do Covid-19 e as coisas começaram a voltar ao normal, o setor teve que lidar com uma porcentagem que atingiu 10,89%. “Esse número de agora até que não está tão grande, porque no ano da pandemia, que ficou um ano sem reajustar, quando veio de 2021, veio quase 10% por conta do ano que não teve. Esse ajuste de 4,5% até que é esperado, não é nada muito grande, está na média”, avaliou o farmacêutico.
Costa ainda argumentou que os preços não serão repassados de imediato. Para se preparar contra a elevação de preços, sua estratégia é comprar um número maior de mercadorias para conseguir repassar ao cliente com o “o preço antigo”. No entanto, a estratégia não é duradoura e em algum momento, é preciso ceder ao mercado.
“A gente se prepara aqui na farmácia, compra um pouco de mercadoria a mais para garantir o preço antigo antes de acontecer o reajuste. É um valor alto, que no final vai acabar sendo repassado ao consumidor, não tem jeito. A gente também paga mais caro, então da mesma maneira que o reajuste vem para o consumidor, vem para a gente também aqui na drogaria. O preço é reajustado em toda a cadeia, desde a distribuição, desde a indústria e acaba tendo esse reajuste para o consumidor, não tem jeito”, lamenta Costa.
Contraponto
A assistente de gerente da Pague Menos, Camila Franco, 24, explica que as vendas aumentaram um pouco em março. Mas, em compensação, é de praxe que caiam no mês de abril. “As vendas geralmente aumentam um pouco nesse mês e diminuem no próximo mês, porque eles já vão ter comprado antecipado. Esse mês é até bom de vendas por conta disso, o pessoal divulga bastante o reajuste e as pessoas preferem comprar com antecedência, o que faz cair um pouco vai ser no próximo mês, porque eles não voltam para comprar de novo”, esclarece.
Segundo Franco, o método preferido do consumidor para garantir as mercadorias com um preço mais baixo é no cartão de crédito parcelado. “Todas as lojas têm cartazes, os atendentes informam os clientes e perguntam se eles não querem levar para até o meio do ano no parcelado. Nesse método, eles compram em maiores quantidades e parcelam. Com isso, pagarão o mesmo preço até junho e julho, por isso preferem pagar no crédito”, destaca a profissional.
Compra de medicações em excesso A partir do tema, abre-se também o questionamento do quanto é saudável ir até as farmácias ou drogarias para adquirir medicamentos a baixo custo e em quantidade maior. A conselheira do CRF-MS (Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul), Marianne Marks, pontua que não deve ser feito o uso indiscriminado de medicamentos. No entanto, no caso de medicações que são de uso contínuo, por exemplo, não há problema em garantir os remédios.
“É claro que a gente não quer que a população faça o uso indevido de medicamentos ou faça estoque. Mas, se tem algum medicamento em que a pessoa faça uso contínuo com prescrição médica, que ela faça a compra de abastecimento de acordo com o que está na prescrição. Não é que ocorra queima de estoque, mas nós orientamos que faça uma pesquisa de preços. Quando falamos em economizar, pensamos naquelas pessoas que fazem tratamento a longo prazo e contínuo”, esclarece a conselheira.
Por Julisandy Ferreira
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