“MS não apoia artistas daqui”, diz bicampeão do maior festival de dança do mundo

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Na 39ª Edição do Festival de Dança de Joinville (SC), o grupo Ginga Espaço de Dança representou Mato Grosso do Sul com a coreografia “Omolú”, do bailarino e coreógrafo Diogenes Antonio Pivatto, quem conquistou seu bicampeonato na categoria sênior, no dia 21 de julho deste ano.

Segundo o artista sul-mato-grossense, esta foi a terceira vez que seu grupo representou o Estado no evento e nenhuma vez foi apoiado pelo Estado. “Tivemos que recorrer, pela segunda vez, a criação de uma “vaquinha online”, para permanecer os doze dias no festival.”

“Mandei para a secretaria de cultura municipal e estadual, um projeto para três pessoas irem ao festival e ficarem por 12 dias na cidade. Eu esperava que eles, pelo menos, analisassem o projeto, para ver no que eles poderiam ajudar, seja na passagem ou na alimentação, mas não tivemos resposta. Faço todo ano esse pedido e não consigo nenhuma resposta. Não sabemos nem se leram a proposta.”

Diogenes relata, ao seus 54 anos, o quanto é importante artistas de Mato Grosso do Sul participarem de eventos de tamanha grandeza, onde há três décadas ele representa Estado no Festival de Dança de Joinville, que reúne mais de 550 grupos de dança de 23 estados brasileiros, além de bailarinos do Canadá e do México.

Foto: Divulgação

As secretarias pedem para levarmos a proposta com um mês de antecedência, para cotar a passagem. Porém, levamos dois mês antes do evento e eles não deram nenhum posicionamento”, critica o artista, alegando o Estado acaba dando mais oportunidades para artistas e eventos musicais.

Os bailarinos representantes de Mato Grosso do Sul no festival solicitam que a Fundtur (Fundação de Cultura de Campo Grande), a FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), ou parlamentares criem uma emenda cultural para artistas que não tenham recursos para participarem de eventos deste porte.

Em 2022, apenas seis projetos de leis para o setor cultural foram discutidos e aprovados na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), apenas um tratando de estímulos financeiros.

“A classe fica refém dos poucos projetos culturais que existem. Deveria ter mais oportunidades e projetos com nível de classificação profissional e para quem está iniciando”, declara Diogenes.

Silêncio branco

Durante a entrevista, o bailarino da Ginga Companhia de Dança conta que o espetáculo do grupo “Silêncio Branco”,  foi contemplado com a Lei de Incentivo à Cultura em 2021. Mas que, neste ano, o projeto está travado por falta de investimento e oportunidades.

A peça “Silêncio Branco” retrata e alerta a população sobre a violência contra a mulher. De acordo com Diogenes, a apresentação além de levar conhecimento para aqueles que nunca vivenciaram esse tipo de situação, sempre alertando a importância da denuncia.

“Não conseguimos seguir com a peça, pois não temos nenhum apoio para colocá-lo em cena. Este espetáculo não é só de dança, é também de utilidade pública, tivemos uma pesquisa toda feita com o apoio da Casa da Mulher Brasileira para montar o espetáculo, mas conseguimos apresentar somente três vezes”, conta.

Foto: Divulgação

O bailarino da Ginga Companhia de Dança fala que o o grupo  é bem aceito e reconhecido no Estado, mas acredita que o ideal seria colocar a peça dentro das escolas e faculdades, como objeto de estudo e pesquisa.

O dueto apresentado pelos bailarinos Diogenes Antonio Pivatto e Frantielly Ycasat garantiram já sua vaga para 40ª Edição do Festival de Dança em Joinville, que acontecerá em 2023, considerada a maior edição de comemoração já feita no Brasil.

 

A reportagem entrou em contato com a Fundtur e FCMS para perguntar qual o papel da secretaria nestes casos, mas até o fechamento do material não houve resposta. Acesse também: Com interferência do 5G, Capital recebe nova parabólica digital

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *