Os impactos com o aumento do diesel, nessa última quarta-feira (16), já começam a ser sentidos em postos de combustíveis e, principalmente, pelos consumidores. A defasagem nos preços da Petrobras é apontada como o vilão para esse aumento. Apesar do cenário, as distribuidoras estão operando com restrições para que não ocorra o desabastecimento do produto, segundo explicou o diretor-executivo do Sinpetro/ MS, Edson Lazaroto.
“Nesse momento, está havendo restrição, ou seja, as distribuidoras estão atendendo dentro de uma programação, para não faltar para nenhum posto ou região”, disse.
Na última quarta-feira (16), a Petrobras aumentou o preço do diesel em R$ 0,78 (26%), nas refinarias e R$ 0,41 (16%), no litro da gasolina.
Ainda de acordo com Edson, o reflexo desse aumento é inegável e recairá sobre muitos setores que movimentam a economia. “Quanto ao impacto, sempre é visto como negativo qualquer tipo de aumento, principalmente nesse de 26%, que foi o diesel, impacta diretamente no setor de transportes em geral, fretes, alimentação além de elevar a inflação”, detalhou.
A defasagem no valor dos combustíveis, entre 13% a 24%, segundo últimos dados da Abicam (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), colaborou para o aumento do diesel nas bombas. A federação, que representa os revendedores de combustíveis do país, confirmou restrições pontuais para a compra do diesel pelos postos, principalmente os de bandeira branca, diante da elevada defasagem em relação às cotações internacionais.
Entretanto, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) rebate, dizendo que os estoques das distribuidoras estão em níveis adequados e que não há falta do produto, nesse momento
Preços
Na quinta-feira (17), o jornal O Estado passou por seis postos de combustíveis da Capital e verificou que o preço do diesel já chega a quase R$ 6,00. Em um posto, localizado na avenida Costa e Silva com a avenida Fábio Zahran o valor é de R$ 5,79. Em outra unidade, na mesma avenida, no cruzamento com a rua Cosme e Damião também está custando R$ 5,79.
Ainda na Costa e Silva com a rua Aristóteles, o valor encontrado para o diesel é de R$ 5,69. Em outro ponto, na avenida Eduardo Elias Zahran com a rua Rui Barbosa, o diesel é vendido a R$ 5,89.
Outro posto, na avenida Fernando Corrêa da Costa no cruzamento com a rua 14 de julho vende o combustível a R$ 5,99.
Aumento prejudica caminhoneiros
A equipe do jornal O Estado percorreu alguns postos de combustíveis de Campo Grande, onde ouvimos a indignação de um dos principais afetados com esse aumento do diesel: a classe dos caminhoneiros.
Marlon Adriano Matias, de 30 anos, trabalha com o pai no transporte de cargas há 8 anos e logo destacou que o valor do frete é o que mais terá reflexo. “Trabalhamos por conta própria e quem nos contrata reclama do valor do frete cobrado, não quer pagar. Esse valor é um reflexo do aumento do diesel. Saímos de Novo Hamburgo/ RS na segunda- -feira (14), lá abastecemos a R$ 4,97 e agora, com esse aumento, vamos ter prejuízo, na volta”.
Geraldo Simplicio Neto, 41 anos, trabalha há 20 anos como caminhoneiro. Ele também aponta o frete como um dos principais afetados. “Com esse aumento fica difícil, de novo. A tendência é o frete subir também, para não dar prejuízo. Eu, que saio de uma fazenda no Pantanal e venho, pelo menos uma vez, pegar ração em Campo Grande, já se senti a diferença”, salienta o motorista.
Caminhoneiro há 10 anos, Ismael de Andrade Souza, 48, teme por outro impacto gerado com o aumento do combustível, o desemprego. “Como sou empregado, no meu caso, o que me afeta é o desemprego. Pois, com esse aumento do diesel, aumenta também os custos da empresa e muita das vezes isso leva a dispensar funcionários”, ressalta.
Para o presidente do Sindicam-MS (Sindicato dos Caminhoneiros em Mato Grosso do Sul), Osny Belinate, esse aumento prejudicou principalmente o caminhoneiro autônomo. “O caminhoneiro que trabalha com frete, ele faz viagem com uma programação, no valor que ele abastece o tanque, mas ele acaba sendo surpreendido com o aumento. E daí, se não tem orçamento para isso, como fica, quem paga essa mudança de preço sem nenhum aviso prévio é o caminhoneiro. É um aumento exorbitante”, reclama.
Por – Rafaela Alves
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