Alta foi puxada por exportações para a Argentina, mas junho teve queda em produção, vendas e empregos; importações preocupam montadoras
A produção de veículos no Brasil somou 1,226 milhão de unidades no primeiro semestre de 2025, crescimento de 7,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (7) pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e mostram um início de ano positivo para o setor, ainda que o cenário projetado para os próximos meses seja de cautela.
Segundo a entidade, as vendas internas também avançaram: 1,199 milhão de unidades foram emplacadas entre janeiro e junho, alta de 4,8%. Já as exportações saltaram 59,8% no período, com 264,1 mil veículos enviados ao exterior, puxadas principalmente pela recuperação da demanda na Argentina, que absorveu 60% dos embarques.
Apesar dos bons números no semestre, junho fechou em queda em quase todos os indicadores. A produção no mês foi de 200,8 mil unidades, 6,5% a menos que em maio e 4,9% abaixo do volume registrado em junho de 2024. As vendas caíram 5,7% em relação ao mês anterior, somando 212,9 mil veículos. As exportações tiveram leve retração de 1,7% em relação a maio, mas ficaram 75% acima do mesmo mês do ano passado.
“Os números de junho nos preocupam um bocado. O dia útil a menos em relação a maio não justifica as quedas que tivemos no mês, de 6,5% na produção, 5,7% nos emplacamentos e 2,7% nas exportações, além de uma alarmante redução de mais de 600 empregos diretos nos últimos meses”, afirmou o presidente da Anfavea, Igor Calvet.
Outro ponto de atenção é o aumento das importações. O volume de veículos trazidos do exterior no primeiro semestre cresceu 15,6% e chegou a 228,5 mil unidades. A maior parte vem da China, o que acendeu um alerta na indústria nacional.
“É cada vez mais evidente que estamos recebendo um fluxo perigoso de veículos chineses para o nosso mercado, com um Imposto de Importação abaixo da média global. Não ficaremos passivos com a interrupção de um projeto de neoindustrialização do país e com o avanço de propostas, como essa de redução da alíquota para montagem de veículos semi-desmontados, que não geram valor agregado nacional e geram pouquíssimos empregos”, criticou Calvet.
Mesmo com o desempenho positivo no acumulado do ano, o setor vê um segundo semestre cercado de incertezas. A dependência das exportações para a Argentina e a pressão das importações sobre a produção local devem ser fatores decisivos para o ritmo da indústria nos próximos meses.
*Com informações da Agência Brasil
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