Vivemos a maior parte dos dias conectados e o WhatsApp é uma das ferramentas mais ágeis que facilitam a comunicação entre as pessoas, inclusive a maioria das empresas incorporam esse recurso na rotina do dia a dia de trabalho, em uma linha direta de comunicação entre patrão e funcionários. A questão é quando as empresas abusam do uso dessa ferramenta, extrapolando o horário de expediente do colaborador, que acaba recebendo mensagens e ligações em seu horário de descanso, inclusive nos fins de semana.
Diante disso a professora do curso de Psicologia da Uniderp, Giuliana Elisa dos Santos explica que é importante saber que não existe nenhuma obrigatoriedade de se responder uma mensagem fora do expediente. Os horários de descanso precisam ser respeitados.
“Legalmente, hoje sabemos que mensagens de WhatsApp fora do horário de trabalho, podem gerar processos e muitas empresas têm arcado com pagamentos de horas extras e mesmo danos morais ao trabalhador. Além disso, o não respeito a essas horas de descanso ou mesmo o excesso de conduta abusiva por parte, por exemplo, da chefia, pode gerar danos à saúde física e mental do trabalhador”, revela a docente.
Mas a pergunta é: como impor um limite para que não haja uma conduta abusiva? A resposta segundo a psicóloga não é tão simples. Porém, se passou do horário de trabalho, você notou que é assunto profissional, não responda.
“Dentro do horário comercial, você responde. Assim, você demonstra sutilmente para o outro, que fora deste horário, você não está disponível”, aconselha Giuliana.
Para quem tem medo de não responder e sofrer algum tipo de retaliação, talvez o indicado seja dizer que não tem acesso àquela informação naquele momento. “Dizer que está em afazeres que o impossibilitam. E que ao chegar ao trabalho no dia seguinte, atenderá a demanda assim que possível”, orienta.
A ideia de quem está passando por excessos é poder, a princípio, conversar abertamente com o chefe ou com o colega que manda as mensagens em horários fora do expediente. “Caso não seja possível negociar essas demandas, recomenda-se recorrer ao departamento de RH da empresa”, finaliza.
Se posicione
A assessora de imprensa, 43 anos, que não quis se identificar se viu em momentos fora do expediente de trabalho respondendo mensagens da empresa em que trabalha e atendendo demandas fora do seu horário de trabalho. A situação não chegou a afetar sua saúde mental, mas a sensação era a de estar sempre “aposta”.
“A qualquer hora pode chegar uma mensagem, que pode ser só algo para programar para a semana, como pode ser algo mais trabalhoso, que vai ocupar boa parte do meu fim de semana e o que estava programado para ele. Isso gera uma sensação de cansaço constante, porque nunca consigo me desligar 100% do trabalho”, revela.
Apesar de saber que a questão do “plantão” é inerente ao cargo, muitas vezes os assuntos abordados podem ser tratados normalmente durante o horário de expediente e não são realmente urgentes. “Quem demanda por vezes nem percebe a sobrecarga que isso causa. Cada mensagem do Whatsapp de alguém da empresa fora do horário acaba gerando uma resposta estressante, mesmo que seja apenas um aviso ou lembrete por parte dos superiores. Claro que tem situações necessárias de atender em horário extra, mas eu diria que não é nem metade”, expõe.
A assessora de imprensa aprendeu a lidar com o problema, com jeito se posicionou e mostrou que está disponível fora do horário somente para o que for realmente urgente. “Estipular horários para olhar o celular e até combinar que se for realmente urgente, para telefonar, ressaltando que ligações devem ficar apenas para esses casos”, conclui.
Texto: Bruna Marques