Casa da Mulher deve transformar a cidade em referência no atendimento às vítimas de violência

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Com investimentos previstos na ordem de R$ 26 milhões, o sonho da construção da Casa da Mulher Brasileira se aproxima a cada dia mais de se tornar realidade. A obra já foi anunciada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino e pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. A segunda unidade de Mato Grosso do Sul será construída com recursos federais e terreno doado pela Prefeitura de Dourados.

O terreno, localizado no bairro Loteamento Royal Barcelona, fica próximo de hospitais e vai ficar a cerca de 10 km das maiores comunidades indígenas de Dourados, a Jaguapiru e Bororó, o que vai facilitar o acesso e atendimento aos moradores.

De acordo com a coordenadora de políticas públicas para mulheres em Dourados, Andreia Moraes Bonito Silva, a coordenadoria tem trabalhado para o fortalecimento da Rede de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, o que envolve a articulação de diversos parceiros, governamentais e não governamentais, ligados à segurança pública, saúde, educação, assistência social, habitação, geração de renda, entre outros, mobilizando parcerias e desenvolvendo projetos e campanhas de prevenção e de atendimento a mulheres em situação de violência doméstica. Além disso, ela tem estado atenta às necessidades específicas das mulheres do município, sejam elas negras, indígenas, quilombolas, brancas, imigrantes, vulneráveis ou não, pois a política pública deve atingir a todas as mulheres, sem distinção de classe social ou nível educacional. 

A coordenadoria não realiza atendimento direto às mulheres. O atendimento é realizado no Centro de Atenção à Mulher em Situação de Violência – Viva Mulher, na Defensoria Pública, Delegacia da Mulher, Programa Acalento, Promuse (Programa Mulher Segura – Programa da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul, que faz monitoramento e proteção das mulheres em situação de violência doméstica e famílias), nas Unidades de Saúde e Cras, além das instituições não governamentais, como o Instituto Mulher, e o Comitê Mulher Advogada da OAB, que atende voluntariamente, ofertando orientação jurídica a mulheres em situação de violência. 

Conforme dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Segurança Pública), de 1º de janeiro a 30 de agosto, foram registrados 19 feminicídios no Estado, sendo dois em Dourados. Além disso, os casos de violência doméstica em Mato Grosso do Sul já somam a marca de 12.802 registros. No ano, 1.045 ocorrências foram registradas em Dourados e 142 apenas no mês de agosto. Além de ser a segunda maior cidade do Estado, Dourados tem uma população indígena de 12.054 pessoas, o que deve ter sido um fator determinante para a escolha do município. 

Sobre a violência doméstica nas aldeias, Andreia disse que existem muitos casos de violência doméstica e que, geralmente, estão relacionados ao uso abusivo de álcool e drogas. Este é um crime que, durante muitos anos, foi encoberto pelas próprias lideranças locais. “Atualmente, estamos trabalhando para mudar essa realidade. Hoje, a Guarda Municipal já tem acesso às aldeias – o que anteriormente era permitido somente pela Polícia Federal. Nesse mês, foi implantado o Promuse Indígena nas Aldeias. É uma grande conquista para as mulheres indígenas”.

Para ela, a Casa da Mulher Brasileira em Dourados será um divisor de águas, no atendimento às mulheres da região. “A Casa da Mulher Brasileira é uma conquista para as mulheres do município, evitando a peregrinação das mesmas, que já estão fragilizadas física e emocionalmente. Ter a Rede de Enfrentamento em um mesmo local contribui para que as mulheres procurem ajuda”, citou. 

 

Por Daniela Lacerda – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.

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