Chamando o olhar para si, a atenção às coisas que nos oprimem e para as que nos aliviam, o Janeiro Branco foca na saúde do corpo, além dos exercícios e da boa alimentação.
Mariela Bailosa, psicóloga do programa Viver Bem da Unimed Campo Grande, fala que: “É o processo de autoconhecimento que vai fazer com que a pessoa consiga identificar inclusive o que a deixa sobre maior estresse, pressão e desconforto, ou não. O que pode me gerar ansiedade é diferente de outra pessoa”.
“Quando olho para mim – e com a ajuda de um profissional isso fica ainda mais coeso, técnico – com esse apoio, consigo então ver meus desejos, anseios, inseguranças e medos, o que me gera estresse, o que gera prazer… aí, então, eu consigo identificar alguns gatilhos”, explica Mariela sobre os possíveis iniciadores de crise, que variam de pessoa para pessoa.
Complementando, a psicóloga aponta: “Ao passo que identifico esses gatilhos, eu vou conseguir então pensar essas estratégias de intervenção. Por exemplo, uma pessoa em quem o falar em público gera muita ansiedade, se ela já entendeu, seja porque ela esquece, ou medo de se confundir ou não agradar… entre estratégias, levar um caderno com anotações, com os principais pontos, até mesmo um ensaio antes, são estratégias para prevenir contra as situações de crise”.
Das estratégias para prevenir contra situações de crise, aponta que: “Elas vão se basear em conhecer primeiro o que nos gera ansiedade. Que na maioria das vezes a gente nem sabe o que nos entristece ou gera maior estresse. A gente vai vivendo meio que pelo piloto automático e isso nos deixa sem reação para as crises e demais coisas que nos exigem”.
“Tem técnicas que dizem que: a partir de um pensamento disfuncional a gente pode pensar três pensamentos funcionais. Então, quando a gente conhece o que nos gera ansiedade, ao passo que começamos a perceber alguns comportamentos nossos em direção a isso, a gente pode rever inclusive o que a gente pensa. Fazer o exercício de pensar coisas boas, nessa modificação de pensamento, de comportamento, elas vão nos policiar a entrar nessas crises”, comenta Mariela Bailosa.
Dados do ano passado, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), apontam que 300 milhões de pessoas sofrem da enfermidade que é causa de cerca de 800 mil suicídios por ano. Em 2019, só em Campo Grande, até o mês de março foram registradas 254 tentativas de suicídio, de acordo com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública).
Quanto às redes de apoio, a psicóloga comenta: “É importante que a pessoa identifique em quem ela confia. Podem ser pessoas da família; colegas de trabalho; amigos; pessoas de uma determinada comunidade religiosa ou profissionais que frequentou e criou vínculo. É importante que ela consiga identificar em quem ela confia e realmente pode ter apoio para essas crises. É claro que, quando essa pessoa recebe o acompanhamento profissional, orientações, ela vai ser ensinada a criar estratégias pessoais”, pontua ainda.
Em relação à campanha, a profissional ressalta: “Janeiro, nesta campanha mundial com o mês voltado para a saúde mental, é importante abordar como algo de promoção de saúde. Diferente do Setembro Amarelo, que vem com uma sobrecarga mais pesada, da temática do suicídio e da depressão, Janeiro Branco vem para dizer ‘cuide-se’, ‘olhe para você e o que te dá prazer’, ‘para o que te dá desconforto’, ‘procure ajuda, se necessário’ e ‘modifique’”.
“É um convite para que as pessoas parem neste início de ano, em que costumam fazer planos e projetos, um convite para que esse olhar não seja tão materialista, consumista, ou até mesmo exibicionista, preocupado com ‘o que os outros vão achar’”, ainda destaca.
Finalizando, comenta: “É um olhar para si provocando a temática da saúde mental. Quando a gente olha e cuida da gente, das emoções, o nosso corpo agradece e isso é saúde”.
(Texto: Leo Ribeiro)