Contra a descriminalização do aborto até o terceiro mês gestacional, ‘Caminhada pela Vida’ ganha apoio de diferentes religiões
A interrupção da gestação sempre foi um tema muito abordado pela Igreja Católica e, com a descriminalização da prática até o terceiro mês gestacional sendo discutido no STF (Supremo Tribunal Federal), a “Caminhada pela Vida”, realizada neste domingo (8), ganha reforço de diferentes religiões e apoio pesquisas científicas. O evento acontece no Dia do Nascituro, que propõe uma reflexão sobre o direito de as crianças nascerem e serem acolhidas em uma família.
Para entender melhor o embasamento científico defendido pelas autoridades católicas, o jornal O Estado MS conversou com o professor doutor e padre Orlando Knapp, que ministra as disciplinas bioética e moral sexual, matrimonial e familiar, no curso de teologia da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) de Campo Grande. Segundo ele, o ser humano já é um indivíduo a partir do momento que as células começam a se multiplicar, após a união dos gametas.
“A partir do mandamento bíblico, que diz ‘não matarás’, nós defendemos a existência de todo e qualquer ser humano, independente do seu momento cronológico de desenvolvimento. Não nos pautamos apenas nos estudos teológicos, mas também nas ciências humanas, principalmente a biologia, engenharia genética e a biomedicina para que as verdades sobre o ser humano sejam constatadas”, defende o docente.
O padre e doutor Orlando reconhece que o movimento contra o aborto era tímido na igreja, um assunto sensível, mas o debate se faz ainda mais forte diante do atual cenário, após a presidente do STF ter iniciado o julgamento da ação que trata da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.
“Estamos fazendo uma mobilização para que os fiéis se manifestem a favor da vida humana no seu momento inicial de existência. Vamos nos unir com lideranças de outras religiões, cristãs, para defender a vida humana. Sempre tivemos essa caminhada, mas, por conta dessa possível lei, nós acreditamos que teremos um número muito maior de apoiadores.”
Dentro da lei já existente, que permite a interrupção da gravidez, a mulher pode recorrer ao Sistema Único de Saúde para realizar o procedimento em três situações: se a gravidez é decorrente de estupro; se a gravidez representar risco de vida à mulher ou se o feto não apresentar a formação do cérebro (anencefalia).
“É importante deixar claro que defendemos as duas vidas, que não se pode fazer escolhas, pois as duas vidas são importantes e detentoras dos mesmos direitos. Nunca vamos ser contrários às decisões das pessoas, que estão dentro da lei. As pessoas têm liberdade de escolha, mas precisamos levar a conscientização sobre o valor da vida humana, sobre poder existir”, concluiu o padre Orlando.
SERVIÇO: A caminhada terá concentração às 8h30, na Praça do Rádio Clube, com início às 9h30 e encerramento previsto para 11h.
Por – Kamila Alcântara
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