Uma nova onda de protestos na Bolívia, que realiza bloqueios nas estradas que fazem fronteira com o Brasil, já afeta alguns setores como o de transportes de cargas para importação e exportação.
No mês de dezembro, a cidade de Santa Cruz de la Sierra e outros municípios da Bolívia entraram em greve geral por 36 dias, devido à manifestações que pediam a antecipação da realização do Censo Demográfico, para que a verba distribuída aos estados pudesse ser dividida de forma a representar melhor a realidade.
Agora, os novos protestos são motivados pela prisão do governador de Santa cruz, Luis Fernando Camacho, há uma semana, o que desencadeou confrontos entre apoiadores do governo de Luis Arce e de Camacho, acusado de liderar a deposição do então presidente Evo Morales, em 2019.
Uma das estradas que foram bloqueadas faz parte da rota Bioceânica, que liga Brasil e Bolívia por Corumbá. De acordo com informações do portal Diário Corumbaense, os bloqueios na rota estão na cidade de Pailon, no município de Roboré, a 300 quilômetros de Corumbá e outro no setor conhecido como Punta Carretera, próximo a Puerto Suárez.
O caminhoneiro braileiro Paulo Henrique de Oliveira, relatou ao Diário Corumbaense que está há quatro dias com prejuízos devido aos bloqueios de estradas. “Saí da fronteira na madrugada de domingo (01), carregando uma máquina agrícola com destino a Santa Cruz. Na estrada tem alguns pontos que acabam nos cobrando entre 20 a 30 bolivianos, em forma de pedágio, para que possamos seguir, mas parei aqui em Roboré e não há previsão para continuar a viagem. Isso é sinônimo de prejuízo, até agora, aqui parado, já estou perdendo pelo menos R$ 2 mil”.
Segundo o chefe da Alfândega da Receita Federal, Erivelton Moyses Torrico Alencar, mesmo que a fronteira da Bolívia com Corumbá permaneça aberta, houve queda no movimento nos os pontos de bloqueio na Bioceânica.
“Em média entre 600 a 800 veículos vão para a Bolívia todos os dias. Os bloqueios não são realizados aqui na fronteira, mas afetam veículos que não conseguem retornar. Estamos chegando num momento em que não há veículos para carregar as cargas que estão no Brasil, até porque, os veículos que entram na Bolívia e conseguem trafegar precisam de cadastro especial junto a Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT e a Agência de Transporte Boliviana, ou seja, temos poucos veículos na região para levar essas mercadorias até as cidades bolivianas e pode chegar um momento que não haverá mais nenhum”, explicou Erivelton.