Cyberbullying: Especialista aponta principais cuidados para uma infância e adolescência conectada e segura

Isac Nobrega/PR
Isac Nobrega/PR

[Texto: Bruna Marques: Caderno Viver Bem]

Há alguns anos, a conversa sobre sexo era o grande desafio dos responsáveis de crianças e adolescentes. Agora, o cyberbullying e o perigo das redes sociais também entrou na lista de temas indispensáveis. A psicóloga Alice Munguba, especialista do Núcleo Infantojuvenil da Holiste Psiquiatria, alerta que, apesar de a internet ser indispensável, atualmente, o que vai pautar uma relação saudável com o universo on-line começa com uma boa preparação em casa.

“O virtual facilitou a comunicação entre parentes, amigos e até com os próprios pais, mas também abriu a porta para alguns riscos que se potencializam quando não há nenhum tipo de supervisão e orientação, principalmente para responder às situações que ofereçam riscos físicos ou emocionais, como o cyberbullying, tanto para vítimas quanto para agressores. Na internet, alguns assuntos acabam ganhando uma proporção muito maior porque os adolescentes perdem a noção do que é público e privado, por isso a necessidade do olhar de um adulto, filtrando o que é danoso”, esclarece.

O fato, afirma a profissional, é que hoje a educação ganha essa nova proporção: a da orientação sobre o comportamento em sociedade, seja presencial ou virtualmente. Até porque as ferramentas virtuais, apesar de aparentemente instantâneas, são fixas: tudo que é falado fica gravado, ou seja, é um ambiente sério com consequências jurídicas, inclusive. Fora isso, há uma lição importante sobre como a palavra pode ferir o outro, e isso também merece atenção.

Outro ponto é que os jovens estão em vantagem em relação aos mais velhos porque têm mais familiaridade com os aplicativos e jogos, isso pode dificultar o acesso dos responsáveis a determinados conteúdos. No entanto, Alice Munguba preparou algumas dicas para guiar os responsáveis nos principais cuidados para uma infância e adolescência conectada e segura.

*Qual o público que o adolescente se comunica? É importante saber sobre as relações virtuais. São pessoas conhecidas ou desconhecidas? Nos jogos on-line, por exemplo, são os amigos da escola que estão disputando juntos ou não? O cuidado permanece sempre o mesmo, mas essa questão precisa ser levada em consideração, uma vez que o jovem pode receber mensagens indesejadas e precisa saber como lidar com isso, contando para os responsáveis, por exemplo.

Qual o conteúdo dessa comunicação? Será que nos grupos e ambientes virtuais que esta criança ou adolescente participa, as mensagens estão conforme a educação que os responsáveis desejam transmitir, ou será que estão baseadas em uma postura agressiva e violenta?

*Qual o nível de influência que este conteúdo causa? Cada criança é um universo, por isso, muitas já estarão preparadas para reconhecer e se afastar de conteúdos, grupos e perfis que sejam danosos. Contudo, é preciso que os pais se responsabilizem, também, por essa orientação. O despreparo é mais perigoso do que as ferramentas virtuais, em si.

“Ninguém ofereceria uma faca pontiaguda a uma criança sem prepará-la para isso, assim é a internet, uma ferramenta benéfica quando bem utilizada. Principalmente agora, durante as férias escolares, é um bom momento para tratar desse assunto, até porque as crianças passam mais tempo frente às telas. É normal que adolescentes, por medo ou vergonha, busquem resolver qualquer situação de desconforto sozinhos, recorrendo aos adultos apenas quando o sofrimento é grande. É preciso inverter essa ordem, por meio do contato constante e disponibilidade de escuta”, reforça a especialista.

Além disso, a psicóloga destaca que mudanças de comportamento repentinas, queda no rendimento escolar, tempo demais diante às telas, agressividade, isolamento, são muitos os comportamentos que podem indicar que esta criança ou adolescente está sendo vítima de algum tipo de violência, ou inserida em um ambiente virtual potencialmente nocivo para o seu desenvolvimento emocional. Por isso, é necessário que não haja tabu em buscar um profissional de saúde mental para direcionar estas questões.

FERRAMENTAS DE CONTROLE

Apenas dois em cada dez pais utilizam mecanismos de controle parental disponíveis para monitorar a navegação dos filhos na internet. É o que mostra a pesquisa do Google encomendada à Nielsen, sobre hábitos de crianças e adolescentes na internet e controle parental on-line, divulgada no dia 17 de agosto.

Segundo o levantamento, apenas 17% dos pais utilizam ferramentas on-line de controle, como o Family Link, por exemplo; 49% monitoram ao vivo a utilização e 43% checam o histórico de navegação dos filhos. Bloqueio de conteúdos e de sites é a escolha de 57% e 56% dos pais, respectivamente.

Na pesquisa, o cuidado dos pais é maior entre os que vivem no Norte e Nordeste, onde 63% responderam que supervisionam de perto a ação dos filhos. No Sudeste, a porcentagem é de 59%, no Centro-Oeste, 54% e no Sul, 58%.

O levantamento mostrou também que 78% dos filhos têm celular próprio. Esse número é maior no Sudeste e entre as classes A e B.

Sobre o tempo de exposição às telas, 34% dos pais ouvidos disseram que os filhos ficam entre 1 e 2 horas por dia, 24% responderam 3 horas ou mais, 19% disseram que os filhos usam de 30 minutos a uma hora por dia e 11% responderam 6 horas por dia ou mais.

Entre os 5 e os 8 anos, as crianças se interessam mais por jogos, vídeos e séries e não usam redes sociais nem aplicativos de mensagem. Entre os 9 e os 12, as crianças ainda buscam jogos, mas ampliam sua navegação para realizar pesquisas para as tarefas escolares.

A mudança mais percebida no levantamento está na faixa dos 10 anos, quando as crianças ficam mais autônomas e presentes na internet. É nessa faixa, porém, que começa a cair a supervisão dos pais.

Segundo a pesquisa, o monitoramento dos responsáveis cai significativamente após os 13 anos, em todas as situações avaliadas. É nessa faixa que mais de 70% já incorporam o uso das redes sociais e troca de mensagens em suas atividades on-line.

O acesso à internet é maior em casa (98%) e, quanto mais velhas, maior é o acesso da criança em locais fora da residência. Acesse também: Algodão brasileiro pode alcançar a liderança nas exportações, destaca diretor da Ampasul

Fonte: Folhapress e assessoria de imprensa

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