Após quase 30 anos, Skank apresenta o último show em Campo Grande no Bosque Expo
O Skank é uma das bandas brasileiras mais bem-sucedidas e que embalaram as mais diversas situações ao som de suas músicas por quase três décadas. Assim, como já disse um crítico, que a importância de uma banda se mede pela quantidade e qualidade de músicas “indispensáveis”, que acabaram ficando de fora do repertório de seu show, o Skank já ouviu muito que “faltou esta” e “faltou aquela”.
Para o tecladista da banda, Henrique Portugal, o saldo do balanço para o momento é de gratidão. “O balanço é o melhor possível. Para uma banda, de Belo Horizonte, que começou de forma independente, rodou o mundo com sua música e está fechando o ciclo depois de 30 anos, só podemos agradecer a todos que estiveram e participaram da realização deste sonho”, dispara.
Desde o início do Skank até os dias atuais, muita coisa mudou no cenário e, ainda, o grupo serviu de inspiração e influência para várias outras bandas país afora. “O cenário musical mudou bastante desde o nosso início. Hoje em dia é mais fácil divulgar a sua música mas em compensação essa facilidade está disponível para todo mundo. Existe uma nova geração de artistas bem interessante e que sabe utilizar as ferramentas do mundo digital. A nossa contribuição é mostrar que é possível viver de música no nosso país.”
Sobre o show na Cidade Morena, Henrique fala que os integrantes do Skank estão felizes. “Já fizemos shows maravilhosos em Campo Grande. Estamos felizes de poder fazer essa despedida na cidade. Tenho amigos pantaneiros que me mostraram a cultura do Estado e a beleza da região. Será uma despedida em grande estilo”, adianta Portugal.
Último show do ano
Campo Grande receberá o último show do ano de 2022, mas alguns shows ainda estão previstos até março de 2023, conforme nos conta Henrique. “Ainda passaremos por algumas cidades antes do último show que será em Belo Horizonte, dia 26 de março. Depois cada um segue seu caminho.”
Para depois do show derradeiro, o músico já tem seus próximos passos bem definidos e já iniciados. “Eu já comecei a trilhar o meu caminho, lançando algumas canções em parceria com o Leoni, Frejat e mais recentemente com o Marcos Valle. São amigos que conheci na estrada da vida mas que só agora consegui fazer algo”, adianta.
E o músico não para por aí. Além dos feats com outros grandes nomes da música brasileira, Portugal tem, ainda, planos e sonhos consideravelmente ambiciosos. “Para 2023 vou realizar mais um sonho lançando a minha Bigband, com arranjos bem brasileiros, chamada Solar Bigband. Quero devolver para a música tudo que ela me deu”, revela.
Para finalizar, Henrique Portugal deixa, aos campo-grandenses, um agradecimento carinhoso. “Só posso agradecer, em nome do Skank, todo o carinho que sempre recebemos em Campo Grande e dizer que, se você tem algum momento da sua vida, que o Skank foi trilha sonora, venha participar desta despedida conosco.”
Despedida
Nessa turnê atual, que vem celebrando a história da banda antes de sua separação (ou hiato) por tempo indeterminado, o desafio tem sido encaixar num mesmo roteiro tudo o que eles já deixaram gravado no coração e nas memórias afetivas do público desde o comecinho dos anos 1990. E é nessas horas retrospectivas que se vê que foi muita coisa, mesmo para generosas duas horas (ou mais) de show. No dia 23 de dezembro, a banda apresenta o último show em Campo Grande, no Bosque Expo, no Shopping Bosque dos Ipês.
Em todos esses anos, foram nove álbuns de estúdio, alguns deles presença obrigatória em listas de melhores de todos os tempos do pop-rock nacional, e que somam mais de 5 milhões de exemplares vendidos; três ao vivo que registraram para a posteridade o nível de euforia e a catarse de seus shows em diferentes fases da carreira.
Nas “paradas de sucesso”, foram cerca de 40 hits, sendo que 29 deles ficaram entre as 100 músicas mais tocadas do ano no Brasil e, se levarmos em conta que em muitas dessas vezes, defendendo sozinhas o gênero pop-rock brasileiro num mar de sertanejo universitário. Foram, também, 25 canções em trilhas de novela, além de dois mega-hits que marcaram fases distintas e igualmente bem sucedidas do grupo, com “Garota Nacional” em 1996, e “Vou deixar”, em 2004, sem contarmos (ou, pelo menos, tentarmos contar) o número de favoritas do fãs que, vez por outra, aparecem de surpresa nos shows.
“Algo parecido”, o single inédito lançado em 2018, passou dos 30 milhões de plays em pouco mais de um ano e, atualmente, a nova “Simplesmente”, uma delicada balada folk lançada especialmente para acompanhar a “Turnê de Despedida”.
Última chance
Esta será, para os campo-grandenses, a última oportunidade de assistir a Samuel Rosa (guitarra e voz), Lelo Zanetti (baixo), Henrique Portugal (teclados) e Haroldo Ferretti (bateria) tocando seus clássicos, juntos, no mesmo palco.
A separação do Skank, anunciada recentemente, foi motivada pelos desejos individuais de experimentar novos caminhos, musicais e pessoais dos integrantes, é uma forma de colocar um ponto final (ou não) numa carreira iniciada na curva entre a moda do rock brasileiro dos anos 1980 e uma nova década que apontava para a brasilidade, para o ritmo e para miscigenação musical e, na qual, uma simpática banda de vinda de Minas Gerais tocando música de inspiração jamaicana que usava muitos elementos de reggae e ska, rapidamente o Skank tanto apontou caminhos para toda uma nova geração, que ia de Chico Science, Raimundos, Pato Fu, Jota Quest, passando pela Mundo Livre SA, O Rappa e vários outros grupos, como ganhou musculatura e tamanho de mercado.
Isso ali por 1996, quando chegou no incrível feito de ter, no mesmo período de doze meses, dois álbuns diferentes com mais de um milhão de exemplares vendidos – Calango e O Samba Poconé. E só para lembrar: isso em uma época em que a internet engatinhava no Brasil, o Napster ainda nem existia e os streamings, como Spotify, Deezer, entre outros, nem sequer eram imaginados por esses lados.
Sobre esse ser um ponto final ou um hiato, só o tempo dirá. Por hora, é melhor aproveitar a “Turnê da Despedida”, afinal, não se sabe o dia de amanhã.
Serviço
O show Skank – Os Últimos Shows, da “Turnê de Despedida” será realizado no Bosque Expo, no Shopping Bosque dos Ipês, hoje (23), a partir das 21h. Os ingressos variam entre R$ 60 e R$ 150, e podem ser adquiridos por meio do link: https://www.alphatickets.com. br/Detalhes.aspx?event=DDF621A4- 62DA-41A1-8C98-8794587F9041 &hostname=&dt=20221121212 419.O Shopping Bosque dos Ipês fica na Avenida Cônsul Assaf Trad, 4796, Parque dos Novos Estados.
Por Méri Oliveira – Jornal O Estado.
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