Da bancada federal de Mato Grosso do Sul, Marcos Pollon (PL), Luiz Ovando (PP), Rodolfo Nogueira (PL), Nelsinho Trad (PSD) e Tereza Cristina (PP) assinaram, na segunda-feira (27), o pedido de abertura de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, em Brasília.
Os parlamentares bolsonaristas têm intenção de investigar se houve omissão de autoridades do governo federal quanto a ações para impedir as depredações de golpistas em prédios dos Três Poderes. Após os ataques, dezenas de vídeos com apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que pediam golpe militar e que participaram dos vandalismos começaram a aparecer nas redes sociais ajudando a identificar os extremistas, que foram presos. Antes disso, alguns políticos da extrema-direita chegaram a defender suposições de que petistas infiltrados teriam realizado os ataques.
Eleito como “Gordinho do Bolsonaro”, o deputado Rodolfo Nogueira postou sobre a concordância em abrir a comissão na rede social. “Vamos descobrir a verdade! Quero lembrar a todos que o governo do PT é contra a CPMI”, disse ele. Sobre a assinatura, Marcos Pollon reagiu quase da mesma maneira nas redes sociais e postou “Conheceis a verdade e ela vos libertará”.
Bolsonaristas ouvidos pelo UOL disseram que o objetivo da CPMI é responsabilizar autoridades federais por omissão nas ações para impedir os ataques de 8 de janeiro. “Há notícias que a Abin alertou sobre os riscos de violência na véspera de ataques em Brasília. Entretanto, não se sabe a veracidade desses fatos, o que nos impõe a necessidade de apurar se houve a efetiva emissão de alertas”, disseram parlamentares de oposição.
A analista política Denilde Holzacker disse ao UOL que entende essa tentativa da oposição como maneira de usar a CPMI como palco político, já que não traria novos fatos às investigações já iniciadas. “Toda CPMI tem o seu início e nunca se sabe como termina. Por isso, parte da dúvida no governo em apoiar agora. Ela terá esse espaço dos grupos bolsonaristas e isso é uma preocupação do governo, também. O objetivo da CPMI é ajudar a trazer instrumentos de investigação e novas informações mas, na prática, não me parece que ela vai contribuir. Ela vai ser um palco para uma atuação e quase lacração de alguns parlamentares de oposição.”
Até a última atualização da matéria, 156 deputados federais e 33 senadores haviam assinado o requerimento, entre eles os sul-mato-grossenses.
Base do governo Lula A base do governo Lula não apoia a criação da CPMI, justamente por temer que a comissão se torne palco para a extrema-direita. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva .
(PT) não tem interesse em ver investigações parlamentares sobre o ataque às sedes dos Três Poderes. Além de ser impossível prever o caminho que elas podem tomar, acabam sugando as atenções da pauta legislativa, em um ano que a gestão Lula tem outras prioridades, como a reforma tributária. No mês passado, o presidente Lula afirmou que os atos já são investigados pelos órgãos competentes e que os responsáveis por financiar e depredar estariam sendo identificados, tendo contas bloqueadas e prisões decretadas através da operação Lesa Pátria, da Polícia Federal. Para o petista, não há necessidade de instauração de comissão.
O pedido de CPMI precisa ser lido pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para ser instaurado, ou seja, está nas mãos dele. Mesmo com as assinaturas suficientes para iniciar a tramitação, a sua instalação depende ainda da realização de uma sessão do Congresso, que não tem data para acontecer. (Rayani Santa Cruz).
STF dá 10 dias para Pacheco responder sobre CPI de Soraya
O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou ao presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que envie, em até 10 dias, informações sobre a criação da CPI dos atos antidemocráticos, proposta pela senadora Soraya Thronicke (União).
Soraya acionou o STF em 16 de fevereiro, acusando Pacheco de não atuar na instalação da comissão. No pedido de liminar, a parlamentar apontou ilegalidade e ato omissivo do senador Rodrigo Pacheco, pela “postergação injustificada do dever de processamento e consequente instalação de CPI”. O entendimento da Corte determina que, havendo as assinaturas e fato determinado, não caberia ao presidente das Casas postergar a instalação. Neste caso, as sessões do Senado são mais frequentes e ocorrem, pelo menos, três vezes por semana. (Com Folhapress).
Rayani Santa Cruz – Jornal O Estado do MS.
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