Produção de leite no Estado caiu 15%, no primeiro trimestre do ano
Por Silvio Ferreira – Jornal O Estado
A disparada no preço do leite, nos supermercados, tem como justificativa o pasto seco e a queda na produção. Na última pesquisa feita pela equipe de reportagem, o leite chegou a passar dos R$ 7 para o consumidor.
Segundo o presidente do Silems (Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado de Mato Grosso do Sul), Paulo Fernando Pereira Barbosa, além de o inverno mais seco prejudicar a pastagem, também deixou a semente forrageira mais cara.
“A indústria está tentando encontrar um patamar de preços equilibrado, em que o produtor seja bem remunerado, a indústria também, mantendo seus investimentos, sem que a população deixe de consumir. No entanto, estamos passando por um período de ajuste de mercado”, destacou.
Altas no período de entressafra da produção, entre os meses de março e outubro, são comuns. Por conta da escassez de chuvas que deixa as pastagens pobres em proteína vegetal para o rebanho leiteiro, elevam- -se as cotações da soja e do milho encarecendo a ração. Segundo Barbosa, o momento é de desequilíbrio no mercado. “É um patamar de preço que não imaginávamos. Nem nós da indústria estávamos esperando. Nos preocupa, porque sabemos que o poder de compra do cidadão muitas vezes pode desestimular o consumo a esse preço”, ressaltou. No primeiro trimestre de 2022, foi registrada queda na produção de 10,29% em todo o país, em comparação com o primeiro trimestre do ano passado, ao passo que em Mato Grosso do Sul a redução foi de 15%.
Baixa remuneração
Se por um lado o alto preço de comercialização do produto pode desestimular o consumo, os valores pagos pelos laticínios, combinados com o alto custo de insumos para criadores, têm desestimulado a produção.
O produtor de leite Alceu Dazu, do município de Jaraguari, relata sobre o cenário no campo. “A média do leite paga pelo laticínio da região é de R$ 1,90. Com o leite entre R$ 6 e R$ 8 na prateleira, tem cabimento o produtor receber R$ 1,90?”
Dazu ainda lembra que o custo da produção aumenta pela necessidade de suplementação alimentar do rebanho. “E esse R$ 1,90 [pagos pelos laticínios] fica muito aquém do custo da produção do leite”, lamenta.
Outros fatores
Aumento dos combustíveis, da energia elétrica e do dólar, e até a guerra entre Rússia e Ucrânia, têm sido outros fatores que encareceram o leite.
Os combustíveis subiram 60% em dois anos de pandemia, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo). Fertilizantes, mais de 100% no último ano com a guerra entre Rússia e Ucrânia. A pior crise hídrica. em um século no Brasil, elevou o custo da energia elétrica e das rações.
Com isso, esses fatores aumentam os custos da produção e diminuíram a oferta de leite, inflacionando ainda mais o preço do produto. Casos como esses “levaram muitos produtores a saírem da atividade”, afirmou a analista técnica do Sistema Famasul, Melina Barcelos.
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