[Texto: Inez Nazira, Jornal O Estado de MS]
No Estado, mais de 34 mil estudantes estão inscritos e nova data do certame ainda não foi divulgada
A prova do CNU (Concurso Nacional Unificado), conhecido como “Enem dos Concursos”, que seria aplicada neste domingo (5), foi adiada ontem (3), pelo Governo Federal, por conta das enchentes que provocaram estragos e deixaram 39 mortos no Rio Grande do Sul.
Ainda sem uma nova data de aplicação definida, os candidatos agora podem respirar mais aliviados, já que a maior preocupação dos candidatos era em relação ao local e prova, segundo o governo federal 94,6% dos candidatos fariam as provas em um endereço até 100 km de distância de onde mora.
Esse é a primeira vez que o CNU aconteceria, com 6.640 vagas ofertadas em 21 órgãos públicos. No MS, 34.449 pessoas se inscreveram para o concurso, divididas em quatro municípios, que são: Campo Grande (21.538), Corumbá (2.611), Dourados (7.739) e Três Lagoas (2.561). Ao todo, no Estado teria 53 locais de prova e 1.079 salas, mesmo com a variedade, os candidatados apontam que se sentiam prejudicados com o local que foram alocados.
Uma das concorrentes, Juliana Oliveira, mora no Jardim Imá, região oeste, e faria a prova no Maria Aparecida Pedrossian, região leste da cidade, lados opostos. A candidata conta que tentou entrar em contato com os organizadores para relatar e questionar a questão da distância, contudo, informaram que só seria possível trocar o local de prova caso o espaço mínimo fosse de 40 km.
“O local de prova ficaria 15 km de casa, ou seja, cerca de 30 minutos, essa distância atrapalharia no concurso. Pensando no geral, não é todo mundo que tem veículo próprio, alguns vão de transporte público, outros com aplicativo de viagem, mas em um domingo as coisas são mais paradas, fica difícil o acesso. Outro ponto, teria que acordar mais
cedo para ir com tranquilidade, contando com o possível trânsito e a distância, além de tentar achar vaga, pois iria de carro”, pontua.
Ao jornal O Estado, Keyla Karolina revela que o seu local de prova ficava a 10km de sua casa, cerca de 20 min de percurso. A participante ainda acrescenta, que a prova seria no horário de Brasília, uma hora a mais do horário local, que também atrapalharia na hora de se preparar.
“Moro no Universitário 2, a minha prova seria no Vilas Boas, é um pouco longe, acredito que tenha outro local mais próximo de casa. Teria que fazer uma logística para tentar chegar no local a tempo. Ia de carona com a minha irmã, que também realizaria o exame, ela faria em um local diferente, uns 2km do meu local de prova, então teríamos que acordar bem cedo para fazer esse trajeto para dar tempo dela chegar na escola que ela foi destinada. Além disso, teria que dormir cedo para poder acordar no horário, e, também
não ficar com sono durante a prova”, conta.
Outra requerente, Flávia Pompeu também não deu sorte com o local de prova. A aspirante mora 9km do local de prova, cerca de 20 min de um lugar para o outro. Ela já tinha decidido pedir carona para o seu pai, por dois fatores, para evitar qualquer acidente de percurso, por ele ter mais familiaridade com o trânsito campo grandense e pela reocupação em não acordar no horário.
“Eu acho que esse fator me atrapalharia bastante para a prova, porque sempre que eu fiz provas de concursos, o próprio Enem, eu sempre fazia ou na UCDB ou aqui perto de casa, na Unigran Capital, que eu moro há duas quadras. Então, eu nunca tive que enfrentar esse empecilho de fazer prova num lugar tão distante e num lugar desconhecido. Eu não sei como que funcionaria a estrutura dessa escola, não sei, por exemplo, se teriam vagas disponíveis para estacionar o meu carro. E também, outra coisa que atrapalha bastante nessa
distância tão longa, é que como a prova seria em dois turnos, eu não conseguiria voltar pra casa pra almoçar e retornar”.
Preeparação para a prova
Por ser uma prova inédita, muitos estudantes não tinham base para estudar. O coordenador da Mandetta Easy, centro de estudos, revela que a preparação do material foi um grande desafio, que as matérias previstas eram diferentes daquilo que os candidatos estavam acostumados a estudar.
“A prova, com certeza, trará surpresas. Muitos conteúdos são subjetivos quase sem questões anteriores para termos uma base de estudo, muitas matérias eram inéditas e saiam
da rota de estudos daqueles candidatos que se preparam com antecedência. Nossos alunos foram preparados com aulas presenciais e on-line, onde foi passado aos alunos todos os conteúdos pertinentes ao edital. Percebemos que este concurso foi alvo de candidatos que nunca tinham estudado para concurso público. Um dos motivos, talvez seja, o grande número de vagas anunciado”, aponta.
Duas das candidatas entrevistadas alegaram estar preparadas para a prova. Juliana diz estar tranquila, ela pontua que pelo fato de fazer concurso todo ano está bem direcionada.
A Keyla diz que se preparou para o exame, estudou para outros concursos que tinham o mesmo conteúdo. Já a Flávia revela não estar tão confiante, por ser uma prova nova.
“Eu me formei em Direito e dos eixos temáticos desse concurso, nenhum era específico da área forense, da área jurídica. Eu fui ler o edital para ver como seria a estrutura dessa
prova, e eu me surpreendi pela ausência de especificidade em relação a algumas partes, como por exemplo, eles não explicam como vai ser essa questão discursiva, se vai ser
numa estrutura de redação do Enem, como que vai ser o tipo de texto que a gente vai ter que escrever, eles somente explicam que tem que seguir o número mínimo de linhas e
que não pode fugir da temática proposta pelo anunciado, mas só que eles não explicam como que vai ser desenvolvida essa temática do anunciado ou se ela vai ser desmembrada mesmo em subtópicos. Eu acho que o edital pecou bastante nesse quesito”, pontua Flávia. Agora, o momento será de preparação.
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