“Estou indo embora do mesmo jeito que cheguei, ainda sinto dor e me liberaram”, lamenta paciente

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Desde as primeiras horas da manhã, pacientes aguardam por atendimento na Capital. Foto: Nilson Figueiredo

População espera mais de duas horas por atendimento e cita a falta de eficiência do Sistema de Saúde 

O atendimento nas UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) é conhecido pela demora, muitos relutam em procurar ajuda médica quando estão com dores pelo grande período de permanência na recepção. A equipe do jornal O Estado esteve na UPA Vila Almeida, Dr. Alessandro Martins de Souza Silva, no qual se encontra em reforma, mas essa não é a maior preocupação dos pacientes, os enfermos denunciam o tempo de espera e a falta de efetividade no sistema de saúde.

A maioria dos pacientes abordados relatou um tempo de espera de mais de uma hora. O menor tempo foi de uma senhora, sua filha, que não quis ser identificada, contou que elas chegaram de madrugada e só tinha uma outra pessoa aguardando o atendimento, mesmo assim elas tiveram que esperar 50min para auxílio médico.

“Chegamos aqui era 4h40, fomos atendidas 5h30, estava vazio, só tinha uma pessoa na fila, então considerando isso, não deveria ter demorado tanto”, explica. Quando a equipe do jornal abordou a senhora era 9h, elas estavam saindo da unidade, a paciente estava cambaleando, precisando de apoio nos ombros da sua filha. Questionadas porque estavam saindo aquele horário,

mais de 4h depois que elas chegaram, a filha respondeu: “Ela estava em observação esse tempo todo, foi liberada agora, mas esperamos que tenha sido resolvido o problema dela para não termos que voltar novamente”.

O Paulo César de Souza também era uma das pessoas que estavam saindo da UPA. Depois de quatro dias internado, ele revelou ainda estar sentido dores e não terem resolvido o problema dele. O pior, não foi a primeira tentativa de Paulo em busca de solução para os seus problemas, esse era o retorno dele após 15 dias na mesma unidade de atendimento.

“Estou indo embora do mesmo jeito que cheguei. Vim aqui porque preciso fazer um ultrassom, não tenho condições de pagar no particular, tenho problema na vesícula, a cada dia piora. Estava internado desde sábado, o pessoal me falou que essa era uma chance de conseguir fazer o exame, me colocaram na lista de espera, mas quando foi hoje eles me liberam, não entendi muito bem o motivo, mas ainda sinto dor, não passa”, pontua.

Ainda no local, a equipe presenciou um homem andando de um lado para o outro impaciente, ele pegou o carro deu uma volta e retornou ao UPA, então o mesmo revelou que estava ansioso com o atraso na consulta e no diagnóstico. Adriedson dos Santos acompanhava sua mãe, que estava com suspeita de Dengue.

“Esperamos mais de uma hora, chegamos era 7h30, já são 9h ela nem passou pela triagem, isso é um absurdo! Minha mãe está com suspeita de dengue, uma doença grave por si só, mas ela tem hipertensão, então temos que vir no posto para ela ser consultada e ver os riscos, pois altera muito a pressão dela. Chegamos cedo, vamos sair tarde e eu estou aqui perdendo dia de serviço”.

Obras atrasadas e projetos paralisados 

Na Capital, duas UPAs estão com projetos para reforma, Vila Almeida e Coronel Antonino. Ambas não finalizadas, com entregas atrasadas e nem metade das obras prontas.

Na primeira, as obras iniciaram no dia 06 de fevereiro de 2023, ou seja, mais de um ano atrás, a previsão era conclusão no dia 03 de dezembro do mesmo ano, contudo, não foi entregue, e sendo concluído somente 37% do projeto. A obra é estimada em R$ 2.415.093,34, já foram usados R$ 882.029,04 desse montante.

Já na UPA do Coronel Antonino as obras foram interrompidas. A construção teve início em 17 de janeiro de 2023 e com entrega no dia 22 de dezembro do ano passado, também não foi finalizada. A obra é avaliada em R$ 375.489,29, desse valor foi usado R$18.529,03.

Hospitais enfrentam superlotação

A situação não é menos preocupante, quando se analisa a realidade dos hospitais de Campo Grande. Na maior unidade do Estado, a Santa Casa da Capital, que é referência no atendimento de pacientes locais e dos municípios do interior está em alerta de superlotação desde a última segunda-feira (12), quando emitiu comunicado oficial informando que mais de 110 pacientes internados na área de ortopedia, dos quais 40 aguardam vagas cirúrgicas, estamos diante de um desafio complexo. Infelizmente, não temos a capacidade de atender a todos simultaneamente. “Nossos pacientes, em média, permanecem mais de 12 horas nos corredores, aguardando uma vaga na enfermaria”, reforçou a nota.

Foto: Nilson Figueiredo

Contudo, na tarde de ontem (14), a assessoria de comunicação informou que o cenário ficou ainda pior nas últimas 24 horas e com isso, 118 pacientes estavam internados na área de ortopedia, dos quais 47 precisam de cirurgia urgente. Além disso, 22 pacientes estão no pronto-socorro, esperando por uma vaga na enfermaria. A maioria desses casos são de ortopedia, provenientes de diferentes regiões do Estado. A Santa Casa confirmou ainda que o município, até o momento, não apresentou nenhuma medida para auxiliar neste caso.

Por Inez Nazira.

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