Volta dos médicos cubanos à MS traz esperança para usuários do SUS

Foto: Marcos Maluf
Foto: Marcos Maluf

Filas enormes, falta de médicos e farmácia fechadas são algumas das inúmeras reclamações feitas pelos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) do estado. Mas uma nova medida do Governo Federal pode trazer uma melhora considerável aos atendimentos, principalmente nas unidades de saúde do interior de MS. O secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Nésio Fernandes, afirmou no dia 4 de janeiro que o Programa Mais Médicos será retomado. Segundo ele, a prioridade será para profissionais brasileiros. O programa lançado em 2013 busca aumentar o número de profissionais de saúde, especialmente no interior brasileiro. 

Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), em Campo Grande são sete profissionais do Mais Médicos atuando nas seguintes USFs (Unidades de Saúde da Família): USF Macaúbas, USF Alves Pereira, USF Jardim Botafogo, USF São Conrado, USF Tarumã e USF Sírio-Libanês e esse número deve aumentar neste ano.  

Para a secretária adjunta da Sesau, Rosana Leite, a retomada do programa contribuirá com a chegada desses profissionais aos municípios do interior. “Quando o programa surgiu, nós tínhamos uma quantidade de médicos muito baixa e de fato, existia a necessidade de um programa, principalmente para incentivar a fixação nos municípios com muita deficiência e Campo Grande em 2016 e 2017 tinha um deficit de médicos”, afirmou em entrevista ao jornal O Estado.

Durante esse processo, o desembargador Carlos Augusto Pires Brandão, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), sediado em Brasília, atendeu ao pedido de reintegração dos profissionais cubanos. O pedido havia sido feito pela associação que representa 1,7 mil intercambistas cubanos que ficaram no Brasil. No pedido, a entidade argumentou que os médicos que chegaram ao país para trabalhar no programa Mais Médicos, criado em 2013 pela então presidenta Dilma Rousseff, não tiveram o vínculo renovado durante o programa Médicos pelo Brasil, criado no governo Jair Bolsonaro.

Conforme a Associação Nacional dos Profissionais Médicos Formados em Instituições de Educação Superior Estrangeiras (Aspromed), os profissionais cubanos selecionados no 20º ciclo do programa tinham contrato de dois anos de forma improrrogável, enquanto o edital para os demais intercambistas previa três anos de trabalho, que poderiam ser renováveis.

Ao analisar os argumentos, o desembargador destacou a importância do programa para o atendimento da população que vive em municípios carentes e para auxiliar na crise humanitária envolvendo os indígenas yanomami.“O programa permite implementar ações de saúde pública de combate à crise sanitária que se firmou na região do povo indígena yanomami. Há estado de emergência de saúde pública declarado, decretado por intermédio do Ministério da Saúde”, afirmou.

Para o magistério, a decisão também envolve questões humanitárias dos médicos cubanos que ficaram no Brasil. “Mostra-se evidente a quebra de legítima expectativa desses médicos, que, em sua ampla maioria, já constituíram famílias em solo brasileiro. Após contratações juridicamente perfeitas de seus serviços por parte da União, que se prolongaram no tempo, afigura-se verossímil imaginar que os médicos cubanos aqui representados reprogramar as suas vidas, segundo as expectativas formadas a partir dessas contratações, e parece justo reconhecer que agora pretendem permanecer no Brasil”, concluiu.

No fim de 2018, o governo cubano determinou o retorno dos profissionais após desacordo com declarações do então presidente eleito Jair Bolsonaro em relação a mudanças sobre as regras para que os médicos continuassem no programa.

Personagem Elisabeth Grandi (Foto: Marcos Maluf).

Mediante a todas essas decisões, o jornal O Estado Online foi às ruas de Campo Grande para saber a opinião dos usuários dos serviços do SUS sobre a retomada do programa, a maioria se disse esperançosa com a possibilidade de melhoria das UBS e Upas. Todos os entrevistados concordam com a chegada dos novos profissionais que devem compor o quadro médico do estado nos próximos meses. Segundo a empresária Elizabeth Grandi, de 60 anos, a chegada dos médicos cubanos ajuda a suprir a demanda de atendimentos, já que muitos médicos não aceitam atender em locais isolados por conta do salário oferecido, “Os daqui querem ganhar muito e eles [prefeitura e estado] não querem contratar, tem que chegar em um acordo que ajuda todo mundo. O povo reclama muito, dentro das Upas tem muita gente e ninguém atende. Acredito que esses novos médicos querem trabalhar mais”, comenta.

Já a dona de casa Maria Aparecida da Silva, de 59 anos, comentou que é a favor porque a quantidade de médicos do estado não é suficiente. “Temos que dar oportunidade para o pessoal de outro país. Atualmente o atendimento está péssimo. Eu acredito que independente do país, se vir e atender bem a população, tá bom. O fabricante de doces e salgados, Paulo Silva, de 47 anos, concorda com Maria.  Ele pontuou que a saúde está precária e acredita que quanto mais médico melhor. ” Até evito ir no posto, o atendimento demora, exame demora e consulta demora”. Ele finaliza dizendo que também acredita que independente da nacionalidade dos médicos, a chegada deles irá trazer benefício à população.

Com ressalvas, a trabalhadora do setor administrativo do Hospital Regional, que só quis se identificar como  Elionor, 58 anos, iniciou sua fala dizendo que esse assunto é delicado. Para ela a decisão não é ruim, “Desde que eles passem por um processo para saber se eles estão capacitados, o tal do revalida eu não acho ruim. Como trabalhadora da área da saúde, eu acho nossa saúde maravilhosa, o SUS é maravilhoso, pena que não funciona direito. O sol nasce para todos, desde que eles tenham condições, vai ser bom pra gente”, finalizou

Personagem Paulo Silva. Foto: Marcos Maluf.

Com informações da Agência Brasil e do repórter João Gabriel Vilalba.

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