Articulações para cargos no governo de Eduardo Riedel (PSDB) expuseram racha entre lideranças do PT de Mato Grosso do Sul. Apesar das desavenças internas, o Partido dos Trabalhadores realizou reunião ontem (17), e por voto da maioria foi decidido que o partido, enfim, vai integrar a base do governo e liberar quem não se sentir confortável.
Contrária à adesão à base do governo, a deputada federal Camila Jara, que tomará posse na Câmara em 1° de fevereiro, emitiu nota oficial sobre o posicionamento. A atitude da deputada vem após o governador publicar no último sábado (14) que disponibilizaria a Defensoria Pública em defesa dos presos sul-mato-grossenses que invadiram os três Poderes e ajudaram a depredar prédios públicos de Brasília. Antes disso, Riedel recebeu a bancada do PT para tratar de articulações referentes a cargos no governo, após ser rechaçado pelo deputado Zeca do PT, que se referiu à atitude como ingratidão por conta do apoio na campanha. Parte da militância, que já não estava “em flores” com o tucano, prefere que o PT não componha a base do governo.
É o caso do pai da deputada, o jornalista Gerson Jara, que postou na rede social, a seguinte frase: “No PT de MS temos uma nova facção: os lambe-botas por carguinhos. Triste”.
Depois disso, ele foi indagado por já ter ocupado cargo. Gerson respondeu e não voltou atrás da opinião: “No mais, os lambe-botas do agronegócio podiam mudar de partido”, disse. Passado o mal-estar houve a reunião do partido onde os participantes votaram e decidiram, pela maioria, compor o governo de Riedel.
A deputada Camila Jara publicou nota oficial, onde destacou as prioridades e questões ideológicas. “Priorizando a independência política e a fidelidade às convicções ideológicas, o mandato da deputada federal eleita Camila Jara (PT) decidiu não compor o governo de Eduardo Riedel.
Com a decisão, abrimos mão de indicar qualquer nome para ocupar cargos na gestão, independentemente de posição e/ou hierarquia.” A deputada desejou boa gestão ao Riedel ao finalizar a nota. “Desejamos sorte ao novo governo e reforçamos a disponibilidade, o interesse e o compromisso de auxiliar e construir, junto ao Executivo Estadual, políticas públicas, sobretudo as que têm como foco a redução das desigualdades e a melhoria da vida de quem mais precisa e das minorias que não se veem representadas.”
O presidente do PT, Vladimir Ferreira, comentou ao jornal O Estado sobre a decisão de liberar aqueles que não se sentirem confortáveis. “Tomamos essa decisão, muito por conta da conjuntura atual da política que o Brasil vive e por acharmos ser necessário que as forças democráticas estejam cada vez mais próximas.” Ele acrescentou que, como o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva prevê investimentos e políticas públicas para esses setores, as lideranças acharam viável. “O presidente Lula vai ter foco nessas políticas e garantir que os recursos cheguem mais rapidamente a MS.” Participaram da reunião Vander Loubet, Zeca do PT, Pedro Kemp e Amarildo Cruz.
Rayani Santa Cruz – Jornal O Estado do MS.
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