Dez anos após a partida do consagrado Oscar Niemeyer, seu legado segue sendo referência no Brasil e no mundo
Nascido há 115 anos, no dia 15 de dezembro, no Rio de Janeiro, Oscar Niemeyer é um dos mais influentes arquitetos brasileiros da história do país, sendo um dos grandes nomes do movimento modernista mundial que deixou, ao redor do mundo, mais de 500 trabalhos em vários países das Américas, da África e Europa. No Brasil, vários estados ostentam obras com traços marcantes, únicos, que chamam a atenção e se tornam, assim, pontos turísticos e queridos dos moradores locais.
Em Mato Grosso do Sul, Niemeyer deixou duas escolas com projeto arquitetônico assinado por ele: Escola Maria Constança de Barros Machado, em Campo Grande, e a Escola João Leite, em Corumbá; praticamente com o mesmo design. A fachada dos colégios remete a um livro aberto, enquanto uma haste, logo à entrada, faz menção a um lápis e um longo corredor dentro da instalação alude a uma régua.
Para o arquiteto Mario Maimone, lembrar da escola MCBM ao falar de Niemeyer é algo automático, no que tange à relação com o MS. “Sua arquitetura tem forte assinatura do consagrado arquiteto, e mostra como uma arquitetura que parece mais ‘experimental’ do que o que costumamos ver no dia a dia pode ser funcional e confortável. Ainda que esse seja o grande projeto do arquiteto em nosso estado, o fato dele ser um dos grandes nomes da arquitetura modernista tem influência direta em nossa arquitetura. Um grande exemplo é o renomado arquiteto Rubens Gil de Camillo, autor de diversos projetos importantes em nosso estado, notadamente a maior dos projetos do Parque dos Poderes em Campo Grande”, explica.
Renomado
A unicidade da obra de Oscar se dá por aspectos muito peculiares de seus desenhos e projetos, conforme Mario. “Niemeyer é, sem dúvidas, um dos grandes nomes da arquitetura brasileira. Acredito que seu legado para os arquitetos brasileiros (e com certeza mundo afora, uma vez que é um nome consagrado e estudado pela arquitetura em nível mundial), foi a introdução forte do movimento modernista na arquitetura brasileira. A utilização de amplos espaços abertos, como nos palácios e órgãos públicos de Brasília, acentuadas curvas nos elementos arquitetônicos, a utilização frequente de tons claros (especialmente cor branca) e, por vezes, do concreto aparente, foram marcantes e são atemporais”, assevera o arquiteto.
E Mário também nos fala sobre a forma como o ícone da arquitetura o influenciou. “Pessoalmente, Niemeyer foi uma das grandes inspirações quando comecei a pesquisar arquitetos, já durante o curso de arquitetura. Por meio dele, conheci outros grandes nomes, como Lúcio Costa, Sérgio Bernardes, Paulo Mendes da Rocha e Vilanova Artigas. Acredito que, para a sociedade como um todo, um dos grandes legados de Niemeyer é popularizar a arquitetura, e se transformar em porta de entrada para o conhecimento de outros grandes nomes da área”.
Para o arquiteto Jefferson Rosa Pasa, Niemeyer foi um grande artista. “Oscar foi mais que um arquiteto. Ele não fazia apenas arquitetura, mas fazia arte em geral nas suas obras. Isso fez com que seus projetos se expandissem por todo o país e para fora. Aqui em Mato Grosso do Sul não foi diferente: a maior parte dos arquitetos se inspiram nele e nos dias atuais ainda usam muito de sua arquitetura. Como obra ele deixou a escola estadual Maria Constança de Barros Machado, um marco em nossa arquitetura”, detalha.
“Eu acredito que a maior influência que Oscar deixou para os arquitetos foi a ‘ousadia e inovação com sabedoria, conhecimento e humanidade’. A arquitetura para ele tinha um valor importantíssimo no âmbito social”, considera Pasa.
As influências de Niemeyer também são fortes para Jefferson, de forma bastante pessoal. “Eu busco assimilar ao máximo esse ensinamento que ele deixou . Outra coisa que gosto muito em sua arquitetura é capacidade de mexer com o subconsciente, talvez essa seja a maior influência que tenho dele e, acredito que a arquitetura no Brasil é uma antes e outra depois de Oscar Niemeyer e vou te falar, só isso já é algo que ficará gravado na história para sempre”, explica o profissional, que trabalha com arquitetura quântica.
Escola Maria Constança
Atualmente a Escola Maria Constança passa por reforma e os alunos foram remanejados para outro prédio nesse período, para que não haja prejuízo no calendário pedagógico.
De acordo com a arquiteta da FCMS (Fundação de Cultura de MS), Cláudia Arruda, “A Escola Estadual Maria Constança de Barros Machado é um importante exemplar da arquitetura modernista no município. Foi tombada pelo Estado através de uma Resolução SECE em 03 de julho de 1997 e está inscrita no Livro do Tombo Histórico.
O projeto de restauro foi elaborado com o objetivo de preservar a memória e atender a demanda do MEC em adaptar a edificação para uso como Escola de Tempo Integral, assim normas de atendimento a acessibilidade, segurança contra incêndio e pânico, e demais exigências legais foram contempladas no projeto”, explica.
Além disso, ela ainda nos explica que, com o desafio de preservar a integridade e autenticidade da edificação, o projeto prevê, ainda, a recuperação de todos os elementos construtivos, como cobertura, alvenarias, revestimentos, caixilhos, elementos decorativos, elementos metálicos, etc., bem como, a demolição criteriosa de acréscimos sofridos. “Serão realizadas as prospecções arquitetônicas para verificação de extensão de danos e traços de argamassas, bem como análises laboratoriais da argamassa de revestimento para determinação do traço original deverão ser realizadas”.
Por Méri Oliveira – Jornal O Estado do MS.
Confira mais notícias na edição impressa do Jornal O Estado de MS.
Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.