Roberta concilia vida no campo com empresa de moda equestre na cidade
O agronegócio tem ganhado força e espaço no meio das mulheres. São elas que produzem, plantam, colhem e fazem o gerenciamento de uma fazenda, sozinhas. De acordo com a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul), com base em dados do Ministério do Trabalho e Previdência, a participação feminina em atividades agrícolas de Mato Grosso do Sul, cresceu 109%, entre 2010 e 2020, saindo de 1,1 mil mulheres para 2,4 mil.
Como forma de homenagem ao Dia das Mulheres, comemorado em 8 de março, o jornal O Estado vai contar a história de Roberta Andrade Machado Borges, de 48 anos. Atualmente, é empresária e proprietária da fazenda São Bento da Marajoara II, no Pantanal da Nhecolândia, que conta com cinco funcionários.
Ela é filha e neta de produtores rurais e foi criada entre o campo e a cidade onde nasceu, Campo Grande. Roberta é formada em Medicina Veterinária e foi criada com uma família de mulheres fortes e conservadoras. A sobrevivência foi tanto em trabalhos braçais quanto no setor administrativo.
Assim que terminou a graduação, ela se casou com Thyago, em 2006, com quem teve uma filha, a Anna Andrade Correa, de 13 anos. Juntos, tocavam os negócios da fazenda e investiram na produção de queijo. Porém, em 2012, quando a filha do casal tinha apenas 2 anos de idade, Thyago teve a vida ceifada por um raio, em frente à casa da fazenda.
“A partir dai começou minha obstinação pelo trabalho, independência e reconhecimento”, conta. A pecuarista continuou a produção de queijos, chegando a atingir a confecção de 200 produtos para vender, em apenas um dia.
“Foram dias de muita luta e muito trabalho. Como já tinha o conhecimento na área de laticínios, ampliei o negócio e a produção de queijos e derivados. Com isso, a fabricação só crescia. Por alguns longos anos estive sozinha a frente de todos os processos – tiragem do leite, fabricação, embalagem, venda e entrega. Aos poucos, o negócio prosperou, mas também me deixou em plena exaustão, pois, é uma área difícil de encontrar mão de obra. Porém, mesmo assim, só cresci”, salienta.
Indagada se sofreu preconceito na área do agronegócio por ser mulher, Roberta afirma que com tanta correria, nem sequer tinha tempo para observar tamanha ignorância. “Estava correndo atrás de meus objetivos com a cabeça erguida, com honestidade e com o propósito de dias melhores pra mim e para minha menina. E, com essa determinação, cheguei ao meu objetivo e sempre preservando minhas obrigações de mulher, mãe e arrimo de família.”
Algum tempo depois, conheceu e se casou com Ayrton Bacchi, apaixonado pelas tradições, pelo Pantanal e pelo cavalo pantaneiro.
Mudança
Sendo protagonista no campo, a médica-veterinária não tem mais a famosa queijaria artesanal, porém, investiu no mercado da moda equestre, a “San Steban”, rede de franquias.
“Fechei as portas quando a vida se refez e, atualmente, produzo para amigos e às vezes administro cursos para aqueles que amam queijos, mas são esporádicos. Hoje, me divido entre o Pantanal, onde exerço o papel administrativo junto com o meu marido e há cerca de um ano e meio estou à frente de uma franquia de moda equestre, a ‘San Steban’”, conta.
A moda é uma mistura de estilos urbano, rural, polo, hípico, country, gaúcho. Há um amplo catálogo para o público feminino, como calças de montaria, botas e roupas em couro. Além disso, também tem utensílios e objetos com estampas.
Por fim, Roberta relata que é a única filha entre dois irmãos e afirma que o mercado do agronegócio é competitivo. “A pecuária está em constante evolução. A mulher está cada vez mais ganhando espaço dentro desse setor, que sempre se fez tão masculino. Desta forma, quero mostrar para outras meninas e mulheres que elas podem estar onde elas quiserem: se for no agronegócio, que esteja, mas sempre com competência, produtividade e feminilidade”, finaliza.
Por Marina Romualdo – Jornal O Estado do MS.
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