Recursos lúdicos prometem ajudar na missão de ensinar os pequenos sobre a gravidade da nova infecção respiratória
Com as diferentes informações que surgem diariamente sobre o coronavírus e o incentivo ao isolamento social por todo o mundo com o intuito de diminuir o número de casos confirmados da doença, os impasses dentro de casa ficam maiores. Entre negar uma ida ao parque, ou uma visita rotineira aos avós, os pais precisam explicar para as crianças o porquê dessa mudança repentina.
De acordo com a psicóloga e professora do curso de psicologia da Uniderp, Fernanda Moraes, esse esclarecimento precisa ser feito de forma cautelosa e obedecendo a idade de cada criança. “O nosso diálogo com as crianças deve-se respaldar sempre à sua idade de entendimento, mas de maneira geral, a conversa deve acontecer de forma lúdica. Um dos recursos que podemos usar é um vídeo que viralizou na internet, em março, e que mostra uma experiência usando um prato com água e, sobre o líquido, um tipo de tempero culinário, como orégano, por exemplo. Esse vídeo é um ótimo exemplo para ilustrar e explicar o cenário que estamos vivendo, além de orientar sobre a importância da higienização.”, explica a especialista.
Para um melhor aprendizado, a criança precisa realmente entender o que está acontecendo, não na linguagem dos adultos, mas, na linguagem delas. E um dos materiais que pode ajudar nisso, é uma cartilha criada pelo Ministério da Saúde que mostra o cenário e os cuidados de uma forma mais lúdica.
“Além disso, hoje em dia, há vários livros, vídeos lúdicos que ajudam a explicar à criança o que está acontecendo, visto que a rotina delas mudou, que ela não está de férias e ainda há novos comportamentos a serem aprendidos com a finalidade de proteção e prevenção, como: usar máscaras, lavar as mãos, passar álcool 70%, as maneiras de como tossir, espirrar, que ela não pode beijar e abraçar quem chega da rua em casa”, esclarece a psicóloga.
O que também deve ser evitado pelos pais quando as crianças estiverem por perto é o consumo de conteúdos informativos especificamente para adultos, como jornais televisivos e programas de rádio. “É importante também salientar que não é interessante que as crianças tenham contato com a notícia e o diálogo dos adultos em relação ao que está acontecendo, pois como elas entendem no mundo da imaginação, algo pode não ser compreendido como o previsto”, orienta.
É importante que os pais proporcionem momentos de prazer além das obrigações escolares, para tornar o ambiente mais ameno. O ideal é aproveitar esse momento para usufruir, de uma maneira mais criativa, a integração familiar e colocar em prática, ideais que antes não se tinha tempo. “Por exemplo, ensinar para as crianças atividades de vida prática para que aprendam coisas novas e se sintam mais autônomas, como receitas simples de culinária, ou, também, organizar com a criança um cartaz com os valores, as regras e outros combinados da família para ela colar em um canto da parede. Outra dica é, se tiverem brinquedos e roupas para doação, escolher um momento para separá-las junto com a criança. Pensar em utilizar esse tempo da criança de uma maneira criativa, pois ela pode ficar entediada e angustiada com esta rotina”, recomenda.
Dizer que os avós precisam de um cuidado especial e que, por enquanto, só estão liberados os contatos virtuais é fundamental. É interessante sempre possibilitar à criança um otimismo nesta situação.
(Texto: Bruna Marques)