O Fla-Flu nosso de cada dia

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Coluna: Entre Linhas, com Gabriel Pollon 

Muito comum no brasileiro o espírito de torcida, o nós contra eles, em que tudo se resume a duas opções, fazendo com que a opinião pública, na maioria das vezes, gravite entre ser a favor ou contra determinada pauta.

Não raras vezes, encontramos jovens cheios de entusiasmo na luta por transformar o mundo, engajados em prol de “um mundo melhor”, ainda que não tenham se perguntado honestamente, o que, de fato, é o mundo? 

Em tempos de redes sociais, onde somos chamados cotidianamente a opinar sobre os mais variados assuntos, receio que esse fenômeno de comportamento de torcida não seja exclusivamente brasileiro.

Nota-se que na maioria das ocasiões não há profundidade nas discussões, visto que, na sequência, elas serão rapidamente substituídas por outras mais atuais, bastando, para o interlocutor, tomar posse de seu tacape virtual e, uma vez escolhido o seu lado, confortado pelo senso humano de pertencimento, vá para a arena virtual digladiar.

Essa sede em agir, em tomar partido de algo, sinaliza que no Brasil, a cultura e a busca por tornar-se mais inteligente é algo para depois, para a aposentadoria, como bem nos alertava o saudoso professor Olavo de Carvalho: “quando todas as decisões estiverem tomadas, quando a massa de seus efeitos tiver se adensado numa torrente irreversível e a existência entrar decisivamente na sua etapa final de declínio, aí o cidadão pensará em adquirir conhecimento – um conhecimento que, a essa altura, só poderá servir para lhe informar o que deveria ter feito e não fez”.

Ao contrário agiu o jovem francês Hyppolite Taine, que estando apto a votar, questionou-se, honestamente, se do alto dos seus 21 anos teria condições de saber o que seria melhor para seu país, tendo optado por abster-se e começar a estudar sobre a historia da França, o que deu origem aos cinco volumes da obra “Origenes de la France Contemporaine” (1875).

Em suma, o jovem Taine se absteve de votar contudo ajudou inúmeras gerações mundo afora a votar com conhecimento de causa, ou seja, devidamente imunizados das falsas alternativas oferecidas pela propaganda.

Que tenhamos em nosso âmago o desejo de saber primeiro para agir depois.

‘Nota-se que, na maioria das ocasiões, não há profundidade nas discussões, visto que, na sequência, elas serão rapidamente substituídas por outras mais atuais, bastando para o interlocutor tomar posse de seu tacape virtual e, uma vez escolhido o seu lado, confortado pelo senso humano de pertencimento, vá para a arena virtual digladiar’ 

 

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