Com previsão de lançamento para o Dia Internacional do Rock, 13 de julho, o jornalista e produtor Lucas Arruda lança o “Barulho do Mato” na plataforma cultural, com direito a show ao vivo. O documentário resgatará a memória das bandas antigas e destacará a importância cultural e histórica do heavy metal em Campo Grande e no Mato Grosso do Sul. Com o apoio do Fundo de Investimentos Culturais, Lucas viu seu projeto ganhar vida, com as gravações no início de 2024. O documentário promete ser um marco na produção audiovisual local, não só por seu conteúdo, mas também por seu lançamento, composto com a apresentação da banda Catástrofe para celebrar a ocasião.
Uma das características marcantes de Campo Grande é sua miscelânea cultural. Sua arte, gastronomia e costumes são vigorosamente atravessados por influências fronteiriças. No âmbito musical, contudo, há um certo predomínio ou predileção pelo sertanejo. Considerada o berço do sertanejo universitário, a Capital já foi destaque por muitos nomes do gênero e normalmente é reconhecida por isso. Porém, motivado pela escassez de registros, por bandas de destreza, além de ser um entusiasta da cena mais underground da cidade, o jornalista e produtor cultural Lucas Arruda surge com um projeto audacioso que busca resgatar e imortalizar a história do heavy metal local.
“É um trabalho muito importante, porque Campo Grande é uma cidade que tem pouca memória. Não sei se é reflexo de um Estado jovem e de uma Capital também jovem, mas a gente tem muito pouco acesso à história da cidade em todos os aspectos, seja cultural, social, político e histórico”, disse Lucas.
A produção
O documentário, intitulado “Barulho do Mato”, promete mergulhar nos bastidores do estilo, buscando retratar a história e a atualidade do heavy metal em Campo Grande. Com entrevistas, imagens de arquivo e cenas dos bastidores, o filme capturará as histórias por detrás das músicas. “Por meio do documentário, pretendo retratar os anos 80 e 90, como tudo iniciou, como as bandas se consagraram e como o estilo se firmou, especialmente na década de 90”, explicou Lucas.
Registrar as bandas femininas de heavy metal da cidade é outro propósito de suma importância do projeto. A banda Haze, formada predominantemente por mulheres na segunda metade da década de 90, além de ser uma banda ativa no cenário musical, foi um grupo que impulsionou o heavy metal em Campo Grande, entre outras”, conforme destacou o produtor cultural. “Falar das mulheres na cena também é fundamental, já que uma das duas bandas que ainda persistem é formada por mulheres, a Haze. Angela Finger, por exemplo, é uma produtora muito importante para a cena do metal também. Além disso, outras mulheres também participarão e darão depoimentos”, afirmou.
“Barulho do Mato”
Nesse contexto, sobre as bandas antigas de metal, Lucas decidiu incluir nas filmagens do documentário bandas que provocaram o início do estilo na Capital. Como o Alto Extensão, que, segundo o idealizador do projeto, foi a primeira banda de heavy metal a lançar um LP na Capital e foi reconhecida nacionalmente. A relação pessoal de Lucas com bandas como Catástrofe e Reis, datadas desde os anos 90, aliada à percepção da falta de memória histórica na Capital, impulsionou-o a ir ao encalço de diversos outros músicos.
“São vários músicos da cena. Henrique Gonçalves, vocalista da D.D.O. (Dor de Ouvido), é um dos entrevistados. O jornalista Alex Fraga, que acompanhou à época também. Bosco Martins, jornalista que era baterista do Alto Extensão e também organizava muitos eventos de metal, e assim por diante”, disse.
MS também tem heavy metal!
Ao mesmo tempo, o cinegrafista e fotógrafo Marco Aurélio dos Santos, mais conhecido como Kão, vocalista da lendária banda punk rock H.I.V desde 1992, foi um dos entrevistados no documentário.
Kão enxerga o projeto como uma oportunidade única de preservar a história e o legado das bandas locais, explicou o músico ao jornal O Estado. “Olha, a importância não será apenas para a cena heavy metal de Campo Grande e para o MS, mas sim para a cena underground, em geral, do MS. Pois, quem gere os órgãos de cultura aqui no Estado não quer saber deste estilo cultural, pois aqui é um Estado agropecuário. E não creio que isso mudará tão cedo”. Kão também reflete sobre o meio musical underground da cidade, reconhecendo os desafios e as oportunidades existentes para o fomento do estilo. “Aqui é um Estado novíssimo e com esta mentalidade interiorana irá demorar muito mais do que em qualquer outro lugar do Brasil. Este documentário ficará para as futuras gerações saberem e entenderem como era no começo e que elas estão e/ou estarão pegando tudo mastigado. Nossa intenção é levar esse audiovisual para fora do Brasil”, acrescentou o vocalista.”
O documentário segue em processo de produção. Com duração entre 40 ou 50 minutos, o média-metragem conta com entrevistas por finalizar e um trabalho de edição para ser concluído. Contudo, o lançamento, previsto para 13 de julho, na plataforma cultural, com o show da banda Catástrofe, é motivo de expectativas. “Quero mostrar muito essa história e falar da importância do estilo, tanto culturalmente, bem como musicalmente para os jovens que estão começando agora, para todos; para a sociedade conhecer como foi isso”, concluiu o jornalista. Para mais informações, acesse @assessoriaarruda, no instagram.
Por Ana Cavalcante.
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