Das telas de MS para o mundo

(Fotos: Reprodução)
(Fotos: Reprodução)

 

Sob comando de Filipi Silveira, produtora Cerrado’s Filmes levou obras regionais para mais de 100 festivais

 

Há quem pense que Mato Grosso do Sul produz pouca arte, ou, quando produz, não há variedade; não poderiam estar mais enganados. A cada dia que passa o Estado exporta cada vez mais arte, e não só para outros estados. Um desses exemplos é a produtora sul-mato-grossense Cerrado’s Filmes, comandada pelo cineasta, roteirista, diretor, produtor e ator Filipi Silveira, que teve seus filmes exibidos em mais de 100 festivais de cinema, levando as produções regionais pelo Brasil e pelo mundo.

Na última semana, o curta-metragem ‘Ano Que Vem Tem Mais’, que contou com Filipi e Marineti Pinheiro na direção, foi selecionado para integrar o ‘Give Me Voice – Internacional Film Festival’, em Miami. A obra dá voz aos artistas e amantes do Carnaval em Campo Grande, e explora a história da festa em sua Era de Ouro, onde até mesmo quem só escutou histórias sente saudade.

Outra obra de Filipi, ‘Retrato do Artista Quando Coisa’, que firma parceria na direção com Larissa Neves, também foi selecionada para integrar o 18º Festiva de Cinema do Vale do Ivinhema’, ‘1º Festival de Cinema de Janaúba’, ‘6º Festissauro’ e o ‘Pantanal Film Fest’, que serão realizados em várias partes do país, levando as palavras de Manoel de Barros de uma maneira diferente.

Em entrevista para o jornal O Estado, Filipi Silveira relata a alegria de ter conseguido levar o cinema regional para mais de 100 festivais.

“Para mim é uma grande alegria, porque mostra que estamos em um bom caminho, porque fazer um filme é muito bom, mas quando ele chega ao público levando não só meu trabalho, mas de todos os envolvidos na pré-produção, produção e finalização é maravilhoso, além do fato dos filmes terem tocados desde lá de 2012 as curadorias, porque antes de chegar ao público sempre existe a análise destes profissionais, se comunicou bem para eles e os tocou de alguma forma, fico muito satisfeito e feliz por estar em um bom caminho levando nossos filmes de MS para o Brasil e pelo Mundo seja como diretor e produtor”.

O ‘Give Me Voice – Internacional Film Festival’ foi o centésimo evento em que a Cerrado’s Filmes esteve exibindo uma de suas obras, e a selecionada foi o curta ‘Ano Que Vem Tem Mais’. Produzido por Filipi e Marineti Pinheiro, a obra conta a história do Carnaval de Campo Grande, mostrando uma festa que deixa histórias de encontros, desencontros, perrengues e muita purpurina e fantasias, no ano que a Capital completou 122 anos.

“Este é um Festival que está nascendo agora e foi o que marcou nossa centésima marca, eu fico muito feliz pela proposta do Festival que é como ele se denomina, dar voz e quando eu e Marineti, juntamente com o Israel Miranda na Produção realizamos este filme, era este o nosso objetivo de dar voz a estes artistas e amantes do Carnaval da era de Ouro, que eu mesmo não vivi, mas ouço histórias até hoje deste capitulo que ocorreu em Campo Grande, com estas pessoas que tem muita saudade daquela época”, disse Filipi.

Feito durante a pandemia da Covid-19, o retrato do Carnaval da Capital Morena revela um pouco sobre a celebração, por meio de um resgate histórico e muita pesquisa.

“O primeiro desafio foi realizar ele durante a pandemia porque os entrevistados eram idosos em uma boa parcela e depois foi montar esta narrativa com material de arquivo para completar e homenagear as pessoas e momentos que são citados, foi um trabalho de um ano e meio, mas valeu a pena, muitos dos que são da família dos baluartes do Carnaval se emocionam com os nossos achados porque mataram um pouco a saudade de seus queridos que já se foram, além dos momentos épicos da época”, relembrou o diretor.

