Ao ir às urnas, nesse domingo (30), o eleitor sul-mato-grossense ao votar entre Capitão Contar (PRTB) e Eduardo Riedel (PSDB) terá a certeza de que o escolhido representará uma mudança na política estadual. Mudança esta que já se esboçou com a configuração das duas candidaturas que chegaram ao segundo turno.
Ficaram para trás um ex-governador (André Puccinelli), um ex-prefeito do maior colégio eleitoral do Estado (Marquinhos Trad), uma deputada federal e ex-vice- -governadora (Rose Modesto) e emergiram dois candidatos de direita.
Um ex-militar do Exército, alinhado de primeira hora do presidente eleito Jair Bolsonaro (PL) a partir da defesa de pautas conservadoras, que na sua primeira disputa conseguiu ser o deputado estadual mais votado, e um empresário ligado ao novo agronegócio e que nunca disputou um mandato eleitoral.
A campanha eleitoral de 2022, em vários momentos, foi marcada pela troca de acusações que muito se distanciaram da apresentação de propostas por parte dos candidatos e também teve um recorde de denúncias encaminhadas à Justiça Eleitoral. Isso pode ter refletido no resultado apertado em número de votos entre os dois primeiros colocados no primeiro turno.
O equilíbrio, pelo menos nas pesquisas divulgadas pelos vários institutos, parece ter permanecido ao longo do segundo turno, onde os percentuais para um ou para outro ficaram em torno de 5%, o que, dependendo da metodologia de cada instituto, configura margem de erro.
O fato de que ambos, desde a pré-campanha, apresentaram-se como alinhados ao presidente Jair Bolsonaro trouxe um ingrediente inusitado à campanha, criando um clima em que Contar tentou mostrar que é mais bolsonarista que Riedel e também se apoiou na constatação de que o bolsonarismo, a exemplo do que aconteceu em 2018, permanece muito forte em todo o Estado.
Já o candidato tucano, que não teve de correr atrás do chamado voto lulista ou de esquerda, pois por exclusão lhe foi declarado desde que se configurou o segundo turno, apenas procurou demonstrar que vota e apoia as ideias do presidente, tentando evitar uma migração em massa para o candidato do PRTB.
Repetição de 1996
Por isso a eleição deverá marcar o início de um novo ciclo político, tendo reflexos nas disputas eleitorais dos próximos anos exatamente como aconteceu, por exemplo, nas eleições de 1996, quando o deputado federal André Puccinelli (MDB) e o deputado estadual Zeca do PT foram para o segundo turno na eleição da Capital, deixando para trás políticos como Levy Dias e Nelson Trad. André venceu aquele pleito, mas Zeca chegou ao Governo do Estado dois anos depois e acabou sendo sucedido pelo próprio Puccinelli.
Os dois políticos passaram a ocupar o protagonismo político no Estado, substituindo Pedro Pedrossian e Wilson Martins, que polarizaram a disputa política nos primeiros anos de criação de Mato Grosso do Sul.
Projeções
O resultado das urnas desse domingo deverá trazer no mínimo um forte candidato a prefeito de Campo Grande ou mesmo um nome que poderá estar cotado para integrar uma chapa para a Câmara Federal, e, dependendo das configurações políticas, até mesmo entrar na disputa majoritária.
No caso do candidato Eduardo Riedel, o que se comenta é que ele se firma como liderança política do que poderia ser o moderno agronegócio, ao passo que Contar torna-se o principal nome do bolsonarismo em Mato Grosso do Sul.
Por Laureano Secundo – Jornal O Estado do MS.
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