Carros a GNV nem chegam às garagens devido ao alto custo em vistorias e manutenção

Fotos: Marcos Maluf
Fotos: Marcos Maluf

Outros fatores também contribuem para essa retração nas vendas, como poucos postos para abastecer 

O alto custo da vistoria anularem veículos movidos a GNV (Gás Natural Veicular) dificulta a “rodagem” no mercado. Por um lado, os donos desses tipos de carros não conseguem revender e os garagistas já nem pensam mais em comprar. Apesar de ser uma alternativa de combustível viável para o bolso dos motoristas e de o Governo do Estado ter lançado diversos incentivos, ainda existem algumas desvantagens, que tem, literalmente, estacionado as vendas desses carros. O motorista de aplicativo Arão Fagundes relatou, à equipe de reportagem, algumas das dificuldades que tem, rodando com carro a GNV. “Um dos prejuízos é a perda do espaço do porta-mala e na estrada ele é um pouco mais lento. Fora o gasto com a manutenção: por ele ser a gás ele resseca mais, não é igual ao líquido da gasolina. Por isso, também, as velas do carro a GNV queimam muito mais rápido e o cabo de vela também tem que trocar com certa frequência.”

Outro obstáculo é na hora de revender esse carro para alguma garagem. Se na documentação constar que ele é GNV, ele deve ser vendido com o kit. “A gente que vende sai perdendo”, explica.

Os condutores que circulam com carros a GNV de forma regular e legalizada, enfrentam outro impasse. “A vistoria do carro que funciona com gás é muito pior do que a vistoria de uma transferência, pois o carro tem que estar 100% e não poder ter vazamento nenhum, freio, praticamente tudo do carro tem que estar em perfeitas condições. Diferente da vistoria de transferência, que a gente vai lá, só olha o pneu e alguma outra coisinha superficial e já é liberado, então, tem que investir em uma manutenção de qualidade.”

Para o motorista Claudemir Mareco Barbosa, a economia com seu carro movido a GNV é vista na hora do abastecimentos nos postos de gasolina. Em contrapartida, há o gasto com a manutenção do veículo. “Com o GNV tem um gasto maior com manutenção porque esquenta mais o motor, consequentemente, queima mais a vela, não é igual à gasolina, que tem em sua composição o lubrificante, a economia mesmo fica na quilometragem, na hora de abastecer”, acrescenta.Atualmente, os motoristas que optam por GNV precisam pagar R$ 100,96 na inspeção veicular anual, R$ 93,85 na autorização para mudar as características do veículo, assim como R$ 201,45 na inspeção após a instalação (kit) e R$ 290,08 para emissão do novo CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo).

 

 Outro lado 

O vendedor Adeilson Willian destaca alguns contrapontos de comprar o veículo. “Mesmo o proprietário tendo os cuidados, como manutenções preventivas, ainda assim o risco de ter que fazer um motor totalmente novo é muito grande. Por isso, clientes que entendem a funcionalidade dos motores não compram veículos com GNV por conta desse risco, pois a longo ou médio prazo não tem como medir. Para nós, comerciantes, é inviável trabalharmos com eles, justamente pelo risco da perda de um motor completo, com isso, a procura por esses veículos tende a zero”, justificou. Ter que procurar oficinas especializadas que prestam serviço de conversão para o uso do GNV é outro impasse encontrado pelo consumidor, segundo Allifen Marques, analista de Marketing do grupo Raviera. “Justamente pela baixa procura por veículos desse tipo, hoje as fábricas não veem demanda suficiente para entregar um veículo já convertido, pra rodar no GNV. Acaba  gerando uma parcela de clientes muito restrita, que é atendida por essas oficinas especializadas em conversão do carro a combustão pro GNV”, destacou.

Outro motivo que desanima os consumidores, principalmente do interior do Estado, é que somente em Campo Grande há locais que fazem a recarga do gás. Além disso, a instalação do kit GNV no automóvel gera a perda automática da garantia do veículo. Por isso, caso exista algum problema com o carro, não poderá usar os serviços da concessionária, para resolvê-lo. “O que acontece, de fato, é a perda da garantia de fábrica, pois a conversão é feita por terceiros e não por funcionários treinados pelas montadoras”, finalizou o analista do grupo Raviera.

 

Incentivo ao GNV

A Política de Incentivo ao Uso do GNV, anunciada pelo governador Eduardo Riedel, deve beneficiar 7 mil motoristas de Mato Grosso do Sul. Redução tributária, isenção de IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), desoneração de taxas do Detran, e vale-combustível de R$ 1 mil para as novas conversões estão entre as medidas. O anúncio foi feito no dia 14.

 

Por Suzi Jarde- Jornal O Estado do MS.

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