ARTHUR SANDES
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O início da pré-temporada dos clubes brasileiros trouxe consigo a certeza de que 2022 será mais um ano do futebol impactado pela pandemia de COVID-19. Até a manhã desta quinta-feira (13), os elencos dos times da Série A somam pelo menos 61 jogadores infectados, isolados e que perdem dias fundamentais de trabalho justamente no momento mais importante de preparação.
Os impactos são variados: desde um titular que perde alguns treinos e com isso atrasa sua preparação até o atraso na apresentação e aclimatação e entrosamento dos tão aguardados reforços para a temporada. Em um calendário apertado, que prevê apenas 17 dias de pré-temporada, a quarentena pode custar mais da metade deste período de preparação.
Há ainda as possíveis sequelas do vírus, que, em última instância, podem impactar também no desempenho de um atleta. Ninguém ainda sabe com certeza os efeitos que a COVID-19 pode ter a longo prazo, mas um estudo recente concluiu que pessoas não vacinadas podem apresentar fadiga além do normal por até um ano após a infecção pelo coronavírus, mesmo os assintomáticos —ainda não há versão semelhante com vacinados.
A curto prazo, a COVID-19 vira problema enorme em clubes com novos surtos, como nos casos de São Paulo e Palmeiras. Os dois rivais somam 21 jogadores infectados pelo coronavírus, um terço do total revelado pelos 14 times da Série A que divulgaram os resultados de seus respectivos elencos.
O São Paulo se reapresentou sem quatro jogadores e diagnosticou mais sete casos na primeira bateria de exames de 2022, feita na terça (11). Neste cenário, o técnico Rogério Ceni tem apenas dois terços do elenco principal à disposição no começo do ano —o time estreia na temporada em duas semanas, no dia 27.
No Palmeiras, só no elenco principal já são dez atletas afastados da pré-temporada após testes positivos, o que obrigou Abel Ferreira a completar os treinos com garotos da base —o time já tem jogo marcado para o dia 26. A conta aumenta com as categorias de base, porque a equipe que disputa a Copinha está desfalcada de cinco atletas isolados, incluindo o atacante-sensação Endrick.
Fortaleza (oito jogadores), Santos (sete) e Red Bull Bragantino (seis) abrem o ano com impactos semelhantes da COVID-19 em seus elencos. Já o Juventude tem cinco profissionais afastados, mas não detalha se são jogadores, membros da comissão técnica ou funcionários do departamento, e no Coritiba o problema é na diretoria —tanto o presidente Juarez Moraes e Silva quanto os vices Jair José de Souza e Maurício Gulin tiveram que ser afastados.
Cinco clubes do Brasileiro não divulgaram os resultados dos testes de COVID-19 feitos por seus elencos nesta pré-temporada: América-MG, Avaí, Coritiba, Cuiabá e Goiás. O Atlético-MG ainda não se reapresentou, enquanto o Athletico trabalha apenas com o time de aspirantes.
Também há os reforços que precisaram adiar a chegada a seus novos clubes, como é o caso de Felipe Melo no Fluminense, do lateral Rafael no Botafogo e da dupla Bryan García e Jonathan no Athletico. O caso mais recente é o do atacante Zé Roberto, que só poderá ser apresentado oficialmente pelo Ceará quando testar negativo.
No Corinthians, a COVID-19 adiou os exames do goleiro Ivan, prestes a ser contratado, e também fez Sylvinho abrir a pré-temporada sem Jô, Renato Augusto e Willian, mas os meias já testaram negativo e foram reintegrados. O Internacional tem um caso positivo —Gabriel Mercado, que ainda está na Argentina— e outro suspeito, envolvendo Boschilia. Já o Flamengo só tem Matheuzinho afastado.
Até o Atlético-MG, que ainda nem se reapresentou, indiretamente também foi alcançado pelo vírus. Anunciado como reforço para esta temporada, o zagueiro Diego Godín testou positivo e precisou ser isolado no CT da seleção uruguaia, onde treinava para o retorno das Eliminatórias.
Atletas da Série A que têm ou tiveram COVID-19 nesta semana:
São Paulo (11): Calleri, Danilo Gomes, Gabriel, Miranda, Pablo, Patrick, Rafael Silva, Reinaldo, Rodrigo Nestor, Thiago Couto e Tiago Volpi;
Palmeiras (10): Breno Lopes, Deyverson, Gabriel Menino, Gustavo Scarpa, Jorge, Matheus Fernandes, Patrick de Paula, Rafael Navarro, Rony e Weverton;
Fortaleza (8): Depietri, Igor Torres, Landázuri, Matheus Jussa, Max Wallef, Ronald, Titi e Wagner Leonardo;
Santos (7): Ângelo, Carlos Sánchez, Léo Baptistão, Luiz Felipe, Marinho, Sandry e Vinícius Zanocelo;
RB Bragantino (6) e Juventude (5): não divulgam os nomes;
Ceará (4): Iury Castrilho, Kelvyn, Vinícius Machado e Zé Roberto;
Corinthians (3): Jô, Renato Augusto e Willian;
Athletico (2): Bryan García e Jonathan;
Botafogo (2): Gatito Fernández, Rafael;
Internacional (2): Gabriel Mercado e Boschilia (este, suspeito);
Atlético-GO (1): Luan Polli;
Flamengo (1): Matheuzinho;
Fluminense (1): Felipe Melo.