Preço do GNV vira entrave para política de incentivo a carro menos poluente

GNV
Foto: Nilson Figueiredo

Comercializado em oito postos da Capital, combustível chega a R$ 4,55

Com preço médio do GNV (gás natural veicular) a R$ 4,37 por metro cúbico, em Campo Grande, mesmo com as políticas de incentivo, o valor tem sido o maior entrave para que motoristas, principalmente os de aplicativos, que deixam de rodar com os combustíveis convencionais, como a gasolina ou etanol, façam a conversão a gás. Em junho de 2023, o Governo do Estado anunciou uma política de incentivo que vai desde IPVA zero a vale combustível de R$ 1 mil, para quem faz a conversão de veículos. 

O jornal O Estado percorreu cinco postos de combustíveis com GNV e obteve uma média de R$ 4,37 por metro cúbico. No Auto Posto Pororoca XI, o valor encontrado foi de R$ 4,55; já no Auto Posto Jackeline Locatelli, o valor é de R$ 4,37; no Auto Posto e Transportadora Pegoraro, o gás natural veicular é comercializado a R$ 4,38; enquanto no Auto Posto Paulista está R$ 4,39; e no Auto Posto APP, o combustível é comercializado a R$ 4,19. Conforme a MSGÁS (Companhia de Gás de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, são oito postos que vendem GNV.

Ainda segundo a Companhia de Gás, a cada três meses é publicado o preço de venda para o posto de gasolina. Atualmente, o valor repassado é R$ 3,29. 

O preço é um impasse enfrentado pelo locador de veículos de aplicativo, Marcelo Amadeu Lacerda. Ele reconhece que o GNV traz economia, mas, a longo prazo, e que mesmo diante de todo o investimento, o que ainda traz insatisfação é o valor do combustível comercializado nas bombas.

“A variação de 13% nos postos de abastecimento, sendo que os mesmos tiveram redução de 17% para 12% no valor do GNV. O que faz com que, de novo, não fique tão atrativo frente ao etanol, na média de preço por litro. A meu ver, onde teria que ter uma redução, não aconteceu. Lembrando que é um combustível com baixíssimos índices de poluição”, pontua.

 Com as novas políticas, Lacerda diz que adquiriu mais de dez veículos e, com cada um, gastou em torno de R$ 5 mil, sendo R$ 4.500 no kit a gás e R$ 550 com regularizações no Inmetro. 

Segundo o presidente do Sinpetro/MS (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul), Edson Lazarotto, a frota existente ainda é tímida e o consumidor, em geral, não tem demonstrado interesse em fazer a conversão. “Entendo que a frota existente com GNV ainda é pouca. Agora aumentou, devido à entrada da Uber, que utiliza mais GNV e os próprios táxis também. A frota total hoje corresponde a 0,26% de toda a frota do Estado, conforme dados do Detran. Apesar do governo ter fomentado, ainda não houve resposta por parte do consumidor em fazer a conversão para GNV”, explica.

O presidente da Applic-MS (Associação de Parceiros de Aplicativos de Transporte de Passageiros e Motorista Autônomo de Mato Grosso do Sul), Paulo Pinheiro, vê com bons olhos o uso do GNV, mas também acredita que é necessário diminuir o preço do metro cúbico. 

“Não acho justo, acho que precisa diminuir o metro cúbico do gás natural. A briga nossa é para que possa diminuir esse valor do GNV, pois defendemos que está muito caro ainda. Nós vamos discutir com o Governo do Estado, com os empresários, com as refinarias, com o pessoal da MSGÁS, para diminuir esse valor. A partir do momento que há muitos postos de gasolina que têm esse serviço, automaticamente vai diminuir o valor. Tem que ter concorrência. Se tiver concorrência, com certeza o produto vai ficar mais baixo e mais barato.” 

Vouchers 

Conforme informações da MSGÁS, até o momento, dentre R$ 1 milhão disponibilizado em vouchers, já foram utilizados R$ 50 mil, ou seja, 50 motoristas que receberam R$ 1.000 cada. Com cerca de 1.800 veículos GNV registrados no Detran/MS (Departamento de Trânsito do Mato Grosso do Sul), os projetos de incentivo visavam realizar, em média, 15 conversões ao mês, por um período de 10 meses. No entanto, o número de adesões ultrapassou a expectativa.

“A primeira pessoa que pegou o cartão, veio aqui em meados de agosto, faz pouco mais de um mês. O que a nossa diretoria, em um primeiro momento, pensou? Vamos inserir 150 cartões, vai dar 15 conversões por mês e em 10 meses iremos ter essa totalidade. Nos primeiros 30 dias tivemos 50 adesões. Por conta disso, nossa diretoria se antecipou e colocou mais 600 cartões, porque vimos que vai ter uma demanda maior do que ela estava esperando”, destaca o analista comercial da MSGÁS, Sérgio Santos.

Embora o número seja positivo, Santos afirma que ainda é preciso investir mais, pois o GNV ainda não é altamente consumido. “Por mais que tenhamos dado alguns incentivos, a chave não virou completamente. Não é que isso não vá acontecer, é que tem acontecido em uma taxa menor do que a gente esperava e pode ser, também, que a gente esteja com uma expectativa muito alta”, pontua.

Políticas de incentivo

Lançada em junho pelo Governo do Estado, a Política de Incentivo ao uso do GNV tem previsão de beneficiar 7 mil motoristas no Estado. O projeto garantiu a redução de 17% para 12% no ICMS para a expansão da rede de GNV. Além disso, o governo também deu isenção total do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) para os veículos que utilizam o GNV e a isenção de taxas de vistoria e documentação cobradas pelo Detran- -MS e das taxas de serviço no processo de conversão dos veículos. 

No dia 11 de agosto, o Governo do Estado junto à MSGÁS (Companhia de Gás de Mato Grosso do Sul), iniciou a entrega do “Voucher GNV Gás”, um vale-combustível de R$ 1 mil, para os motoristas que fizerem novas conversões para o combustível menos poluente. 

Com o valor, o veículo pode rodar até 3 mil km com a utilização de gás natural veicular. Este bônus é concedido pela companhia por meio de um cartão com crédito, para motoristas que estão convertendo seus veículos para o GNV, em especial aos profissionais de aplicativos e taxistas.

Por – Julisandy Ferreira

 

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