A primeira “vítima” dos conflitos bélicos na Ucrânia para a economia brasileira já possui nome e até mesmo endereço: a UFN3 (Unidade Industrial de Fertilizantes Nitrogenados), localizada no município sul-mato-grossense de Três Lagoas, a fábrica “entrou de gaiato” no bloqueio econômico – imposto pelos Estados Unidos e a União Europeia – à Rússia do presidente Vladimir Putin. Isto significa que a compra do imediata do empreendimento prometida pelo grupo russo Acron foi pelo ralo.
Segundo a coluna de José Casado para a revista Veja, a Petrobras anunciou no início do mês ter chegado a um acordo sobre “as minutas contratuais” para a venda da fábrica à Acron. De lá para cá, mal sabia o governo brasileiro das implicações geopolíticas e econômicas que a guerra traria especialmente para o negócio. E no último domingo (27), a Rússia foi desligada formalmente do sistema financeiro global. Sem atividades no Banco Central russo, a liquidação de contratos de compra e venda não serão realizados até segundo momento.
“O mundo vive uma crise de fertilizantes. Perdemos uma oportunidade de ter uma fábrica produzindo, fazendo fertilizantes no país. Os fertilizantes aumentaram cerca de três vezes, e isso reflete no preço da comida que está na sua mesa”, declarou o presidente Jair Bolsonaro sobre a UFN3.
Projetada para reduzir para metade a atual dependência doméstica de importações de adubos à base de amônia e ureia – que já beira a 90% – a fábrica em Três Lagoas está em construção há pelo menos uma década. Da Rússia, maior fonte de fertilizantes ao mercado interno, o Brasil distribuiu 22% do importado para as lavouras do país. Com o agravamento da crise ucraniana, os preços aumentaram ainda mais: a cada tonelada comprada, o governo pagou 56% a mais do que o preço médio de 2020, informou a Veja.
Na semana passada, a titular do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Tereza Cristina, descreveu alguns planejamentos da pasta sobre o enfrentamento da crise ucraniana do ponto de vista do agronegócio. Na época, a ministra disse estar avaliando “planos A e B”. Em resumo, o Brasil pode deixar de exportar uma boa quantidade de soja, trigo e carne a um de seus maiores clientes: a Europa. Isto porque, com a guerra, a cadeia logística será comprometida.