Bruna Marques
Casais que decidem se separar e seguir vidas separadas. O que parece ser uma situação cada vez mais comum nas relações conjugais ganha novos contornos quando os “pais de pets” precisam decidir a divisão de responsabilidades pela proteção e cuidados dos bichos de estimação. A guarda compartilhada é uma saída viável para os tutores que não querem abrir mão da convivência com o animal, mas exige comprometimento de ambos.
De acordo com a coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Anhanguera Dourados, Mariana Belloni, o assunto tem suscitado dúvidas entre os casais, que têm buscado mais informações e maneiras de assegurar o bem-estar do pet.
“Alguns fatores devem ser levados em consideração no momento de decidir a guarda compartilhada, como por exemplo, o laço afetivo e o tempo disponível dos tutores. Não apenas o sentimento humano deve ser ponderado, mas o vínculo criado entre o pet e seus tutores, que se rompido bruscamente fará o bichinho sentir a ausência, gerando quadros de estresse, ansiedade, sensação de abandono, podendo desencadear problemas de comportamento e até clínicos”, diz a professora.
Outro ponto abordado pela especialista e que influência na decisão é quanto à divisão de gastos, uma vez que o pet demanda despesas com alimentação, saúde, passeios, banhos e outros. Com relação à mudança constante de rotina, Mariana destaca que os pets são bastante adaptáveis a elas, mas desde que acompanhado pelos tutores.
“É importante observar atentamente quaisquer alterações no comportamento, como por exemplo, se ele era dócil e passa a se tornar mais agressivo. Outros sintomas que precisam ser relatados ao médico veterinário: falta de apetite, apatia, sono em excesso, hábitos que não tinha antes, como correr atrás da cauda e lamber-se em excesso. Tudo deve ser relatado ao profissional para que ele oriente melhores formas de adaptar esse pet a uma nova rotina”.
A professora ressalta a importância da manutenção de uma rotina e a fixação de regras, como horários para alimentação, passeios e brincadeiras. “É recomendável que se mantenha o mesmo local de banho e tosa e médico veterinário, ao que ele já está habituado. Nas visitas, procure levar cama, brinquedos, almofadas, ou seja, tudo o que ele gosta e que traga familiaridade. Caso haja mais de um animal que vivem harmonicamente, é interessante mantê-los juntos também”, destaca.
A respeito do tempo na casa de cada tutor, o indicado é que seja definido entre ambos, conforme disponibilidade de cada um, “desde que sejam respeitados a saúde e o bem-estar do animal”, frisa Mariana. “Quanto menos o bichinho seja afetado por essas mudanças, melhor”.
E se o casal não entrar em um acordo e não houver a guarda compartilhada? “Nesse caso, o pet pode sentir muito a falta do outro tutor. Para que a saúde do animal seja priorizada, quem ficou a tutela deve buscar manter uma rotina saudável, com passeios e brincadeiras. Mantenha-o ativo para que a ausência do outro tutor não cause tanto impacto. Tente manter um objeto da pessoa que está ausente, para que o pet possa sentir seu cheiro e amenize essa falta”.
Dicas para que a adaptação do pet seja tranquila
– Alimentação: deve ser única, para evitar problemas de saúde no animal;
– Objetos: importante acompanhá-los sempre, principalmente, para que tenha contato com o cheiro do tutor ausente;
– Visitas ao médico veterinário: deve ser constante, para acompanhamento da saúde do animal e quaisquer alterações comportamentais devem ser relatadas. Em um período de mudanças de rotina, o animal pode desenvolver problemas de fundo emocional, que podem ser manifestados clinicamente, como no caso de febres, dermatites, imunidade baixa, queda de pelos etc.