O HCAA (Hospital de Câncer de Campo Grande-MS Alfredo Abrão) anunciou por meio de nota assinada pela diretoria executiva da instituição, na última quarta-feira (22), que o corpo clínico irá cumprir a paralisação dos atendimentos, que foi anunciada em 18 de janeiro, e que havia sido adiada por 30 dias.
Nesse período serão realizados somente os atendimentos de urgência e emergência realizados no PAM (Pronto Atendimento 24H), as cirurgias de urgências e emergências, atendimentos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e os tratamentos nos setores de quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia já em andamento.
Os médicos anunciaram que só irão normalizar os atendimentos quando houver resolutividade para esta questão e os recursos forem efetivamente liberados.
Reivindicações
Em nota oficial, o hospital aponta que o prazo estipulado findou e as reivindicações ainda não foram totalmente sanadas “devido ao enorme déficit financeiro geral acumulado do HCAA (R$ 770 mil reais/mês)”.
No documento, estão as seguintes reivindicações: regularização dos pagamentos e dos vínculos/contratos dos integrantes do Corpo Clínico; regularização dos serviços de patologia e exames de imagens (ressonância magnética e cintilografia óssea), essenciais aos diagnósticos e seguimentos de tratamentos.
A direção afirma que o HCCA encontra-se em grave situação. “Há um enorme déficit financeiro do HCAA com necessidade incremento de custeio de R$ 770.000,00/mês, e cujo ápice se deu em dezembro com pagamento do 13º salário dos funcionários do hospital (422 colaboradores + 75 médicos)”, diz trecho da nota.
Repercussão
Atualmente, o HCAA é classificado como uma instituição filantrópica e privada. Entretanto, cerca de 99% de seus pacientes são oriundos do SUS (Sistema único de Saúde), conforme dados divulgados pela diretoria do hospital.
De acordo com levantamento da direção, o hospital atende em média 180 mil procedimentos, que vão desde cirurgias, até quimioterapias, radioterapias e consultas médicas. O levantamento divulgado também informa que 70% dos atendimentos oncológicos públicos de todo o estado do Mato Grosso do Sul são feitos pelo HCAA.
Com a paralisação, pacientes e figuras públicas têm se manifestado contra a paralisação. A vereadora Luiza Ribeiro (PT) considera a interrupção dos atendimentos uma “irresponsabilidade”, que coloca a vida dos pacientes em risco.”Os pacientes e toda sociedade não podem ficar reféns de gestões temerárias e muito menos da concentração dos serviços de tratamento de câncer em pouquíssimas unidades, ainda mais sendo elas privadas ou filantrópicas”.
Ela também reforça que o SUS deveria ser o responsável por realizar o tratamento de câncer. “O tratamento do câncer tem que ser realizado na rede pública. A pandemia da COVID provou a todos nós o valor do SUS e do serviço público de saúde. O certo é que esse hospital fosse gerido pelo Poder Público, estaria garantida a continuidade dos serviços”, reforça Luiza.
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