Furo de advogada de MS chamou a atenção dos investigadores da PF

Presidio
Foto: Valentin Manieri

A penitenciária federal de Campo Grande foi inaugurada em dezembro de 2006 e, durante esse período de 16 anos, nunca ocorreu fuga ou rebelião em nenhuma das unidades federais, segundo o Depen (Departamento Penitenciário Nacional), responsável pela administração do SPF (Sistema Penitenciário Federal). 

Ao todo, o Brasil conta com cinco presídios federais. Além de Campo Grande, tem unidade em Catanduvas (PR), Porto Velho (RO), Mossoró (RN) e Brasília (DF). Uma sexta penitenciária será instalada em Charqueadas, no Rio Grande do Sul. A expectativa é de que a nova unidade entre em funcionamento no próximo ano. 

As penitenciárias possuem o mesmo padrão tanto arquitetônico, com capacidade para 208 presos. Para cumprir penas nessas unidades, conforme o Decreto nº 6.877, de 18 de junho de 2009, o custodiado deve apresentar, ao menos, alguns pré-requisitos como ter desempenhado função de liderança ou participado de forma relevante em organização criminosa e ser membro de quadrilha ou bando, envolvido na prática reiterada de crimes com violência ou grave ameaça. 

Mesmo as unidades não sendo palco de nenhum motim, nesta semana a Polícia Federal deflagrou a Operação Anjos da Guarda contra um plano de resgaste de líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) que estão encarcerados em presídios federais. De acordo com a PF, a facção criminosa planejava sequestrar autoridades para conseguir a soltura das lideranças, entre outras ações.

O “Fantástico” divulgou, no domingo (14), novas informações sobre a operação que frustrou os planos de fuga de um dos maiores líderes do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o “Marcola”, detido na penitenciária federal de Porto Velho. As investigações começaram em dezembro do ano passado, com o monitoramento de conversas de advogados e familiares dos presidiários do PCC, que falavam em códigos para tratar do plano de resgate. 

A primeira desconfiança veio de uma conversa entre a advogada sul-mato-grossense Kássia Regina Brianez Trulha de Assis, de 41 anos, e o preso Edmar do Santos. No parlatório, a advogada falava muito em instâncias superiores e mencionava as siglas “STF”, para se referir à fuga da liderança presa em Brasília, e “STJ”, para cobrar o andamento da ação.

A advogada foi presa na semana passada em Três Lagoas, durante a Operação Anjos da Guarda. Em seu celular e computador, a PF encontrou anotações detalhadas dos planos de fuga. 

A última alternativa para resgatar presos do PCC seria o “plano suicida”, com uma rebelião. O código foi quebrado em fevereiro deste ano, após Kassia deixar uma penitenciária estadual de Campo Grande, onde havia se encontrado com Esdras Augusto do Nascimento Júnior, também do PCC, que havia recém-saído do presídio federal de Brasília, onde costuma tomar banho de sol com Marcola.

Kássia passou por audiência de custódia na semana passada, 11 de agosto, e teve a prisão mantida pela Justiça. Ela segue presa na sala de Estado-Maior destinada à prisão de advogados, localizada no Presídio Militar de Campo Grande.

O “Fantástico” também divulgou uma conversa no parlatório entre Marcola e sua esposa, Cynthia Willians Herbas Camacho. Condenado há 342 anos de prisão, o líder do PCC garante que continuará lutando para fugir da prisão.

“Enquanto eu tiver vida, tiver respirando, você pode ter certeza de que eu vou tá lutando pra sair daqui, entendeu? É que eu não posso falar um monte de coisa aqui, mas minha vida é lutar pra sair daqui”, assegurou a esposa. 

Mesmo preso, Marcola teve uma nova prisão decretada, a primeira na esfera federal, em razão das descobertas da Operação Anjos da Guarda. Além dele, outros criminosos seriam resgatados, como: Reinaldo Teixeira, Valdeci Alves dos Santos, Esdras Augusto e Edmar dos Santos.

Por Rafaela Alves e Suelen Morales – Jornal O Estado

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