A reabertura do laboratório biomolecular de Campo Grande coincide com o lançamento da campanha nacional de doação de órgãos e tecidos, divulgada ontem (27), pelo Ministério da Saúde. O tema da campanha deste ano é “Amor para Superar, Amor para Recomeçar”, com o objetivo de incentivar a discussão do tema dentro das famílias.
O laboratório estava fechado desde o mês de agosto, devido a um impasse em relação ao contrato que envolveu a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) e o governo estadual. Nesse período, conforme noticiado anteriormente pelo O Estado, foram “desperdiçados” 23 órgãos para transplante.
Na época, o motivo para a falta de transplantes é que não havia laboratório em Mato Grosso do Sul que realizasse exames de biologia molecular e histocompatibilidade, procedimentos que verificam a compatibilidade entre doador e receptor por meio da equivalência entre células, tecidos e órgãos.
Segundo dados da OPO (Organização de Procura de Órgãos) da Santa Casa de Campo Grande, no mês de agosto as doações zeraram. Para a coordenadora médica da Organização, Dra. Patrícia Berg Lean, o impacto da falta de serviço é grande: das 10 famílias entrevistadas sobre a possível doação de órgãos, seis delas não autorizaram a doação, devido ao receio da demora da liberação do corpo. Essa demora ocorre pela falta de agilidade nos exames de histocompatibilidade, em que o tempo estimado para o resultado sair de uma clínica de outro estado é de até 72 horas.
No entanto, o problema foi solucionado após a unidade ter sido vendida para o grupo de Goiás e que, segundo a secretaria, já está em funcionamento e com todos os insumos necessários para realização dos exames. O novo laboratório responsável assume, a partir do dia 22 de outubro, a responsabilidade pelo local e o reabastecimento de materiais e insumos para os exames
A campanha
No ano passado, o foco da campanha era estimular a conversa com a família para, através do diálogo e conscientização, aumentar o número de doações e incentivar o gesto. Agora, o ministério mira na importância do conhecimento dos familiares sobre a vontade do indivíduo em doar órgãos e também sensibilizar os familiares para autorizarem a doação. É deles a palavra final.
A legislação brasileira determina que a família deve autorizar a doação de órgãos e, por isso, é importante que a vontade do doador seja conhecida pelos parentes. De acordo com o ministro da Saúde substituto, o Brasil é conhecido por ter o maior programa público de transplantes do mundo. “O Brasil tem suas particularidades. Os familiares precisam reiterar, concordar [com a doação], mesmo que haja a decisão dos próprios indivíduos, mas isso apenas reforça a grandeza das famílias brasileiras e o quanto o programa de doação de órgãos e tecidos precisa ser enaltecido todos os dias”, destaca.
A campanha será veiculada em TV, rádio, mídia exterior em lugares de grande circulação de pessoas, em portais online, além de redes sociais. Atualmente, mais de 59 mil pessoas estão na fila esperando por um órgão. Esse dado contabiliza também as pessoas que esperam por uma córnea. Só em 2022, em média, mais de 45% das famílias não concordaram com a doação.
A realização de transplantes pode ser acessada por toda a população por meio do SUS (Sistema Único de Saúde). Em 2021, foram feitos cerca de 23,5 mil procedimentos, desse total, cerca de 4,8 mil foram transplantes de rim, 2 mil de fígado, 334 de coração e 84 de pulmão. O país tem 633 hospitais de transplantes autorizados.
*com informações da repórter Camila Farias – Jornal O Estado
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