O mercado financeiro do Brasil oscilava nas primeiras horas desta segunda-feira (14) com investidores procurando ajustar suas expectativas a informações domésticas e do exterior sobre os rumos da inflação no país e no mundo.
Às 12h05 (horário de Brasília), depois de altos e baixos na abertura do pregão, os mercados de ações e de câmbio apresentavam estabilidade. O dólar comercial à vista subia 0,03%, cotado a R$ 5,3270. Na Bolsa de Valores, o índice Ibovespa recuava 0,01%.
Internamente, investidores observam os movimentos da equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o debate sobre o quanto e de que forma a nova gestão poderá furar o teto de gastos para garantir o pagamento de benefícios sociais. O aumento de gastos públicos é observado com receio pelo mercado devido ao seu potencial para gerar inflação, provocar aumento dos juros e dificultar a execução do Orçamento.
Essa preocupação com a alta do custo de vida vai além do Brasil. No centro das discussões das finanças globais neste momento estão questionamentos sobre o quanto a desaceleração da inflação americana registrada na semana passada será capaz de convencer os membros do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) de que já não é mais necessário continuar subindo agressivamente a sua taxa juros para estabilizar os preços ao consumidor.
Após uma semana de euforia em Wall Street, o membro do Fed Christopher Waller decidiu acalmar os ânimos. Ele disse que investidores reagiram exageradamente aos dados de inflação e que os mercados devem se preparar para mais aumentos nas taxas, conforme reportou o The Wall Street Journal.
“O mercado parece ter saído na frente nisso”, disse Waller. “Todo mundo deveria apenas respirar fundo – acalme-se. Ainda temos um caminho a percorrer.” As declarações colaboravam para o esfriamento do mercado nos Estados Unidos. O indicador referência para as ações negociadas em Nova York, o S&P 500, perdia 0,45%.
Na sexta-feira (11), investidores ajustaram suas carteiras na tentativa de achar novos preços para o risco de aplicar dinheiro no mercado de ações brasileiro depois do discurso da véspera do presidente eleito ter sido compreendido pelo mercado como uma defesa do descontrole das contas públicas em nome da necessidade de ampliar gastos com assistência social.
No exterior, notícias de que a China está dando passos firmes para reduzir as restrições de controle da Covid animaram investidores estrangeiros e isso beneficiou todo o setor de matérias-primas.
Dólas e Ibovespa
Com isso, o dólar comercial à vista caiu 1,31%, a R$ 5,3250, neste pregão. Na semana, porém, houve alta de 5,4%, o que significou o maior avanço semanal da divisa desde maio de 2020, quando a economia foi abalada pela Covid. Ainda assim, a moeda americana acumula queda de 4,5% frente ao real em 2022.
Na Bolsa de Valores brasileira, o Ibovespa subiu 2,26%, aos 112.253 pontos. A alta nesta sessão não foi suficiente para compensar uma sequência de tropeços no últimos dias que resultaram em uma queda semanal de 5% do principal índice de ações do país.
A escalada do setor de matérias-primas no Brasil também ganhou força com investidores internacionais ainda otimistas com uma desaceleração da inflação americana que surpreendeu analistas na quinta-feira (10). O S&P 500, indicador parâmetro de Wall Street, subiu 0,92% na sexta e fechou a semana com um salto de 5,90%. A Nasdaq, que reúne ações do ramo da tecnologia, disparou 8,10% na semana.
Se por um lado Bolsa e dólar mostraram certo alívio, por outro, os juros continuaram subindo com força. As taxas DI (depósitos interbancários) com vencimento em 2024 saltaram a 13,97% nesta sexta. Há uma semana, esse indicador estava em 12,94%. A alta foi generalizada em todos os contratos de juros com vencimento para os próximos anos.
A abertura das curvas de juros, como esse cenário é chamado no jargão do mercado, indica a desconfiança sobre o compromisso do próximo governo em conter a inflação.
Com informações da Folhapress