Mais de dez dias se passaram sem indícios concretos do paradeiro dos foragidos
A busca pelos dois presos que escaparam da penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, completou um mês nesta quinta-feira (14), expondo as dificuldades enfrentadas pelo governo na recaptura dos detentos.
Nesse intervalo, os fugitivos já mantiveram uma família como refém, foram avistados em comunidades diversas, se esconderam em uma propriedade rural e agrediram um indivíduo na zona rural de Baraúna.
Investigadores conseguiram mapear nesse período uma rede de apoio fora do presídio, que estaria sendo bancada pela facção criminosa Comando Vermelho. Os agentes não descartam a possibilidade de que os fugitivos continuem recebendo ajuda, até mesmo de moradores locais.
Segundo a Polícia Federal, sete pessoas já foram presas desde o início da operação nos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte, sendo que seis tiveram ligação com as fugas.
Investigadores apontam que os fugitivos foram vistos pela última vez quando invadiram um galpão na madrugada do dia 3 de março e agrediram um agricultor que estava dormindo no local. Mais de dez dias se passaram sem que houvesse indícios mais fortes do paradeiro.
De acordo com os agentes, a evidência mais quente surgiu quando os policiais conseguiram falar com o mecânico Ronaildo Fernandes e descobriram o esconderijo onde os fugitivos permaneceram por quase oito dias.
Os policiais também reclamam de uma suposta demora na operação.
Fernandes foi abordado pela polícia na tarde de sexta-feira (23) e somente no dia seguinte o COT (Comando de Operações Táticas) da Polícia Federal entrou no sítio.
A Polícia Federal teria impedido que outras forças de segurança fizessem a operação. Um outro ponto problemático apontado por investigadores é que um helicóptero acompanhou as viaturas que foram para a região, chamando a atenção e dando a oportunidade para que os bandidos pudessem fugir.
Pessoas que trabalham nas buscas também disseram que durante esse período de buscas houve muita vaidade entre as forças de segurança e havia uma disputa sobre qual força pegaria os fugitivos.
Além disso, nos primeiros dias houve dificuldade de comunicação entre as polícias tendo em vista que os rádios comunicadores não estavam na mesma frequência. Já teve também um caso em que o drone conseguiu captar uma movimentação de um ponto de calor e descarregou durante a operação.
Segundo o especialista em segurança pública Luís Flávio Sapori, a recaptura dos fugitivos é crucial, independentemente do tempo decorrido, devido à periculosidade desses criminosos e para restaurar a confiança no sistema federal.
“Não é um indício de fracasso [a demora de um mês], pois ainda há a probabilidade de capturar. No entanto, à medida que o tempo passa, as chances diminuem, pois o desgaste da tropa aumenta, os recursos se tornam mais onerosos e a capacidade dos foragidos de encontrarem uma saída também cresce. Eu diria que é um sinal amarelo, e fica cada vez mais difícil que isso aconteça”, disse.
Apesar de alguns percalços, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, avaliou nesta quarta-feira (13) a operação como exitosa tendo em vista que os indícios apontam que os fugitivos continuam no perímetro até Baraúna.
O ministro disse que a operação não tem prazo para acabar tendo em vista indícios de que os fugitivos continuam na região.
“É um prazo que estamos considerando razoável [de buscas], inclusive, tendo indícios concretos que eles se encontram dentro desse perímetro. Quando eu quero dizer que a operação foi bem-sucedida, foi no sentido de que conseguimos manter eles dentro desse perímetro. Seria malsucedida, um fracasso relativo, se [eles] tivessem evadido e ido para outro estado”, disse o ministro.
Em sua visita a Mossoró nesta quarta-feira (13), o ministro voltou a falar sobre as dificuldades da operação por conta da região, como cavernas, matas fechadas, presença de animais peçonhentos e chuvas frequentes. Além de ser uma região que tem muita fruta, o que poderia ajudar os fugitivos a se alimentarem.
Além das buscas, destacou que a pasta já fez investimentos para melhorar a estrutura dos presídios, como colocar barras de ferro atrás de luminárias, construção de muralhas, melhoria de videomonitoramento e investimento em reconhecimento facial.
O Ministério da Justiça informou que cerca de 500 policiais ainda estão na região, sendo que continuam trabalhando nas buscas PF, PRF (Polícia Rodoviária Federal), Força Nacional, Força Penal, Polícia Militar do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Ceará e Guarda Municipal de Mossoró. Não há data para que a operação termine.
Com informações da Folhapress, por Raquel Lopes
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