Cabeza de Vaca, Andarilho das Américas

Fotos: Arquivo pessoal do grupo Acaba
Fotos: Arquivo pessoal do grupo Acaba

Grupo Acaba resgata a história de Álvar Nuñes Cabeza de Vaca, lança álbum hoje e inspira outros artistas

O Grupo Acaba lança hoje (19), “Cabeza de Vaca, Andarilho das Américas”, uma ópera musical que resgata a história do espanhol Álvar Nuñes Cabeza de Vaca. Incentivado pela FCMS (Fundação de Cultura do Estado de Mato Grosso do Sul), a apresentação acontece na Concha Acústica Helena Meirelles, às 17h. A entrada para o espetáculo será um quilo de alimento não perecível, que será doado a instituições sociais.

O projeto nasceu da inquietação criativa do idealizador do grupo, o músico e historiador Moacir Saturnino de Lacerda, membro do IHGMS (Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul), integrante da UBE- -MS (União Brasileira de Escritores) e o fundador do Grupo Acaba – Canta Dores do Pantanal. Moacir Lacerda comenta que, durante o período de isolamento, iniciou uma intensa pesquisa sobre a vida e as jornadas deste personagem singular. “Aproveitando o tempo ocioso do período da pandemia, voltei- -me para abordar a vida do espanhol Álvar Nuñes Cabeza de Vaca, por ser o primeiro homem branco que entra no Pantanal mato- -grossense, em 1544. Diante das aventuras e importância deste personagem compus, inicialmente, a música ‘Cabeza de Vaca’ como se fosse uma biografia”, explica.

Pesquisa, direção, produção, o trabalho todo é assinado por Moacir. Composto por 22 músicas, o álbum é dividido em duas partes, “Vaca América – Hemisfério Norte” e “Vaca América – Hemisfério Sul”, a ópera narra a vida e as aventuras do explorador, que desempenhou um papel significativo na história da região. Sua jornada incluiu encontros com povos indígenas, exploração de terras desconhecidas e descobertas marcantes. Entre as cidades sul-matogrossenses de Porto Murtinho e Corumbá, suas andanças e vivências tranformaram-se no livro “Comentários”, que retrata uma série de povos que viviam no nosso Pantanal. A partir dessa intensa pesquisa, o projeto desenvolveu as faixas, algumas inspiradas em poemas, e com participações especiais.

“Trata-se de um musical, com vinte e duas faixas em parceria com convidados, entre artistas, poetas e instrumentistas, como Ana Lúcia Gaborim, Aurélio Miranda, Gilson Espíndola, Luiz Alberto Sayd, Marcos Assunção, Pedro Ortale, Marcelo Fernandes, Tetê Espíndola e outros. Por meio de declamações de poemas, música instrumental (como “Suíte Seviliana”, de Pedro Ortale) e canções, é contada a história fantástica de Dom Álvar Nuñes Cabeza de Vaca (1490- 1559), o explorador espanhol que primeiro pisou as terras do Pantanal, chamando-o de Mar de Xaraiés”, relata a escritora Raquel Naveira, que possui vários dos seus poemas músicados no álbum.

Além das músicas, o projeto engloba a escrita de livros, cantatas e colaborações com artistas visuais. Livros infantis estão sendo desenvolvidos a partir do trabalho musical, e pinturas inspiradas na trajetória de Cabeza de Vaca estão sendo criadas por artistas como Jonir Figueiredo e Carlos Vera. “A trajetória extraordinária do álbum ‘Cabeza de Vaca – Andarilho das Américas’ está ganhando vida sob novas perspectivas, e isso me enche de satisfação. A colaboração com Raquel Naveira, na criação do livro ‘Romanceiro de Cabeza de Vaca’ promete revelar detalhes e nuances por meio da magia das palavras impressas, que nos levará ainda mais fundo na jornada deste aventureiro. Até os leitores mais jovens serão cativados por meio do livro infantil ilustrado, que está tomando forma graças aos talentos de Mara Calvis e Claudia Finotti. As artes plásticas também estão se unindo à celebração. Jonir Figueiredo e Carlos Vera estão trabalhando para retratar a essência da história, por meio de cores e formas”, declara Moacir

 

Grupo Acaba

 Fundado em 1970, o Grupo Acaba traz consigo a missão de investigar, desenvolver e difundir o rico folclore do antigo Estado de Mato Grosso, hoje conhecido como Mato Grosso do Sul. Seu foco é a música regional raiz, tendo como tema central o Pantanal e o modo de vida do homem pantaneiro. Nas entrelinhas de suas letras, encontramos as composições coletivas e individuais que pintam um retrato vívido do homem, da fauna e da flora pantaneira. O que eles descrevem como “a alegria das cores e as dores da raça pantaneira” ganha vida em suas canções. O Grupo Acaba é composto por músicos, parceiros e compositores convidados. Para o projeto atual os integrantes são Tião Braga, Zezé, Vandir Barreto, Luis Said, Luis Porfirio.

Fotos: Arquivo pessoal do grupo Acaba

Carlos Batera e Douglas 

Conforme o jornalista e músico Rodrigo Teixeira, este mais recente projeto representa o ápice da produção do Acaba nos tempos recentes. Isso evidencia que o grupo está em plena atividade e vivenciando um período de intensa criatividade. “O Acaba vem se renovando desde a década de 1970, como acontece com as fases de cheia e seca do Pantanal. Este novo trabalho é a melhor produção do Acaba dos últimos tempos. Mostra que o grupo continua ativo e em um momento de alta criatividade, sob o comando de Moacir Lacerda”, afirma Rodrigo.

“Muitos podem ser os desdobramentos desse produto cultural, fruto de tantas pesquisas e criações artísticas: introduzir jovens ao estudo da vida desse extraordinário personagem histórico, o Cabeza de Vaca; um musical encenado a partir dos textos e das músicas; um filme épico, com grandes tomadas da natureza, de cataratas e terras pantaneiras. As possibilidades são infinitas e as sementes foram lançadas”, declara a escritora Raquel.

 

SERVIÇO: A Concha Acústica Helena Meirelles fica no Parque das Nações Indigenas. A entrada é um quilo de alimento não perecível. O show será realizado hoje, às 17 horas.

 

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