Com a promessa de ser concluída este ano, estações de pré-embarque são vistas como obstáculos

- Foto: Nilson Figueiredo
- Foto: Nilson Figueiredo

Paralisadas desde 2020, as obras na Avenida Bandeirantes causam acidentes, atrapalham o fluxo de carros e dos comércios, além de dificultar a busca por vagas de estacionamento na rua. Comerciantes e motoristas falam do desapontamento com a falta de comprometimento com a cidade, com a avenida. As obras foram deixadas sem finalização, há mais de dois anos, segundo comerciantes. A Prefeitura Municipal de Campo Grande não tem previsão para acabar, ou retomar o projeto. 

As conexões sudeste, sul e norte foram projetadas em 2012, com o primeiro empréstimo junto a Caixa Econômica Federal estimado em R$ 120 milhões. Os pontos de embarque na Avenida Bandeirantes ainda nem chegaram a ser licitados, a construção foi iniciada, contudo sem a previsão para a finalização. 

“Temos aí obras emblemáticas e importantes, como os corredores de ônibus. Obras que realmente precisam dar uma resposta para a sociedade e eu acredito muito que, se nós continuarmos nesse caminho, nós vamos ter êxito em tocar essas obras com tranquilidade. Todas nós vamos colocar em licitação agora no início do ano, entre janeiro e fevereiro”, garantiu secretário da Sisep (Secretaria Municipal De Infraestrutura E Serviços Públicos), Marcelo Miglioli, em entrevista no fim do ano passado para o jornal O Estado. 

O comerciante local, Luiz Mariano, trabalha e passa pela rua diariamente há oito anos, para ele os pontos convencionais, na calçada, sãomelhores para os motoristas, até mesmo para os lojistas da rua.“Trabalho aqui há oito anos, sem dúvidas que antes estava melhor, não tem comparação. Esse negócio aqui atrapalha muito, até para o estacionamento, o melhor era se eles tirassem o terminal”, opina. 

A reclamação não é apenas dos lojistas e empresários, mas também dos motoristas. A equipe conseguiu abordar dois homens que passavam por ali, ambos não quiseram ser identificados, contudo, o comentário foi o mesmo: “Horrível!”. Em complemento, um deles destacou a falta de fluxo do local que ficou comprometido com a ilha. 

O empresário, Alexandre Kikuchi, atua na região há mais de 20 anos. Alexandre destaca um ponto importante que atrabalha o movimento da sua loja, o estacionamento. “Não dá pra saber se vai funcionar, uma vez que não terminou. Eu acho que assim, para uma coisa funcionar, teria que estar finalizado para poder falar, ‘não deu certo’. Uma coisa que existe é o projeto, liberação de verba, agora começar e não terminar só gera transtorno. É como se fosse um obstáculo e que não se aproveita certo o que foi proposto. Além disso, por exemplo, aqui no meu comércio, a faixa começa bem aqui, no meio do meu portão, então, aqui já começa a proibição de estacionamento. Se você for olhar o colega ali, do piso, e outros comerciantes para frente, todos eles ficaram sem estacionamento comprometido, então eles tiveram. Se você perguntar para qualquer um aqui, todos vão querer que arranca, eles querem que ele passe um trator aí e arranque isso aí para liberar o fluxo”, comentou. 

Alexandre conclui mencionando alguns acidentes que a obra já causou e também sobre o risco para ciclistas e pedestres. “Vemos esse projeto em outros lugares da cidade, mas no nosso caso aqui da Bandeirantes, este é o único lugar que foi feito essa ilha. E se não me engano, já tem mais de anos, mais de dois. Nesse período tinha até um contêiner, que ficou aqui na frente parado, atrapalhava o estacionamento, até causando alguns acidentes, a pessoa vinha meio rápido e de repente via o contêiner. Enfim, tem carros que buzinam, porque não tem onde parar, tem toda essa questão do transtorno. É um risco. Tem risco para o pedestre, o ciclista, que não tem onde andar, a hora que afunila, o ciclista tem que ir para a calçada, não tem para onde ir, se for para a linha do ônibus está arriscando o transporte público passar”, -finaliza. 

O lojista, Mauro Martins, trabalha na avenida há seis anos, revela que depois que começaram a obra e deixaram inacabada o número de acidentes no local aumentou muito, as pessoas, na maioria motociclistas não conseguem ver a área de longe, adentrando. O último que viu foi um carro que acabou capotando. 

“Parece que não vai acabar nunca. Faz anos que está assim, com a obra parada, apenas esse negócio no meio da rua. No horário de pico essa rua é um caos, sempre vejo motos passando com tudo. Inclusive, o pessoal se confunde muito, não conseguem ver de longe, sempre tem acidente ali, agora que o nosso colega colocou uma placa para identificar o local, para ajudar a evitar essas situações. Sem contar com a falta de estacionamento, não pode parar aqui, linha de ônibus, nem do outro lado, só agora que está sem penalidade, porque o terminal não está funcionando, mas depois eu nem quero ver, vai ser uma confusão”, comentou.

Projeto

O projeto é de 2011, quando a Prefeitura de Campo Grande adquiriu R$ 180 milhões, por meio do PAC Mobilidade Urbana. Além da drenagem e do recapeamento da Avenida Bandeirantes, obras que já foram concluídas, está previsto a instalação de sete estações de pré-embarque. Do valor total R$ 20 milhões seriam assegurados para construção de cinco terminais, R$ 110 milhões para a construção de 68,4 quilômetros de corredores de transporte coletivo. R$ 4,5 milhões para modernização do sistema de controle eletrônico, R$ 40,3 milhões para intervenções viárias e R$ 6 milhões para estações de pré-embarque. 

Cabe ressaltar que em novembro de 2022 a Prefeitura de Campo Grande abriu uma licitação para instalação de 11 estações de embarque e desembarques de ônibus, sete no corredor do transporte coletivo da Avenida Bandeirantes e 4 no da Rua Bahia. As propostas das empresas participantes deveriam ter sido apresentadas até o dia 10 de janeiro do ano passado. Esta era a segunda licitação para instalar as estações, isso porque a empresa vencedora da primeira pediu rescisão de contrato. Com as estações prontas, os dois corredores poderiam estar funcionando. 

 

Por Inez Nazira

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