Prefeitura não pode fazer manutenção em estradas “cabriteiras” da Capital

Cabriteiras
Foto: Mariely Barros

Com informações dos repórteres Mariely Barros com Marcos Maluf

A prefeitura de Campo Grande tem “lavado as mãos” quando o assunto é descarte de lixo e outros crimes que acontecem em estradas “cabriteiras”, utilizadas como atalho em regiões afastadas do centro urbano da Capital. Nessas áreas, iluminação e segurança pública praticamente não existem.

A Sisep (Secretaria Municipal De Infraestrutura E Serviços Públicos) alega que não pode fazer para a manutenção de vias “cabriteiras”, pois não é uma via pública, é um trajeto aberto à revelia do Poder Público, em propriedade particular.

Foto: Marcos Maluf

Pensando nisso, a reportagem foi em três pontos que ligam um bairro até outro, para saber a respeito da opinião de quem passa pelo trajeto utilizado muitas vezes como depósito de lixo, desova de cadáveres e carros roubados.

Na estrada entre Nova Campo Grande e Santa Emília (atrás do aeroporto internacional), o vendedor de sorvetes do Jardim canguru, Wilson Souza, 67, conta que a falta do asfalto e fiscalização são as principais faltas. O senhorzinho, que utiliza para trabalhar todo dia, usa o caminho para economizar 30 minutos indo do Bairro Santa Emília até o Bairro Coophavila.

Foto: Marcos Maluf/O Estado Online

Durante o dia, Wilson explica a estrada de terra é calma, mas que a noite não arrisca passar porque é perigoso. “Passou das 17h, já não dá. Quando é muito tarde, dou a volta. Tenho vídeo de assalto que aconteceu justamente aqui. E vou falar, já desovaram duas pessoas mortas ali para baixo. O carro que abandona os corpos aproveita que a região não tem bastante casas. ”

Estrada entre Indubrasil e Caiobá

O Veículo Chevrolet Etios envolvido na execução de Anderson Delgado Matin, 27, na última quarta quarta-feira (20), foi encontrado em chamas na rua Dinamérico Inácio de Souza, no bairro Portal Caiobá 2, em Campo Grande.

No mesmo endereço, o frentista Pedro Henrique Lopes, 25, diz que usa a estrada para chegar na região do indubrasil e para ir nos bairros Moreninhas, ou até para Sidrolândia. “Ela dá acesso a vários lugares. Ela facilita o acesso pela BR como fosse um atalho.”

Foto: Marcos Maluf

De acordo com Pedro, a população daquela área precisa de uma via pavimentada e com iluminação, o que poderia ajudar de alguma forma os trabalhadores. Além disso, ele contou para a reportagem que a polícia só passa durante o dia, mas que a noite também existe um movimento na região, que foi encontrada até uma cabeça de porco no meio da rua.

Foto: Marcos Maluf/O Estado Online

“Aqui é a área pouco habitada ainda,  creio que conforme o tempo passa e o pessoal começar a morar aqui ao redor, começa a ter mais o movimento da polícia. É que aqui é meio meio fora da cidade, mas acho importante, por exemplo, a iluminação pública”, ameniza a situação Pedro.

Foto: Marcos Maluf/O Estado Online

Estrada entre os bairros Nova Lima e Portal da Lagoa

Na região entre os bairros Nova Lima e Portal da Lagoa, sul da Capital, entrevistamos o construtor, José Paulo de Silva, 48, indignado com o cenário. “O que falta aqui é tudo. Mas não conseguimos nem um quebra-molas. É um desrespeito dos motoristas de veículo nessa rua que eu não sei como ainda não mataram uma pessoa aqui.”

José, que mora há 10 anos na região, viu um dos acessos pessoal do Nova Lima e Vila Nasser virar um lixão. “O pessoal mesmo que mora passa aqui com lixo. Sem falar dos que jogam cadáveres.” Segundo ele, a região precisa de uma atenção maior dos governantes. “É uma rua bem prática e não compensa dar a volta, economiza 30 minutos.”

Foto: Marcos Maluf/O Estado Online

Sobre a região, a Secretaria de Obras da Capital alega que o prolongamento da Rua Marquês de Herval, o Corredor do Nova Lima, que liga o bairro à MS-010, passa por frequente manutenção.

Outro morador da região, Robson Pereira, 40, diz o região precisa de iluminação pública e que carro de Polícia circulando é muito raro, mas que tem muito molecada empinando moto, como ele mesmo disse, um “bairro esquecido.”

Foto: Marcos Maluf/O Estado Online

Robson diz que o bairro está há quase um ano sem iluminação e que ainda é cobrado com taxa de iluminação pública, assim como outros moradores. Aqui é um loteamento, tinha que estar iluminado. ” A gente pede para a prefeitura, liga, vai lá, mas eles falam que tem que acionar a Enersul. Aí um fica jogando para o lado do outro.”

“Quando venderam a casa para nós, estava tudo iluminado, coisa mais linda. Agora de noite da até medo, o que você vê de gente em esquina, em casas abandonada. É o que mais tem e por isso sai coisa ruim nessas “cabriteiras” “, explica.

Posicionamento da prefeitura

O descarte irregular de lixo é crime ambiental, passível de multa por parte da Semadur, que enquanto órgão fiscalizador, recebe as denúncias e realiza ações fiscalizatórias em todas as regiões urbanas no sentido de coibir e autuar quem realiza o descarte dos seus resíduos de forma irregular. Uma vez que, a legislação determina que o gerador do resíduo realize o correto acondicionamento, transporte e descarte.

Penalidade – O cidadão que for flagrado realizando o descarte irregular de resíduos pela segurança pública responderá por crime ambiental e caso flagrado por um auditor fiscal da Semadur será Autuado, via processo administrativo, de acordo com o Código de Polícia Administrativa, Lei 2909/92, do município de Campo Grande. A multa neste caso varia entre R$ 2.727,50 e 10.910,00.

No caso da ligação do Santa Emília com a Nova Campo Grande, a Prefeitura já tem recursos para o prolongamento da Avenida General Alberto Carlos Mendonça até o Polo Empresarial Oeste, contornando o Bairro Nova Campo Grande e Jardim Carioca. Acesse também: Após enxurrada, Inmet divulga alerta de tempestade para os 79 municípios de MS

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