“Retrato do Artista Quando Coisa”

Outro curta do diretor, ‘Retrato do Artista Quando Coisa’, em parceria com Larissa Neves, também participou de diversos festivais. O filme é uma homenagem a um dos trabalhos do poeta Manoel de Barros, de uma forma que explora a urbanidade. Para Filipi, o sucesso do curta é uma surpresa boa.

“Este nosso curta está sendo uma grande surpresa até hoje para mim, porque ele é um dos meus filmes mais curtos e tem viajado bastante. Este filme nasceu sem querer, era para eu ter recitado um poema do Manoel em um evento chamado ‘Pratas da Casa’, da Eva Polvora, aí sugeri de realizar um filme experimental com a poesia do Manoel, mas unindo também um pouco da minha paixão pelas artes cênicas e o cinema levando suas palavras por alguns pontos de Campo Grande. Na época também filmamos na pandemia e isso também nos deram alguns desafios, realizamos com uma equipe bem reduzida, mas eu Larissa Neves, Breitner Dambroz e os envolvidos fizemos este filme de forma brincante como o Poeta homenageado fazia com as palavras”, revelou.

Impactos

Ainda para o diretor, um filme funciona a partir do momento em que ele toca e comunica algo, primeiro para seus curadores e depois para seu público.

“Filmes não foram feitos para ficarem guardados e sim para chegar até o público, eu sempre faço filmes também para não serem herméticos, o filme é uma troca de duas vias, nossa e com o público, tento sempre fazer este equilíbrio de deixar autoral, mas que antes de tudo seja uma viagem gratificante para o espectador. Filme não se faz sozinho, quando levamos um filme estamos também transportando o trabalho de vários profissionais, em Mato Grosso do Sul, o cinema ainda é um processo que está em formação e me coloco neste lugar também de um eterno aprendiz do tempo”.

Colaborações

Em ambas as obras citadas na entrevista, o diretor teve parcerias de peso em sua elaboração. Segundo Filipi, esse tipo de união é uma provocação, com oportuniza que os artistas ‘pensem fora da caixa’.

“Marineti Pinheiro tem seu estilo e eu tenho o meu, unir estes dois estilos e trazer este equilíbrio na época foi um desafio, mas era muito boa esta provocação de chegar em nós dois este denominador comum, um filme que alegrasse os dois. Quando ele ficou deste jeito ambos nos emocionamos, porque foi um processo demorado, até por conta da pandemia, eu sou da ficção e ela sempre foi documentarista, logo foi bem bacana e intensa esta parceria”, contou. “Com a Larissa Neves foi leve porque a conheço desde os 13 anos, sou amigo e faço parte hoje da família dela até sendo padrinho de casamento de sua irmã, então temos muita intimidade de irmãos, quando a convidei foi também porque vi o talento dela nestes últimos anos no audiovisual. Fiquei feliz de convidar estas mulheres potentes para trabalhar comigo, sempre gostei de trabalhar com mulheres e é a minha maneira de buscar simbolicamente trazer esta paridade de mulheres e homens no audiovisual. Hoje na minha vida tem duas Produtoras que não desgrudo que é a Rose Borges e Aline Rezende, sou grato e feliz por ter elas e suas famílias em minha vida”, revela Filipi.

Dia Nacional do Documentário Brasileiro

Neste dia sete de agosto é celebrado o Dia Nacional do Documentário Brasileiro, em homenagem ao nascimento do cineasta Olney São Paulo, nome do cinema nacional que foi preso e torturado durante a ditadura militar. Questionado sobre a data, Filipi acredita que já é uma alegria reconhecerem o documentário como cinema.

“Documentário é uma forma potente de trazer memórias, porque enquanto houver memória haverá vida e de também de trazer provocações. Eu sou um diretor de ficção e ‘Ano Que Vem Tem Mais’ foi meu primeiro doc, logo foi bem intensa a experiência porque o processo de pesquisa e depois transformar o material em narrativa é um processo que vai se construindo no caminho, isso pode demorar meses ou anos. Temos uma grande diversidade cultural em Mato Grosso do Sul, muitas histórias e possibilidades, tomara que possamos cada vez mais descobrir histórias potentes”, finalizou o cineasta.

 

Por Carolina Rampi 

 

Acesse as redes sociais do O Estado Online no FacebookInstagram

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *