Pesquisa revela que 51,5% dos brasileiros querem julgamento e condenação por mortes de Covid-19

Fotos: Pessoas caminham entre vendedores ambulantes vendendo suas mercadorias no centro do Rio de Janeiro, Brasil, 1º de setembro de 2020. REUTERS / Ricardo Moraes
Fotos: Pessoas caminham entre vendedores ambulantes vendendo suas mercadorias no centro do Rio de Janeiro, Brasil, 1º de setembro de 2020. REUTERS / Ricardo Moraes

Um estudo realizado pelo Centro de Estudos SoU Ciência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelou que 51,5% da população brasileira deseja que os crimes associados às mais de 700 mil mortes causadas pelo novo coronavírus no Brasil sejam julgados e condenados. Além disso, a pesquisa apontou que, para 62,1% dos entrevistados, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e o Ministério da Saúde são os principais responsáveis pelas mortes, indicando que uma conduta diferente poderia ter evitado um número tão alto de óbitos.

O levantamento constatou que 76,5% dos entrevistados acompanharam a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, realizada no Senado Federal em 2021, e que esse acompanhamento foi fundamental para embasar suas opiniões.

Quanto à forma de reparar os crimes, o estudo identificou que as três medidas mais apoiadas pela população são:

1. Criar uma Comissão da Verdade para apurar os crimes (44,7%)
2. Indenizar as vítimas, especialmente crianças que perderam pais e/ou mães (39%)
3.Criar um Tribunal Especial para acelerar os julgamentos (38,3%)

“A Comissão da Verdade foi mais aceita entre pessoas do Centro-Oeste (58,7%), que ganham de três a cinco salários mínimos (53,3%) e que têm ensino superior (50,9%). E menos aceita entre quem estudou até o ensino fundamental (32,9%), recebe menos de um salário (35,0%) e tem entre 18 e 24 anos (36,3%)”, informou a Unifesp.

As indenizações tiveram maior aceitação entre pessoas de outras religiões (45,1%), que ganham de três a cinco salários mínimos (45,0%) e que possuem ensino médio (43,3%). E menos aceitação entre aqueles que estudaram até o ensino fundamental (28,8%), que ganham mais de cinco salários (31,1%) e menos de um salário mínimo (35,4%).

O Tribunal Especial foi mais aceito entre pessoas de 25 a 34 anos (44,6%), sem religião (44,6%) e de outras religiões (43,9%). E menos aceito entre aqueles que estudaram até o ensino fundamental (25,6%), que ganham até um salário mínimo e mais de cinco salários mínimos (28,7% e 32,5%) e que têm entre 18 e 24 anos (32,5%).

O estudo também indicou que a maioria dos entrevistados (52,4%) acredita que a melhor maneira de prevenir ou reduzir a mortalidade em futuras epidemias ou pandemias é o aumento dos investimentos no Sistema Único de Saúde (SUS). Para 46,5%, ampliar os investimentos em ciência e pesquisa é o caminho, e 38,7% acreditam que aumentar a produção de vacinas com tecnologia nacional é essencial.

Em relação à preferência eleitoral, os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro tomaram 58 milhões de doses a menos de vacinas contra a covid-19 em comparação aos eleitores do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Quando considerado o esquema vacinal completo, os eleitores de Lula receberam 38% mais doses dos imunizantes contra a covid-19 do que os eleitores de Bolsonaro.

A pesquisa também destacou uma disparidade na confiança nas vacinas entre esses grupos. Apenas 38,4% dos bolsonaristas concordaram que “as vacinas são amplamente testadas e têm eficácia comprovada”, em comparação com 75% dos eleitores de Lula. Além disso, 13% dos eleitores de Bolsonaro disseram que costumavam tomar vacinas, mas deixaram de fazê-lo durante a pandemia do novo coronavírus.

Renda, escolaridade e religião também desempenharam um papel importante na adesão às vacinas. A adesão à vacina foi de 57% entre os que concluíram até o ensino fundamental, aumentando para 81% entre aqueles com ensino superior.

A pesquisa também revelou que o chamado Kit Covid, que inclui medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19 e foi defendido pelo ex-presidente, foi distribuído em maior quantidade para pessoas que ganham menos de um salário mínimo (63%) e em menor quantidade para aqueles que recebem acima de cinco salários (32%). Esse índice também mostrou uma disparidade significativa: 66% dos entrevistados que têm educação até o ensino fundamental afirmaram ter usado o kit, enquanto apenas 46% dos que concluíram o ensino superior o fizeram.

A Pesquisa de Opinião Covid-19, Vacina e Justiça, realizada em parceria com o Instituto Ideia, ouviu 1.295 entrevistados, via celular, de todas as regiões do país, com idade igual ou superior a 18 anos. As entrevistas foram conduzidas entre os dias 5 e 10 de julho, com intervalo de confiança de 95% e margem de erro de 3%. O estudo levantou opiniões sobre a pandemia de grupos de diferentes condições socioeconômicas, religiões, raças/cores, escolaridades, além da dimensão política ideológica.

Com informações da Agência Brasil

Acesse também as redes sociais do O Estado Online no Facebook Instagram.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *