Janeiro Branco: Campanha convoca sociedade para debater importância da saúde mental nas relações humanas

Janeiro
Foto: divulgação

Janeiro geralmente é o mês em que fazemos várias reflexões quanto ao ano que se passou (e ainda, dos anos recentes), e projetamos o que faremos no ano que apenas se inicia. O que para alguns pode ser algo simples, para outros pode ter um peso maior que o normal e acabar interferindo em vários aspectos da vida, e, entre eles, a saúde mental. Assim, com o tema “A vida pede equilíbrio!”, a 10ª edição do Movimento Brasileiro pela Saúde Mental promove diversas ações no Brasil e no exterior.

É no começo de cada ano novo que as pessoas se sentem inspiradas a refletir sobre o passado, o presente e o futuro das suas vidas e das suas relações. E é neste período de reavaliação que, desde 2014, é realizada a campanha Janeiro Branco, uma iniciativa social criada pelo psicólogo e palestrante mineiro Leonardo Abrahão. 

Neste ano o movimento completa dez edições, com o objetivo de construir uma cultura da saúde mental na humanidade, trabalhando pela psicoeducação dos indivíduos e pela criação de políticas públicas dedicadas às necessidades psicossociais da saúde mental. 

Para o psicólogo clínico Ezequiel Almeida, as ações de conscientização do Janeiro Branco são muito necessárias. “É uma maneira de a gente poder criar uma mobilização, uma atenção maior para isso – que já era necessário – e agora se torna muito mais imprescindível. Nós temos aí não só o Janeiro Branco, mas todo o ano de 2023 para poder conscientizar as pessoas sobre a necessidade de elas buscarem ajuda, não só para sua saúde mental, mas para a família, para os seus entes queridos.

” Almeida é gestaltista, especialista na área de saúde mental com dependentes químicos e pacientes com transtornos mentais, e atua na área há cerca de 17 anos, tanto em consultório como em instituições.

Ele explica que qualquer coisa na saúde mental tem um impacto considerável em outros setores da vida. “Quando nós temos um prejuízo, um comprometimento na saúde mental, as outras áreas são comprometidas, ficam vulneráveis. Então, eu tendo um problema de saúde mental, eu só trabalho na minha vida laboral, nas minhas atividades cotidianas, eu tenho perda na qualidade do sono, tenho perda nas relações socioafetivas, não é? Muitos casais se separaram por causa da questão da pandemia. O isolamento, as restrições de convívio social trouxeram um prejuízo muito grande para os indivíduos.” 

Ezequiel pontua que a conscientização pode ser a melhor prevenção. “A melhor maneira de lidar com com essa questão é fazer um trabalho de conscientização nas escolas, por meio de práticas de saúde mental com as crianças, com os cuidadores, nas empresas… Práticas de saúde mental antes das atividades laborais, antes de iniciar a jornada de trabalho, essa nova cultura de cuidado de saúde mental precisa ser implantada como trabalho preventivo, porque virão outras situações muito parecidas com como essas [da pandemia].” 

O psicólogo João Benítez atua no atendimento clínico, por meio da abordagem psicanalítica lacaniana, com atendimentos particulares a jovens e adultos, lidando com traumas, questões afetivas e quaisquer outras demandas dessa ordem. 

Para João, tanto o Janeiro Branco quanto o Setembro Amarelo são relevantes para a população. “Campanhas como o Janeiro Branco e o Setembro Amarelo, por exemplo, cumprem uma função muito importante de voltar o olhar da sociedade para algo que necessita de mais atenção do que temos dado. Além da oportunidade de fazer com que os profissionais da área da saúde mental se aprofundem no tema por meio de encontros, palestras, workshops. Essas datas tendem a fazer circular a palavra, instaurar uma noção coletiva de um conceito que, muitas vezes, passa batido. Jogar luz sobre o problema é um primeiro passo importante para que as pessoas se interessem mais pelo cuidado com a saúde mental, ainda mais vivendo tempos tão turbulentos.”

Para o profissional, as tensões crescentes dos últimos anos contribuem consideravelmente para uma saúde mental prejudicada. “A sociedade brasileira vem há anos experimentando tensões de caráter político, familiar, afetivo, uma vez que todos esses campos se afetam mutuamente. Soma-se a isso uma pandemia de efeitos devastadores e temos um problema que há de ser abordado tanto no nível pessoal quanto no coletivo.” 

Mas João considera que é necessário que as pessoas busquem – invariavelmente – ajuda. “Se faz necessário pensar em como as políticas públicas tem dado e irão dar conta de promover bem-estar à população, afinal, a saúde mental é construída também socialmente; ao mesmo tempo, pedimos às pessoas que não tenham receio de buscar atendimento psicológico e psiquiátrico com profissionais qualificados, não cedendo a responsabilidade dessa questão tão importante para áreas inadequadas que se dizem alternativas ao cuidado especializado”, conclui.

Estatísticas

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde publicados em 2022, quase um bilhão de pessoas, incluindo 14% dos adolescentes do mundo, vivem com algum transtorno mental, situação agravada pela pandemia da COVID-19 e por antigos tabus, preconceitos e desconhecimentos a respeito dos múltiplos universos da saúde mental.

Janeiro Branco

Quem quiser saber mais sobre o Janeiro Branco, ou aderir ao movimento, pode acessar o site oficial da campanha: www. janeirobranco.com.br/. 

Por meio do site é possível conversar com a equipe responsável pela campanha, bem como conhecer formas de se tornar “parceiro oficial” do Instituto Janeiro Branco, a ONG que nasceu para fortalecer o projeto, somar forças com iniciativas conscientes sobre a importância do tema e levá-las mais longe em nome de uma cultura da saúde mental no mundo. Nas redes sociais, basta procurar por @janeirobranco.

 

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